10. A flor e o deserto

6.6K 493 1.2K
                                    

A solidão, Naruto refletia, não era tão ruim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A solidão, Naruto refletia, não era tão ruim.

Para começar, a conhecia bem; conviveu com ela por muitos anos e, com o passar do tempo, tentou transformá-la em solitude. Não deu certo quando o fez. Ele não suportava a própria presença e não gostava de estar sozinho consigo mesmo, tendo de escutar nada além do som de sua voz e respiração. No fundo, sempre quis estar rodeado de pessoas que o amassem. Com o passar do tempo, ao dar-se conta de que não seria possível, ele forçou-se a aceitar que a própria presença era a única coisa que teria no final. Nada naquele mundo o amava ou amaria, nem ele mesmo.

Então, se era e para sempre seria assim, a solidão não era tão ruim.

Ele alojou todos os legumes na cesta de palha e ajeitou o cabelo antes de se virar e começar a andar. O vento forte soprou contra seu rosto, agitando os fios que Naruto sabia estarem longos demais. As madeixas tocavam seus calcanhares agora, um reflexo do tempo que passara.

Cinco anos se foram, tal qual Ísis lhe prometera.

Ele havia envelhecido muito pouco, apesar do tempo. Parecia ser mais uma vantagem que aqueles que faziam parte do sistema ABO — como Naruto começou a chamar — possuíam sobre os humanos comuns: eles envelheciam lentamente. Envelhecer um ano não era diferente de envelhecer um dia neste lugar.

Porém, ainda que sua aparência não mudasse, sua mente o fazia. Era engraçado como certos pensamentos se moldavam; como ele olhava para trás e não conseguia acreditar nas próprias ações em determinados momentos.

O tempo, diferente do que pensou e ouviu, não curava.

Teve esperanças de que fizesse. Esteve esperando pelo momento em que finalmente conseguiria seguir em frente e buscar um pouco de felicidade. Ele não veio. Não viria.

Ainda doía.

Cinco anos, e pensava nele todos os dias, todas as horas. Pensar nele com Sakura, amando-a como Naruto o amava, ainda era o que o fazia rasgar a própria garganta com gritos angustiantes e ir dormir de olhos inchados. Pensar no que poderia ter tido com ele se o destino não o odiasse tanto ainda era o que o fazia sentir vontade de partir para um lugar onde não precisasse viver as dores de ser um frágil humano de coração partido.

Às vezes, ele achava injusto. Amava Sasuke como se entregar a ele seu coração estivesse predestinado, mas o coração dele estava predestinado à outra. Não era cômico estar destinado a amar um homem que jamais o amaria?

Naruto pegava-se rindo do destino todas as vezes que o passado lhe vinha à mente. As pessoas não deveriam ter o direito de ser felizes? Por que, então, era como se Naruto não o tivesse?

Doara tudo de si pela felicidade de quem amava e o mínimo que esperava era receber a própria felicidade em troca. Cômico.

Ele empurrou a porta da cabana e adentrou, soltando um leve sorriso ao que Kurama se enroscou em sua perna em saudação. O gatinho demorou um tempo para se desacostumar do luxo que tinham no palácio. O local em que Ísis alojara Naruto nada mais era que um oásis escondido nas profundezas do deserto, longe o suficiente da civilização egípcia. A deusa lançara uma magia de ocultação sobre o oásis, então, mesmo que alguém passasse por ele, não encontraria.

Cruz Ansata | sasunaruOnde histórias criam vida. Descubra agora