prólogo; regras

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Sasuke odiava aquele sabor ferroso, o fazia relembrar das extensas noites de treinamento que beiravam a tortura. Apesar de odiar, as gotas de sangue continuavam a chegar na sua boca, nas suas bochechas e nos seus cabelos.

Sasuke finalizava mais uma de suas missões como o único assassino competente da facção Uchiha, de acordo com o próprio chefe, seu pai.

— Se fosse uma arma, eu não teria que lavar o cabelo de novo — resmungou, como raramente fazia.

Sasuke nunca reclamava das exigências que Fugaku determinava, na realidade, Sasuke falava pouquíssimas vezes. Porém, ele achava um pouco demais ter que matar todos os cinco membros de uma pobre família com pauladas. Ele se sentia mais à vontade com pistolas e facas, eram assassinatos mais práticos e menos trabalhosos.

Bufou pela última vez ao constatar que a última criança estava morta quando conferiu os batimentos inexistentes no pescoço, uma das únicas parte do pequeno corpo que não estava desfigurada. Ele caminhava lentamente até a porta da casa quando a mesma foi aberta, não por ele.

— Eu sabia! Você é um desgraçado, como pode fazer isso com crianças? E daí se o pai tinha roubado um pouco das toneladas de cocaína que vocês produzem? As crianças não tinham nada a ver — a figura esbravejou, tremendo de ódio a mão que segurava uma enorme faca.

Era um homem, mais velho, deveria estar na casa dos quarenta. Sasuke observou rapidamente, a expressão determinada do homem o fez suspirar. Sacou da cintura sua arma de estimação, uma Glock 19 com suas iniciais entalhadas em vermelho, e então atirou.

Sasuke revirou os olhos, havia quebrado duas regras:

1. Usar SOMENTE a arma estipulada pelo comandante;
2. Não matar nenhuma pessoa a mais ou a menos do que o pedido no contrato.

Agora além de lavar o cabelo novamente ele teria que desovar um corpo em um lugar que ele não conhecia bem. Aquela execução estava sendo mais estressante do que ele esperava.

Colocou o corpo inerte nos ombros, vestiu a tão famigerada máscara com o símbolo Uchiha e saiu da casa despretensiosamente, com passos calmos e silenciosos.

Por sorte, depois de alguns quilômetros dirigindo, Sasuke encontrou um pequeno rio onde desovou o cadáver. Agora era só ir para a mansão Uchiha, receber seu pagamento, tomar uma dose exorbitante de remédios e ir dormir. Como fazia todo santo dia.

Sasuke estalou a língua quando lembrou que faltava um elemento novo na sua enfadonha rotina: o castigo que receberia por descumprir não só uma, mas duas regras.

O moreno começou a ponderar, ele era uma referência dentro da facção, filho do chefe e o único membro dos Uchihas que nunca tinha cometido um erro sequer. Definitivamente seu pai seria misericordioso.

Bom, Fugaku Uchiha não foi misericordioso.

— Você é uma referência dentro da nossa família, filho do chefe e nunca cometeu um erro. Agora que está recebendo melhor acha que pode fazer o que bem entender? Melhor cortar suas asinhas antes que você acabe como o seu irmão. Três meses com o Orochimaru, vai ficar como segurança lá. Não quero que chegue perto da mansão durante esse tempo e se eu souber que você aprontou qualquer coisinha pode ter certeza que você volta para o porão.

Sasuke ficou em silêncio, ao contrário de Obito que ria no volume máximo uma caixa de som. Sasuke errou quando achou que seu pai seria brando na punição, entretanto não esperava que ele fosse tão severo. Sasuke ansiou por menos frequência nos assassinatos, talvez um desconto nos pagamentos, mas nunca imaginou ser mandado para o prostíbulo sustentado pela facção, com direito a uma ameaça de rebaixamento como brinde.

— Pelo menos vai tirar as teias de aranha desse seu pau mixuruca — Obito zombou e logo em seguida caiu na gargalhada.

— Já fez o carregamento, Obito? — Fugaku questionou e o primo de Sasuke acenou com a cabeça. — Pois bem, então saia daqui.

— Tchauzinho, tio.

Obito mandou beijinhos voadores para os dois antes de sair da enorme sala de estar.

— Amanhã de manhã o Sai vai levar um caminhão para o Orochimaru, você vai com ele.

Sina | NarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora