2 - Jantar

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-Vocês aí!! de pé, costas para mim!! - Falou um carcereiro mal-humorado entrando no corredor de celas.

- Deixa eu adivinhar, Sopa!! - brincou Nthanda.

- Vocês aí, silêncio! - gritou o carcereiro, mas sua voz tremia ligeiramente.
Ele parecia distraído, e Nthanda notou que sua mão direita apertava o cabo do cassetete com força. Algo estava acontecendo, mas ninguém se atreveu a perguntar.

O carcereiro abriu a portinhola que havia na grade de Nthanda, deixou uma tigela de barro com um caldo ralo e meio morno - o que, com boa vontade, poderia ser chamado de sopa. O carcereiro repetiu o processo em todas as celas, e aguardou até todos comerem.

Quando todos terminaram, ele saiu pelo corredor com o carrinho de tigelas e pôde se ouvir o som da tranca do lado de fora do corredor. Quando o carcereiro finalmente saiu, o silêncio foi interrompido apenas pela voz de Nthanda.

- Amigo... tem algo no ar hoje. Não acha?

- Pode ser. Mas que tal continuar a sua história antes que eu me esqueça de como rir?

- Essa sopa tá ficando cada vez mais com cara de água- Comentou Nthanda fitando a porta.

- É verdade. - Respondeu o companheiro na cela ao lado - Mas pelo menos eles ainda dão.

- Se continuar nesse rumo, logo eles não darão mais.

- Que tal continuar a sua história?

- Ah claro! Onde eu parei? - disse ele pensativo. - essa sopa me fez lembrar da quantidade de comida boa que eu comia na feira de Peutan.

O Lutador de PeutanOnde histórias criam vida. Descubra agora