Depois de passar o resto do dia conversando com Hyunjin, na firma, sobre o caso de Seungmin, possíveis saídas e prováveis incriminadores, decidi que, antes de ir para casa, passaria na padaria para comprar doces. Havia acabado por deixar para comprar o presente de Jeongin no dia seguinte, já que Minho poderia ir comigo e, bem, o caso tinha sugado não só as minhas energias, mas também a de Hyunjin.
Eu estava ansioso, isso era notável. E, sempre que fico ansioso, tenho mania de comer doces e conversar aos montes com Minho sobre coisas que, às vezes, não fazem tanto sentido assim. É como se fosse o mundinho mirabolante de Lee Felix e suas preocupações sem sentido.
Como já beirava as dez da noite, apertei o passo pela avenida. Além de fazer frio e ter pouca movimentação na calçada, a maioria dos carros estavam parados, estancados ao solo de tanto esperar que o tráfego intenso reduzisse, mesmo que aos poucos. A padaria ficava à cinco minutos à pé, nada tão longe; por outro lado, se somasse o frio congelando minhas pernas, talvez demorasse mais que o pretendido.
Assim que eu estava virando a esquina da padaria, Minho me enviara uma mensagem dizendo que já havia terminado seu plantão e que iria para o meu apartamento em alguns minutos.
Adentrei na loja e o cheiro doce e ambiente quentinho me fizeram sorrir de alívio.
— Bem-vindo — um rapaz alto, de fios acastanhados, disse ao que me viu entrar. Havia deixado a bandeja com copos de café vazios em cima de uma das mesas e correra até o balcão, um pouco desajeitado — o que deseja, senhor Lee?
Senhor... Lee?
Arqueei a sobrancelha direita, de forma a arrancar uma risada abafada do outro.
— Não ficou muito bom, não é? — ele coçou a nuca, com um certo arrependimento e vergonha — é que eu não sei como chamar uma celebridade — engasguei com o ar.
— Só Felix está ótimo — falei, tentando não parecer idiota só por saber que ele me conhecia — eu venho há tempos nessa padaria e nunca te vi. Você fica só no turno da noite? — questionei, na tentativa de afastar o clima que havia se instaurado ali.
— Sim. É melhor para mim, já que estudo pela manhã e trabalho em outro lugar pela tarde — ah, eu me lembro bem dessa vida. Quando eu queria ser ator, devia fazer múltiplas coisas de uma vez, a agenda era sempre cheia, mal saía com os poucos amigos que possuía na escola. E sempre que ia à uma audição, o pensamento de que eu deveria me esforçar mais para ser o melhor, martelava em minha mente.
Murmurei um "hum" em resposta.
— E então, Felix. O que vai querer? — ele sorriu ameno.
— Dois pedaços desse bolo de chocolate — apoiei o dedo sobre a vitrine de doces, já pensando na minha próxima vítima — três desse — à medida que o atendente ia colocando-os dentro de uma caixinha, eu já apontava para o próximo doce desejado — dois desse e mais dois desse.
Quando o vi sorrir sem mostrar os dentes, inclinei a cabeça um pouco para a direita, curioso. Por não ter disfarçado o interesse, ao me olhar, ele enrubesceu e escondeu o sorriso.
— Desculpe — limpou a garganta — é que uma pessoa que eu gosto muito amava doces também.
Por um momento, e por ser um completo estranho para mim, eu senti que podia pedir um conselho sobre minha situação com Jeongin.
— Se o ex-namorado do seu namorado fosse para a festa de aniversário dele, o que você faria? — indaguei. Surpreso, ele, primeiramente, processou a informação, para só então ponderar em uma resposta.
— Acredito que se o meu namorado realmente gosta de mim, não há motivos para eu me preocupar — o mais alto terminou de embalar os doces e pesou-os, para saber quanto eu devia pagar.
— Mas e se eles tiverem tido um passado que seja difícil de esquecer?
Ele riu abafado.
— Todos nós temos um passado difícil de esquecer com alguém que já gostamos muito, Felix. É inevitável — ele colocou as caixinhas dentro da sacola amarronzada — e, bem, se o namorado está com o atual e não mais com o ex-namorado, é porque ele gosta de quem está com ele agora, não acha? — cocei o queixo, dando-me por vencido. Eu não devia me preocupar com Chan, aquele que é o passado de Jeongin, certo?
— Desculpe a pergunta repentina — murmurei. Ele sorriu, como se dissesse que não tem problema nenhum. Para falar a verdade, acredito que ele tenha que lidar com situações do tipo pelo menos algumas vezes, já que há pessoas tão desnorteadas quanto eu.
Dei-o o dinheiro trocado e, ao que ele me entregou a sacola e agradeceu a minha vinda, decidi perguntar:
— Você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu. É um pouco injusto — rimos.
— Meu nome é Chan. Bang Chan — o acastanhado sorriu.
Chan. O ex-namorado de Jeongin estava bem na minha frente, sorrindo e conversando comigo como se fôssemos conhecidos. Olhando-o por esses olhos, ele se encaixava na descrição que Hyunjin havia me dito pouco antes de começarmos a falar sobre o caso mais cedo.
Pelo visto, não se encontra somente doces na padaria. Encontra-se também seus medos e um passado que me parecia não muito bem resolvido.
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a lei do amor | hyunlix
FanficHyunjin, além de ser um homem excêntrico, materialista e calculista, é um advogado renomado que trabalha na firma mais reconhecida na Coreia do Sul. O Hwang é do tipo que não acredita em amor, diz ser algo inútil e desnecessário. Porém, esse pensame...