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O café da manhã naquele dia tinha acontecido da forma mais estranha possível.

Todos os presos e guardas olhavam para Wei Wuxian e a mesa onde todos estavam, incluindo Lan Wangji e Jin Zixuan que se sentiam amedrontados. Aparentemente todos já sabiam o que tinha acontecido e como o Patriarca continuava no poder de tudo.

Já Wuxian estava adorando toda aquela atenção e algumas vezes ele chegava até a acenar para quem mantinha os olhares mais insistentes sobre eles.

Wangji acreditava que seria um pesadelo ser transferido para a cela de Wuxian. Mas na verdade todos os detentos ali o deixavam em paz, até Jiang Cheng que apenas o olhava feio algumas vezes, mas não lhe dirigia a palavra.

Wuxian também continuava sem tentar forçar alguma aproximação ou conversa, se limitando apenas a perguntar se ele tinha dormido bem, se ele estava se alimentando direito, se alguém da prisão o tinha provocado ou se ele precisava de algo.

Mas claro, secretamente o Patriarca esperava ansioso, desejando que seu Lan Zhan viesse conversar com ele por livre e espontânea vontade.

Inclusive, algumas coisas curiosas começaram a acontecer nos dias que se seguiram após a transferência.

Quase todos os dias algo diferente aparecia na cama de Wangji.

Na primeira vez ele tinha encontrado seu shampoo e condicionador preferidos. A princípio ele não queria aceitar, mas ele tinha que admitir que poder usar o que gostava e não aquilo que a prisão oferecia era tentador então ficou com eles.

Depois, alguns livros que Wangji gostava também surgiram. Ele já tinha frequentado a biblioteca da prisão e ficou desanimado por não encontrar nada do seu gosto. Wangji lembrava de ter comentado isso brevemente com Zixuan uma noite em que estavam deitados.

Em outro dia, ele encontrou algumas fotos da sua família. Ele ainda não podia receber visitas, mas ver as fotos do seu irmão e tio o atingiu tão fortemente que quando ele deitou, chorou silenciosamente abraçado naquelas recordações.

Depois, ainda com o rosto inchado, ele colou as fotos na parede atrás da cabeceira e quando olhou para a outra beliche, encontrou Wuxian deitado de lado o olhando, com um sorriso carinhoso no rosto e piscando lentamente denunciando o sono.

Claro que Lan Zhan ainda sentia medo dele e de todos ali, era óbvio, mas olhando ele assim tão calmo e sonolento, ele não parecia aquele homem violento e perigoso.

Para Wangji, naquele momento com os cabelos bagunçados e sem qualquer resquício de maquiagem no rosto, ele parecia só... Bonito e fofo.

Claro também que ele sabia quem estava lhe dando aquelas coisas, mas ele não sabia ao certo o que fazer. Ele devia confrontar Wuxian? Devolver tudo? Agradecer e aceitar? Pedir para ser trocado de cela novamente?

Ele tinha em mente que não queria e não se deixaria envolver por todas aquelas coisas que Wuxian fazia e lhe dizia. Wangji não podia se deixar levar pela sensação estranha que tomava conta de si quando o homem se aproximava.

Ele não podia confiar nele.

Não podia confiar em ninguém ali.

Então, em uma noite, junto com alguns dos seus chicletes favoritos, Wangji viu um pequeno coelhinho preto de pelúcia em sua cama.

Seu animal preferido.

Sem notar que estava sendo observado, Wangji sorriu e ficou nostálgico ao olhar com olhos brilhantes para o coelhinho em suas mãos. Aquilo o tinha feito lembrar de Bichen, seu coelho de estimação.

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