00. Prólogo

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A vida de Naruto era miserável

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A vida de Naruto era miserável.

Embora nada satisfatória, se contentava com ela. Não existiam muitas opções para um garoto órfão que nunca conseguiu ser adotado e só pôde sair do orfanato aos dezoito anos. Não conhecia nada do mundo quando foi apresentado a ele, nem sequer sabia como as engrenagens dele funcionavam, então o que poderia ter feito naquela época? Aceitou o primeiro emprego que viu pela frente, foi o que fez. Era isso ou morrer de fome nas ruas da cidade.

Virou o stripper de uma boate ligeiramente famosa da região, local onde o tráfico e a prostituição corriam soltos. Naruto não chegou ao ponto de se prostituir, mesmo tendo oportunidades e sabendo que teria um "salário" melhor. Com péssimos direitos trabalhistas, mas melhor.

Apesar de seu trabalho exigir uma persona totalmente diferente, o rapaz mantinha-se fiel aos próprios princípios e à sua personalidade. Era uma pessoa gentil — às vezes gentil até demais e com pessoas que não mereciam — e, mesmo com as péssimas condições, sempre vivia com um sorriso no rosto. Era preciso ser feliz, ou fingir ser, para enfrentar a tristeza. Nas vezes que deixava ela o consumir, o caos de sua vida apenas piorava.

Naruto tinha motivos para sorrir, também. Alguns, bem poucos, mas tinha. Os livros eram um. Amava ler. Isso o arrastava para fora da realidade pessimista em que vivia e o atraía para lugares novos, nos quais podia emergir e desfrutar alegremente, mesmo quando as histórias eram trágicas. Por mais triste que fosse, a beleza existente nas palavras dela faziam Naruto se deleitar.

Ele não podia dizer que gostava da vida que vivia, tampouco que a achava justa. Se tivesse tido alguma oportunidade, poderia estar vivendo bem melhor. Se seus pais não tivessem morrido em um acidente de carro, ele ao menos teria tido a felicidade de crescer com uma família ao redor. Não sabia como eram ou como seriam — se estivessem vivos — seus pais, mas Naruto mantinha a esperança de que eles eram e seriam boas pessoas. Certamente o amariam muito.

Naruto havia tido uma boa cota de escolhas ruins que fizeram sua vida ir de mal a pior. Os poucos relacionamentos que teve, por exemplo. Todos foram ruins. As relações abusivas que Naruto vivera neles acabaram por marcá-lo profundamente, mas superaria tudo aos poucos. Era uma pessoa forte, não seria algo assim que lhe derrubaria. Ele ainda tinha coisas a realizar. Não sabia quais, apenas que tinha. Nunca tivera um sonho para sonhar e gostaria de ter um, por mais bobo que fosse.

Em última análise, a vida de Naruto era repleta de miséria, mas sabia que poderia ser ainda pior.

— Kurama? Psst, Kurama! — Bateu a porta do pequeno apartamento decadente em que vivia (e sobrevivia) com suavidade assim que ultrapassou a soleira, chamando pelo animalzinho de estimação, sua única companhia e amigo, no momento em que adentrou.

O gatinho trotou até ele preguiçosamente, tendo claramente acabado de despertar de um soninho satisfatório, e roçou em suas pernas cobertas unicamente por um jeans batido antes de se deixar ser pego nas mãos carinhosas de Naruto.

Cruz Ansata | sasunaruOnde histórias criam vida. Descubra agora