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Mais alguns dias tinham se passado e Wangji já estava um pouco mais habituado com o local onde ele vivia. E conforme Wuxian lhe assegurou, ninguém mais tentou nada contra ele.

O Lan já tinha entendido o funcionamento do lugar e recebeu a tarefa de limpar os corredores e banheiros. Então quando não estava na sua cela, lele estava ou na academia improvisada que existia ali ou cumprindo suas obrigações de limpeza.

Wei Wuxian não tinha tentado nenhum tipo de contato após o acordo, o que de certa forma era um alívio para Wangji, embora ele sempre notasse o preso olhando para ele quando dividiam o mesmo ambiente.

Zixuan e Wangji tinham desenvolvido uma amizade e o Lan percebeu o quão solitário o outro era, afinal Wangji era o único com quem o Jin falava.

Naquele dia em particular, Wangji sentia-se triste e deprimido. Era o aniversário do seu irmão e ele não poderia sequer entrar em contato com Xichen. Ele não tinha dinheiro para comprar um cartão para realizar ligações clandestinamente e sua solicitação junto a diretoria daquele lugar não havia sido processada ainda.

Wuxian percebeu o quão estranho ele estava. Wangji não havia tocado no café da manhã, nem no almoço e o Patriarca o viu perambulando pelos corredores sozinho, sem Zixuan.

Inquieto e preocupado, quando estavam no pátio, Wei Wuxian procurou o Jin e quando o encontrou, foi até ele com um grande sorriso no rosto.

"Pavão, bom dia! Como você está, querido? Onde está o Zhan Zhan e por que vocês brigaram?"

"O que?" Zixuan não tinha entendido, então Wuxian sentou-se do seu lado na pequena arquibancada de concreto olhando para ele com expectativa. "Eu e Wangji não brigamos. Ele só está estranho hoje. Ele não quis comer, ele não quis conversar. Ele não quis vir ao pátio. Eu não sei o que houve."

"Entendo... Bom, acho que eu mesmo terei que descobrir, não é? Obrigado Zixuan, sempre muito útil. Não pense que me esquecerei disso." E dando um tapinha na perna do outro, o Patriarca saiu em busca de um certo novato.

§

Sentado em sua cama com uma foto de sua família nas mãos, Wangji chorava o mais silenciosamente que conseguia.

Ele sentia tanto a falta da sua família! Sentia falta do seu coelho. Da vida que tinha, dos seus amigos.

Como a vida dele tinha acabado daquele jeito? Como ele poderia viver todos os dias com medo de não acordar no dia seguinte?

Temendo que alguém o visse, o novato deitou-se de lado ficando de frente para a parede. Ninguém o veria chorar naquele lugar.

"Quem fez o quê para você estar assim?"

Wangji escutou uma voz dentro da sua cela e sequer se deu ao trabalho de virar-se.

Ele sabia quem era.

"Me deixa em paz." Tentando fazer com que Wuxian fosse embora, Wangji murmurou e fechou os olhos continuando naquela mesma posição.

Sem pensar muito, Wei Wuxian subiu na cama e sentou-se ao lado do outro com suas costas apoiadas na parede. "Você sabe que eu posso resolver qualquer coisa nesse lugar, não sabe? Me diga o que você tem Lan Zhan. Eu quero ajudar."

"Você quer ajudar ou quer que eu te deva mais algum favor?"

Com um suspiro exarado, o outro detento respondeu emburrado. "Zhan Zhaaan, eu pedi a sua ajuda, mais como uma medida desesperada do que como um acerto de contas. Eu realmente quero te ajudar, me diga o que está errado, por favor." Sussurrando a última parte, Wuxian deitou-se de lado tendo as costas do garoto próximo ao seu corpo, sem tocar nele, no entanto.

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