chapter 4

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E assim, eu não pude diferenciar dia da noite, tudo era escuro e úmido, e ninguém trocava uma palavra.
Segui andando com os meus pés descalços, para aquela área de ácido, dessa vez, separado daquele menino, pela repartição de filas.
Me sentei perto dos canteiros verdes, respirando fundo, balançando as mãos para ver se aliviava um pouco da dor, sem sucesso.
Me sentei  ao lado de uma menina de cabelos afros, a pele negra, as vestes estavam desgastadas assim como as minhas.
O silêncio pairava no ar, ninguém ousava falar, o único barulho era a respiração irregular de todos.
Com um suspiro sofrido, meus dedos indo a ‘garganta’ da planta, prendendo um grito, lágrimas escorrendo dos olhos à medida que tirava uma pedrinha verde do núcleo dela,a jogando na sacolinha de couro,uma bolinha do tamanho de uma bolinha de gude,com várias esferas.
Fiz esse mesmo processo cinco vezes, em uma delas, saindo cores diferentes, azul claro, e roxo escuro, puxado ao vermelho.
O sinal de descanso soou pela caverna, todos se levantaram sincronizados, como robôs.
Nós dirigimos a um local úmido, mal iluminado, quente e fedorento.. fazendo duas filas para levar uma refeição, havia mais três entradas, onde outras pessoas saíram de lá, todas, no mesmo estado.
À medida que as pessoas pegavam um pão com aparência velha, eles iam se sentando, e pela primeira vez, eu vi interações de verdade.
Murmúrios e até mesmo risadas enchiam a sala cavernosa, pelo visto tinham  perdido a sanidade mental para rirem em um lugar como aquele.
Eu me sentei em um cantinho, ao lado de um velho,que tentava mordiscar o pão.
–Eu avisei a todos…. — ele disse depois de alguns minutos, a voz empoeirada.
Fiquei receoso, mas mesmo assim perguntei:
–Avisou sobre o que?
–Ah, você está aqui benjamin?
Pisquei algumas vezes, e olhei para o velho, olhando nos olhos brancos, cegos.
—Desculpe senhor, meu nome é Eiran. — respondi, partindo um pedaço de pão, colocando na boca, os dedos doendo com a ação, o gosto do pão era horrível, parecia mofado.
— ah…Eiran, você viu meu netinho benjamin..?
— não senhor…mas…sobre o aviso..
— Que aviso?
De repente, dois daqueles homens esqueletos invadiram o local.
— Eiran Louis, Meery lhe convoca.
O silêncio paira no ar, e eu, com medo, me levanto, e sigo com eles.

𓆩✧✦✧✦𓆪

Depois de um tempo caminhando em um silêncio constrangedor, me deparo com uma porta de uns quatro metros de altura, enorme, me sentia tão pequeno, tão insignificante.
A porta era adornada por detalhes vermelhos, tão luminosos que chegavam a estragar a minha visão.
Abaixei minha cabeça e as portas se abriram, revelando o interior daquele local.
Era enorme,estantes enormes cor-sangue, livros enormes que, no meu ponto de vista, demorariam  séculos para serem lidos, mesmo para o melhor leitor, a maioria dos livros estavam acorrentados, pareciam correntes reforçadas.
Havia uma plataforma redonda, igualmente grande, formando degraus, a mesma cor das estantes, na plataforma, uma mesa igualmente redonda, com livros acima, folhas e uma pena vermelha,enfiada em um tinteiro.
Atrás da mesa, uma cadeira aveludada, na mesma coloração vermelha, ao invés de apenas terminar, onde as pessoas colocariam os pés, um suporte.
Ao invés dele, havia uma curva, onde se encaixava perfeitamente a cauda de cobra, e nessa acomodação, ali estava ela naquela mesma cadeira, relaxando.
Não a percebi de primeira, por mais que tivesse uma grande janela ali atrás, com cortinas vermelhas transparentes, a luz era fraca, deduzi que fosse noite.
— Eiran Louis… — a voz soou grave e tinha um ar de liderança, me fez estremecer — chegue mais perto.
Hesitei, mas logo obedeci, com dor na perna esquerda, pela tornozeleira, chegando mais perto, as portas se fecharam com um estrondo, apenas abaixei a cabeça, nem um pouco pronto para o que viria.

𓆩✧✦✧✦𓆪

Depois de um momento de silêncio, ela finalmente falou:
—sente-se — ela ordenou e eu obedeci. — lhe convoquei para negociar sua liberdade.
Instantaneamente meus olhos se arregalaram,minha respiração engatou,senti minha cabeça rodar, fechei os olhos por um instante, tentando dissipar a tontura que me invadiu de repente.
— trabalhe pra mim, mate, pra mim, e eu lhe concederei sua liberdade dentro de nove anos. — A voz novamente soou grave, estava boquiaberto, não passei muito tempo na masmorra, e nem entendia o que estava acontecendo, mas a ideia de liberdade era tentadora.
— É bem provável que você não confie em mim, nenhum escravo confia no dono, no mestre, afinal, posso te negociar a qualquer momento. — O silêncio pairou no ar.
— O que…o que está acontecendo?
Um suspiro exaustivo saiu dos lábios da mulher cobra, os brincos dourados brilhando no escuro.
— Não sabe o que ocorreu com seu mundo, hum?
— Não.
— leia um pouco, talvez encontre a resposta.
Ela se levantou, a tornozeleira da minha perna, se soltando como se fosse a coisa mais fácil do mundo, ela estava sendo, estranhamente gentil, ela rastejou sobre o piso bonito, incrivelmente polido, a porta se abriu, e fechou com um estrondo, me deixando sozinho.

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⏰ Última atualização: Jan 21 ⏰

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ᴏ ᴀssᴀssɪɴᴏ ᴅᴀ ᴘʀɪɴᴄᴇsᴀ✧ (em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora