A cabeça doía ao ponto dele considerar usar o bracelete e pedir a ajuda de Ísis. O quanto bebera noite passada para se encontrar neste estado?
Um resmungo deixou os lábios levemente pintados de rubro e Naruto pressionou a palma da mão no lado esquerdo da cabeça, uma tentativa falha de amenizar a dor. Não conseguia se lembrar da última vez que tivera uma resseca tão ruim. Não deveria ter bebido tanto vinho; o sabor doce enganava quanto à quantidade de álcool.
— Como te sentes, majestade? — indagou uma serva de onde estava ajoelhada, terminando de ajustar o vestido de cor oliva no corpo da rainha.
— Como se Nut tivesse caído sobre mim — respondeu ele, a mão ainda pressionada no crânio. — Por Bastet...
— Vais melhorar em breve, majestade — garantiu Jahi. — Bebeste muito ontem à noite. Pensamos que não conseguirias levantar essa manhã.
— Quase não o fiz — confessou. — Mas temo que meu marido ficará irritado se eu não cumprir com nosso compromisso.
— Não acho que o Hórus vivo se irritará com vós hoje, majestade... — um dos servos falou com rodeios.
Naruto franziu o cenho e afastou a mão da cabeça, as joias tilintando com o movimento.
— Ora, e por quê?
Os servos entreolharam-se, debatendo se deveriam trazer o assunto à tona.
— Não te lembras do que ocorreu no banquete, Grande Esposo Real?
— Não com clareza. — Pousou o dedo indicador no queixo e inclinou a cabeça para cima ao refletir. — A bebida turvou-me a mente. Fiz algo impróprio?
— Foi apenas... incomum, majestade. — Jahi encolheu os ombros. — Tu e o rei agiram de maneira atípica.
— Atípica?
— Castigue-me por minhas palavras se elas o ofenderem, majestade, mas nunca foste muito próximo do Hórus vivo. Nos banquetes, mal se olhavam. — Jahi ajeitou as alças trançadas do vestido e roubou um olhar para o rosto sereno de Naruto para ter certeza de que podia prosseguir. — Ontem estavam muito... unidos.
— É verdade, Grande Esposo Real — reforçou outro servo. — O Hórus vivo até mesmo ficou mais tempo no banquete dessa vez.
— E ele pessoalmente vos trouxe para os aposentos após o fim do banquete, já que estavas adormecido.
— Entendo — respondeu Naruto, a feição pacífica.
Por dentro, ele gritou escandalosamente.
Se embebedara ao ponto de não lembrar que o faraó ficara próximo a ele no banquete e que ele o trouxe para os aposentos por conta própria; isso era insano. E bom. Insanamente bom. Se ficaram próximos, significava duas coisas: primeira, o interesse do rei nele estava aumentando, considerando que optara por ele no lugar das concubinas. Segunda, Naruto estava conseguindo. A passos de tartaruga, talvez pudesse cumprir o que viera fazer ali. Já ganhara, em partes, a atenção do rei. Se conseguisse ganhar ainda que um pouco da afeição dele, seus planos podiam dar certo. E quando os planos dessem certo, Naruto poderia ser feliz e viver uma vida sem preocupações e angústia.
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Cruz Ansata | sasunaru
FanfictionDetentor de uma vida miserável, Naruto não tem grandes prazeres além dos livros. Sempre gostou dos fantasiosos e clichês, como os que o rei malvado se apaixona pela heroína gentil. Ao se deparar com a história de um faraó apaixonado pela princesa do...