10 - Elo invisível por Hector

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O meu primeiro contato com o João aconteceu da pior forma possível

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O meu primeiro contato com o João aconteceu da pior forma possível. Em uma bela manhã de setembro, descobrimos que éramos cornos. Uma traição dos nossos ex-namorados converteu aquela situação em uma improvável amizade entre nós.

De amigos que compartilhavam um doloroso segredo, passamos a cúmplices de um drama caótico que a vida estava se tornando. João, com seus olhos expressivos e uma complexidade que transcendia qualquer explicação fácil, se tornou um mistério que eu estava adorando decifrar.

Nos últimos dias, tivemos altos e baixos. Risos compartilhados em momentos de descontração, mas também silêncios pesados quando o assunto adoção voltava para nos assombrar. Fora isso, ainda tinha o ex-namorado dele, o tal de Mauro, que continuava uma presença incômoda, sempre por meio de uma mensagem ou ligação.

Toda noite, eu pegava o João na faculdade. Eu queria mantê-lo seguro, apesar do meu amigo não precisar de nenhum tipo de proteção. Na verdade, ele se mostrou mais forte do que eu imaginava. Naquela terça-feira, o apanhei mais cedo, então decidimos ir ao cinema.

Escolhemos um filme sobre robôs que lutavam contra fantasmas de princesas. Acho que Hollywood já foi mais criativa em seus roteiros e propostas de longa-metragens. Apesar da produção duvidosa, era bom ver o João imerso em outra atividade. Sua família vem sofrendo bastante com a questão da adoção e o futuro encontro com a família Telles.

Aproveitamos o escurinho do cinema para uns amassos. Eu estava ficando viciado na boca dele. Infelizmente, o beijo acabou sendo atrapalhado por uma ligação de número desconhecido, mais conhecido como Mauro.


— Eu acho que você deveria mudar de número. — soltei, com certeza deixando o ciúme transbordar de mim.


— Não, uma hora ele para. Eu criei uma conta para seguir o Mauro. — confessou João, deixando a pipoca de lado.


— Você acha isso saudável? — questionei, cruzando os braços.


— Sei lá. Eu sinto falta dele. Na escola, o Mauro era o único garoto que falava comigo. — João me revelou.


— Desculpa por isso, João.


— Existem pessoas ricas legais. Você é legal comigo. Desde o primeiro dia. — ele soltou. Tenho quase certeza que o meu rosto ficou vermelho.


— Eu não sou bem rico, apenas tenho o suficiente. Isso graças ao seu av...


Puta merda. Puta merda. Falei besteira. E agora? Calma. Respira, Hector. Tenho certeza que o João não ouviu a frase toda. Como eu posso reverter esse comentário? Por favor, que um incêndio comece agora, que um apocalipse zumbi nos faça pensar em sobreviver, mas que o João esqueça esse comentário infeliz.

— Calma, Hector. — ele pediu, tocando no meu braço. — O meu avô te ajudou? — eu assenti positivamente. — Tudo bem. Realmente, a família Telles não parece de todo mal.

Tinha que ser vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora