Me engasguei com os mil e um xingamentos que travaram em minha garganta diante da fala de Hyunjin. Eu não estava brincando com ele. Graças ao meu silêncio, Hyunjin, de forma despreocupada, aproximou seu rosto do meu, deixando-nos a menos de um palmo de distância.
— Você está bêbado — murmurei, evitando olhá-lo diretamente. Meus dedos estavam contorcidos, puxavam o tecido de minha calça, deixando evidente o meu nervosismo.
— Tomei meros três goles de cerveja, Lee — Hyunjin respondeu-me com o mesmo tom, e, o fato de sua respiração quente embater contra meus lábios evitava meu cérebro de processar o que aquele momento estava sendo — você devia saber que eu tenho alta tolerância a álcool — o advogado afastou-se, de maneira que nossos corpos, que antes estavam quase colados, agora o único contato que tinham era o tocar de nossos ombros.
— Como eu vou saber disso? — indaguei. Arqueei as sobrancelhas e estiquei a coluna. Hyunjin riu.
— No primeiro dia que nos conhecemos, eu tinha inúmeras garrafas de soju na mesa. E estava são e salvo.
Abaixei meu rosto e tornei a olhar para o térreo da casa de Jeongin, cuja parte também estava preenchida por pessoas, famosas ou não, que divertiam-se enquanto bebiam. Enquanto isso, eu estava sentado ao lado de Hyunjin, me sentindo em um interrogatório e pouco aproveitando a festa do Yang.
— Você ainda não me respondeu — Hyunjin disse.
— O que? — porque Hyunjin torceu o nariz, eu soube que ele havia voltado ao tópico dessa conversa — é claro que eu não estou brincando com você. É o contrário.
Hyunjin revirou os olhos ao que aproximou nossos corpos novamente, com orbes que eu não sabia distinguir se exalavam raiva ou tristeza.
— De qualquer forma, não quebre o coração de Jeongin — o Hwang sussurrou.
— Eu já falei que não vou me dar ao luxo de quebrar o coração do Jeongin, você podia parar de... — os orbes de Hyunjin dobraram de tamanho e sua canhota foi direto para minha boca, a tampando e me impedindo de falar. Confuso, cerrei as sobrancelhas e, ao tentar me desvencilhar de si, Hyunjin, com a destra, envolveu minha cintura, puxando-me para o seu lado. Estupefato, com meus batimentos à mil por segundo, e em uma tentativa falha de empurrá-lo para longe, Hyunjin apenas me mandou ficar quieto: — faça silêncio.
— Por que? — respondi, irritadiço.
Foi então que ouvi a voz de Jeongin do outro lado do corredor. Mesmo que o andar de baixo estivesse inundado pela música, o segundo andar abafava não somente o som, mas também os barulhos de casais que fugiram da multidão — o que, no momento, me fazia repensar se eu devia realmente ter aceitado vir aqui com Hyunjin.
— Quando você ia me contar que estava namorando? — Chan questionou ao abrir a porta. Jeongin, que vinha logo atrás, com as mãos nos bolsos, apenas deu de ombros e sorriu.
— Quando fosse a hora.
Chan suspirou.
— Não esconda as coisas de mim, Jeongin. Eu sou seu amigo.
Diante da última frase do Bang, Jeongin murchou e coçou a lateral da cabeça, mordendo o canto da bochecha em seguida.
— Não é oficial ainda. Eu gosto muito de Felix; durante os últimos anos que trabalhamos juntos, acabamos nos aproximando em um piscar de olhos.
— Mas? — curioso, e por estar vendo tudo de soslaio, decidi inclinar meu corpo para o lado. Porque eu quase caí, Hyunjin me segurou com firmeza com ambos braços, me fazendo olhá-lo. Era como se ele não quisesse que eu visse o que quer que estivesse acontecendo lá dentro.
— Eu tenho que ser honesto com ele — Jeongin continuou, dessa vez com a voz menos acentuada — apesar de gostar muito dele e admirá-lo, eu não posso negar o que ainda sinto por você, Chan. E eu não quero magoar Felix, eu só queria pensar um pouco. Mas eu não esperava que você viesse dessa vez para a festa — ele suspirou — te chamei inúmeras vezes desde que terminamos mas, porque só dessa vez, você veio?
Chan sentou-se na cama.
— Queria conhecer aquele que te faz feliz agora — respondeu o Bang.
Intrigado, girei o pescoço para o lado, falhando miseravelmente em espiar pois, Hyunjin, com a canhota, trouxe meu rosto para o mesmo lugar.
— Para falar a verdade, eu o conheci na padaria. Só não esperava ser ele. Quando eu cheguei e vi vocês trocando carícias eu me senti culpado — a voz de Chan pouco a pouco se esvaía — eu não devia ter ido embora, não devia ter te deixado.
— Chan... — Jeongin o chamou, porém foi ignorado.
— Se eu não tivesse ido, ainda estaríamos juntos.
Aquela última frase foi como um projétil perfurando meu coração. Chan e Jeongin ainda se gostavam. Eu era somente um meio-termo entre eles. Ainda que eu não fosse o motivo para eles terem terminado, eu era o motivo pelo qual eles ainda não podiam estar juntos.
— Me solte, Hyunjin — sussurrei.
— Você vai fazer o que? — o advogado questionou.
— Só me solte.
Lenta e gradualmente, Hyunjin assim o fez. Como se eu fosse uma criança travessa, o Hwang continuou me olhando, atento e desconfiado se eu ia fazer ou não algo que merecesse um sermão.
Respirei profundamente e umedeci os lábios antes de, com cuidado, aproximar-me da janela e, consequentemente, entrar outra vez no quarto. Diante da minha ação, ouvi um xingo de Hyunjin, vi os orbes esbugalhados de Jeongin e Chan e apenas sorri ao andar até o Yang. Dei-lhe dois tapinhas carinhosos no ombro direito e disse-lhe:
— Fico feliz em saber que gosta muito de mim, porque eu também gosto muito de você — suspirei e afastei minha mão do tecido de sua jaqueta — mas fico triste em saber que não está com quem você definitivamente deseja.
— F-Felix, você... — sorri novamente.
— Eu não quero que você se prenda a mim por causa de um sentimento bobo comparado ao que você sente por Chan. Então fique com o Bang, vocês formam um belo casal.
Seus olhos encheram-se d'água, apertando meu coração. Eu sabia que Jeongin nunca teve a intenção de me magoar ou me driblar com falácias, ele é puro como uma criança. Ao que a quietude tomou conta do cômodo, preferi deixá-los a sós, sendo seguido por um Hyunjin que insistia em gritar meu nome.
Atravessei o hall, esbarrei em um ou outro convidado para que, finalmente, corresse até onde o carro de Hyunjin estava estacionado.Com a destra puxando minha blusa e a agonia tomando conta de meu peito, deslizei pela lataria da porta do veículo, até que me sentasse na calçada, permitindo-me deixar escapar minhas angústias por meio das lágrimas. O Hwang deu passos cuidadosos até mim, com as mãos nos bolsos e uma expressão pesarosa em seu rosto. O olhei.
— Foi por isso que você tentou me fazer não vir?
— Apesar de Jeongin chamar Chan, nem sempre ele vinha. Mas dessa vez ele veio — suspirou. Hyunjin se agachou ao meu lado, e, relutante, com o indicador da mão esquerda, fez carinho em minha bochecha — entre no carro, eu te deixo em casa.
Assenti.
Ao me levantar, sequei meu rosto e procurei regular minha respiração, tendo os olhos escuros de Hyunjin me percorrendo a todo momento.
— Eu não entendo como você consegue fazer isso comigo — ele sussurrou.
— Isso o que?
— Me fazer questionar minha própria lei do amor.
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a lei do amor | hyunlix
FanfictionHyunjin, além de ser um homem excêntrico, materialista e calculista, é um advogado renomado que trabalha na firma mais reconhecida na Coreia do Sul. O Hwang é do tipo que não acredita em amor, diz ser algo inútil e desnecessário. Porém, esse pensame...