Todo por tí [Intersexual]

3 - Discovery, reputation and desire

LAUREN JAUREGUI

Criada em uma grande e barulhenta família cubana, estar rodeada por pessoas era costumeiro e confortável para mim, sempre tive minha casa lotada de parentes ou amigos em qualquer festa que fizéssemos e com o passar dos anos aquele hábito não ficou para trás. Embora houvessem momentos em que ficar reclusa fosse extremamente necessário para mim, na maioria do tempo gostava de estar rodeada pelas pessoas que considero importantes em minha vida, mesmo que essas pessoas em questão me irritassem com suas piadinhas infantis.

Minha sala estava barulhenta e recheada de risos altos, e mesmo que o motivo para tantas risadas fosse eu mesma, ainda assim gostava daquela energia em meu ambiente. Veronica ria tanto que havia se engasgado com o vinho ao menos duas vezes, enquanto Lucy, sua noiva, permanecia soltando risinhos baixos e contidos mesmo que seu olhar me jogasse uma expressão de desculpas. Lucky e Charles, guitarrista e baixista da banda respectivamente, também riam como se estivessem um stand-up enquanto suas respectivas esposas, Kiera e Jade, tentavam repreendê-los ainda que rissem também. Normani Kordei, minha relações públicas, era a única que me olhava com pena e facilmente era a que mais estava me irritando.

— Acabaram? - questiono após um tempo em silêncio quando eles finalmente diminuem as risadas.

Lucky estava vermelho como um pimentão e haviam até lágrimas em seus olhos. Bastardo.

— Na realidade, acho que vou rir disso toda vez que lembrar, mas por enquanto sim. - Veronica diz risonha após dar um gole generoso na taça de vinho. Reviro os olhos.

— Vocês agem como adolescentes, é bem triste dada a idade de vocês. - resmungo ao me levantar para capturar uma nova garrafa de vinho. — E são péssimos convidados porque além de acabarem com minhas bebidas, ainda riem da anfitriã.

— Não estamos rindo de você e sim da situação. - Lucy argumenta dando de ombros, a olho com uma sobrancelha erguida. — Fazia algum tempo que você não levava um fora.

— Ela não me deu um fora. - abro a quarta ou quinta garrafa de vinho da noite, mais risinhos preenchem a sala e eu apenas reviro os olhos. — Ok, talvez ela tenha dado. - resmungo ao encher minha própria taça. — Mas de qualquer forma, está tudo bem, não é como se eu nunca tivesse um recebido um fora antes.

— De uma pivete do pop não, acredito eu. - Lucky diz risonho ao estender a taça em minha direção. — Será que ela não sabe sobre o rito de passagem?

Aquele comentário, mesmo soando brincalhão e sem qualquer vestígio de maldade, me atinge mais do que eu gostaria. Com um pequeno sorriso forçado encho a taça dele e de Veronica, evitando olhá-los.

— Ou talvez ela realmente esteja com a agenda cheia. - é Lucy quem quebra o clima tenso que se instala, sua voz cheia de esperança. A olho e esboço um sorrisinho, Verônica era sortuda por achar uma mulher tão good vibes como ela.

Normani muda o assunto antes que o prolonguemos ainda mais e começa a falar sobre os projetos iniciais da nova turnê da banda, enquanto ela atualizava o pessoal do assunto que já tínhamos conversado antes tomei a liberdade de checar meu caderno de composições, sempre odiei toda a logística que envolvia minha carreira musical e era extremamente grata por ter pessoas responsáveis por essa parte, mais grata ainda por ser pessoas de minha confiança. Então na maioria do tempo enquanto os outros se preocupavam com qual estádio tinha a melhor acústica e quantos dias eram necessários para descanso entre os shows, eu apenas me concentrava na música e a magia da composição.

Algumas horas depois e nossa pequena reunião informal foi dada como encerrada, Lucky e Kiera foram os primeiros a irem embora, sendo seguidos por Charles e Jade vinte minutos depois, Veronica e Lucy ainda permaneceram por um tempo mas foram embora assim que Lucy deixou mais explícito do que imaginava a forma como queria terminar a noite. No final restou apenas Normani e eu, como sempre, e estávamos mais relaxadas por conta das inúmeras taças de vinho.