cinco; vigia, velório

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O burburinho na sexta-feira começou cedo. A convivência parecia frágil, como um elástico esticado até o limite, prestes a estourar. Sasuke havia ganhado observadores raivosos que acompanhavam todos os seus passos, por mais diminutos que fossem, apenas aguardando por um deslize para usarem de pretexto para o devorarem. Talvez os funcionários somente reviravam os olhos quando ele passava, mas Sasuke se sentia como uma presa. Uma zebra rodeada por leões famintos.

Ninguém sequer permanecia por muito tempo quando ele estava por perto. Por isso ele tomava seu café amargo — tanto quanto sua vida — sozinho. Passou vinte e três anos comendo sozinho, no entanto desde que aprendeu que as refeições poderiam ser barulhentas e alegres, percebeu que gostava de estar acompanhado no desjejum, mesmo que ele apenas escutasse as conversas, sem participar.

— Sozinho de novo?

Shikamaru adentrou o pequeno cômodo e Sasuke viu um lampejo de pena no semblante do Nara.

— Não mais — disse enquanto lavava a xícara que havia usado anteriormente.

— Não tenho interesse nenhum em atrapalhar a sua estimada solitude, vim apenas avisar que o Orochimaru está te chamando — o Nara atestou, irônico.

— Você sabe o motivo? — Sasuke encarou Shikamaru, atingido pela curiosidade.

— Não sei, mas o Naruto também foi chamado.

O Uchiha balançou a cabeça em concordância e rumou para o andar superior, deixando para trás um Shikamaru conformado. Ao chegar no pequeno gabinete do cafetão, sequer bateu na porta, apenas entrou, encontrando Naruto, Orochimaru e um rapaz com triângulos vermelhos nas bochechas.

— Bom dia, Sasuke — saudou Orochimaru, sorrindo.

— Bom dia — respondeu, ligeiramente envergonhado.

Sasuke se sentou na cadeira restante em frente a mesa do chefe, ao lado do homem desconhecido.

— Agora que os três estão aqui, posso começar a falar. Daqui dois dias, no domingo, terei que comparecer em um velório. Porém, Hidan enviou o Naruto como um presente para os Sabaku neste final de semana. — Sasuke bufou. — Normalmente, sou eu ou o Kabuto quem acompanha vocês nessas saídas, só que como eu vou ter o compromisso, Kabuto quem vai ficar administrando a Sina no meu lugar. Por isso quero que você acompanhe a Kyuubi, tudo bem por você, Sasuke? — perguntou o mais velho, se virando para encarar o segurança.

O Uchiha acenou, corcordando e o sorriso de Orochimaru alargou.

— Uma morte agendada? — perguntou o homem ao lado de Sasuke.

O sorriso de Orochimaru vacilou. Pela primeira vez na vida, o Uchiha presenciou o acontecimento.

— Exatamente, Kiba. E já que você é o futuro substituto de Sasuke quando o castigo dele acabar, — os olhos de Naruto foram de encontro aos de Sasuke, eles relembraram que a passagem do Uchiha na Sina era temporária. — já pode começar a se adaptar como segurança e vigia.

— E eu terei algum desconto como funcionário? — Kiba cruzou os braços e abriu a boca num brilhante sorriso, exibindo os caninos avantajados.

— Só se você conseguir um horário na agenda dos meus meninos.

Orochimaru bateu os dedos na mesa, ansioso.

— Duvido muito. No final de semana nossa agenda é mais cheia que transporte público em horário de pico — brincou o loiro, finalmente entrando na conversa.

— Realmente. — O cafetão olhou para os três demoradamente. — Agora que estão todos cientes e de acordo com a nossa agenda, podem ir. Sasuke e Naruto já arrumem a mala, preciso que saiam daqui às duas para estarem lá às três.

— Beleza, Orochi — Naruto levantou e saiu, sem despedidas. Sasuke fez o mesmo.

— Quero saber quem vai morrer — murmurou Kiba, após os dois deixarem o local.

— Eu também — declarou Orochimaru, encarando fixamente a porta por onde Sasuke e Naruto saíram.

Sina | NarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora