Como caiu o chapéu

274 14 10
                                    

Bem, parando para pensar eu sempre dei sinais mesmo que muitas vezes eu sempre reprimi isso mesmo jovem.
Quando eu era criança eu gostava de coisas mais masculinas,coisas do tipo brincar com carrinho, assistir Tarzan ao invés de bela e a fera,querer ser o pai ou o irmão ao invés da mãe ou irmã quando brincava de casinha...essas coisas. E eu não gostava nem um pouco quando falavam para eu ser a "mocinha" das brincadeiras.

Eu entendia que era estranho e então desde muito pequeno eu tentava esconder (mesmo muitas vezes falhando já que era só uma criança).
Eu tinha medo dos adultos responsáveis por mim, incluindo meus pais brigarem comigo. Já que eu já era meio que chamado de esquisito na escola. Eu era chamado de esquisito porque eu era uma garotinha que sempre de alguma forma queria se enturmar e chamar atenção. Era uma criança birrenta por atenção....da pra ter ideia de como era chato...
Mas eu meio que tento passar pano nessa minha versão do passado devido as constantes brigas em casa...

Pulando um pouco para frente,quando fiz meus doze anos eu estava ja em uma fase que muitos chamariam de emo haha. Eu usava roupa preta porque a cor diminuiu o volume dos seios mesmo que eu naturalmente tivesse pouco,mesmo sendo pouco volume eu detestava e ainda não gosto muito. Eu também usava bastante touca pra esconder o cabelo e então dá para imaginar a raiva que meus pais passavam por eu andar meio que parecendo drogado. Eu estava em uma fase meio...."por que eu não posso ser uma garota normal?!" E junto com essa pergunta eu tinha as crises e desentendimento familiares dentro de casa.

Eu conversava bastante com meu primo na época e então através dele eu descobri oque era ser transgênero.⚧️
Eu queria saber mais e então pedi a parte dele e parte eu mesmo procurei saber,então eu descobri que eu não era uma garota e que eu não era estranha...eu só era trans,eu rapaz trans.
Bem,não vou mentir e dizer que depois de me descobrir meu mundo virou purpurina porque não virou. Na realidade eu diria que aliviou,mas também complicou um pouco mais.
Eu tentava ser um pouco mais masculino e mostrar que eu era um cara,eu queria sair da gaiola que por muito tempo eu não enxergava. Mas eu não podia e eu não reconhecia isso.
Mas eu não precisava me fechar para o mundo todo,eu contei aos meus colegas e algumas pessoas da sala,e até para uns professores. Conforme fui mudando de sala eu fazia o mesmo e já me apresentava no masculino até.

14/15 anos eu falei pra minha mãe e nessa ela não aceitou muito bem,mas conforme fui sendo mais...mais "eu",as coisas não deram certo, principalmente quando a diretora chamou meus pais pra conversar sobre eu estar me colocando em uma postura masculina.

Hoje tenho 15 anos já faltando uns meses para 16 e sou um cara na rua e estou aprendendo a fingir melhor dentro de casa,mas olha...parece ruim precisar fingir,mas entendam que é difícil para sua família descobrir "do nada" que a garotinha ou o garotinho que eles conhecem desde que nasceu não é essa pessoa...
Não estou dizendo pra se esconder para o resto da vida,mas no meu caso eu meio que sou obrigado.
Talvez com vocês sejam diferente, vocês sabem o melhor para vocês e suas famílias. Só lembrem que é tudo novo para ambos e não precisam ter pressa e medo. Tem quem te apoiam e tem como resolver as coisas.

Você é válido! ⚧️ ⃤

Diário trans Boy🐏⃤☁ Onde histórias criam vida. Descubra agora