Sina | Narusasu

três; dez anos

Sasuke estava postado na entrada do bar com sua Glock no coldre da coxa, mesmo sendo terça-feira, meio-dia. Todos os funcionários estavam animados e havia até uma dupla de cantores tocando no pequeno palco que ali existia. A Sina estava completamente dez anos desde sua inauguração oficial.

Diferentemente dos outros dias no mesmo horário, a casa estava lotada. Todas as mesas do salão estavam preenchidas, por membros da facção e moradores da região. Pelo que Sasuke escutou, as comidas e bebidas do cardápio ganharam cinquenta por cento de desconto devida a comemoração.

Todos sorriam e dançavam alegres, porém Sasuke apenas conseguia pensar nos relatos de Naruto acerca daquele mesmo local. O bar que agora era usado para celebrar um marco antes fora palco de cenas de horror.

— É engraçado pensar que estamos comemorando a desgraça deles. Fazem dez anos que os funcionários daqui sofrem nas mãos de vocês, Uchihas. Dez anos que esses meninos são obrigados a morar aqui e tratados como escravos sexuais. Dez anos que eles viram dependentes químicos para tentar esquecer o quão deplorável é a posição em que eles foram forçados a assumir, por culpa de vocês. Mas pelo menos a cerveja tá na metade do preço. — Um cliente parou ao lado de Sasuke, que o olhou horrorizado.

Era um senhor, cujo havia acabado de entrar. Seu cabelo grisalho era longo e suas vestes vermelhas, usava uma longa bengala para se locomover. Uma mulher o acompanhava, ambos carregavam um semblante gentil.

— O que é isso, Sasuke? Fugaku não te deu educação? — O homem o cutucou, sorrindo.

— Como você sabe?

— O colar, filho.

Sasuke olhou para baixo e notou a corrente com um pequeno pingente do símbolo Uchiha, Sasuke nunca a tirou desde que ganhou de seu tutor como prêmio após seu primeiro assassinato. O acessório que anteriormente Sasuke carregava no peito com tanto orgulho, agora parecia mais como uma coleira.

— Você também é igualzinho ao outro menino. Vocês dois são muito parecidos com a Mikoto, fazem anos, não? Que ela se foi... Acho que se ela estivesse aqui o rumo das coisas seria muito diferente.

Sasuke engoliu em seco. Aquele estranho sabia demais sobre ele, sabia sobre coisas que Sasuke até evitava pensar. A menção da morte da mãe doeu, mais do que qualquer sessão de treinamento com Fugaku e Hidan. O coração de Sasuke se contorceu quando tentou lembrar do rosto de Mikoto e apenas um borrão formou-se em seu cérebro. Sasuke havia esquecido o rosto da mãe, também a voz, os trejeitos e tudo relacionado à ela. Sasuke não recordava nada sobre Mikoto e com Itachi não era diferente.

— Chega, Jiraiya. O menino está transtornado. — A mulher loira cutucou Jiraiya e lhe lançou um olhar recriminatório.

— Certo, Tsuna. Desculpa, Sasuke.

— Ele já está começando a caducar, perdoe esse velho idiota, Sasuke.

Sasuke se contentou em acenar a cabeça positivamente e viu o casal se afastar após isso. O Uchiha foi até a cozinha do bar, bebeu água para se recompor e logo voltou para o seu posto.

Muitas pessoas passavam por ele na porta, entrando em saindo, porém Sasuke não se importava pois mantinha-se focado em uma única coisa: Naruto dançando feliz perto do palco. Os cabelos loiros grudadavam na testa bronzeada por conta do suor e os olhos azuis emitiam um brilho prazeroso. Naruto comemorava sua desgraça com satisfação e apesar da bela visão, Sasuke ficou triste por isso.

O dia seguiu e Sasuke permaneceu em seu posto, alternando entre observar a festança do lado de dentro e o silêncio do lado de fora. Pouco antes da noite tomar o céu por completo, um carro de luxo estacionou na vaga atrás do Uchiha. Fugaku, Hidan, Obito e Sai desceram do veículo. Sasuke bufou, tudo que ele menos queria era ter que encarar as quatro maiores figuras da facção.