chapter 3

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Lentamente, meus olhos se abriram, minha cabeça doía, parecia que estava em uma eterna maldição, meu corpo inteiro estava dolorido, meu corpo, em uma superfície rochosa.
Olhei para cima, e me vi em uma caverna, uma brilhante, cheia de cristais azuis e amarelos, minha cabeça sangrava, me levantei meio tonto, meus pés, acorrentados.
Assim que meus ouvidos pararam de tinir, consegui ouvir gritos, só então percebi, que eu estava em uma cela.
Juntei as forças e tentei mover aquela bola pesada que estava acorrentada junto a corrente de minha perna, com esforço, e quase me arrastando, consegui.
Segurei nas grades, e olhei em volta tinham celas iguais, algumas lotadas, com crianças, senhores de idade e pessoas adultas, todas pareciam traumatizadas.
Preparei para gritar, chamar ajuda, mas logo fui interrompido, por uma criança, que nem a tinha percebido, encolhida no canto.
— Não adianta…gritar não funciona..nada funciona — ele disse, a voz carregada de Mágoa — Eles levaram tudo, tiraram tudo.
O garoto disse, entre lágrimas, os cabelos castanhos ondulados pregados no rosto, não por causa de água, mas por causa de sangue.
O ver naquele estado, me apertou o coração, o ver se encolher, me lembrou de Caia, minutos antes de morrer.
— Eu sinto muito… — foi a única coisa que consegui dizer, antes de me sentar e me encolher no canto.

𓆩✦✧✦✧𓆪

A porta da cela se abriu.
O garoto se encolheu, fazendo o possível para se esconder na escuridão da cela.
Dois homens, esqueléticos, porém levando tacos de beisebol enormes, cheios de pregos, nas costas,a mandíbula exposta e cheia de dentes enormes, cada um parou de um lado da cela, impedindo de sair, eu me encolhi, o medo pulsando nas veias.
Um mulher entrou, uma metade do rosto encantador, cabelos longos e negros, olhos roxos tão brilhantes que se via do escuro,ela tinha a pele meio acinzentada, ele virou o rosto e me encarou, só então percebi, a metade do rosto esquelético, nela não havia tronco, pois, também era feito de ossos, o osso da coluna ia descendo, e nada do sinal das pernas, apenas um rabo de cobra, e só se sabia isso, pois a pele de cobra estava apenas na parte que se arrastava no chão, ela não se preocupava em usar roupas, afinal, não precisava, seu corpo nada revelava, os braços feitos de ossos pretos, ali estavam junto ao corpo.
— leve-os para o andar cinco. — foi tudo que ela disse, e quando saiu, os dois homens, adentraram mais a sala, um dele pegou o garotinho, que estava preso pelos tornozelos, ele retirou aquelas algemas para carregar melhor o garoto, que não se debateu, não teve reação, e outro, me puxou, quebrando a corrente, tentei me defender, em vão, já que, levei outra batida na cabeça,do esqueleto,desmaiando de novo.

𓆩✧✦✧✦𓆪

Acordei de supetão, ao sentir uma ardência na perna direita, gritei de dor ao ser acertado pelo mesmo chicote, imediatamente me sentei, dessa vez estava amarrado pelos pulsos, as algemas mais fortes do que antes, tinha algemas  nas tornozeleiras também, me apertando como se eu fosse um pão.
Olhei para o lado, e lá estava o garoto, a pele dele toda queimada, ele chorava em silêncio, olhando para a mão que tinha perdido a pele de um dos dedos.
Olhei ao redor, não estava mais naquela superfície rochosa, claro, ainda havia pedras, porém cobertas de grama e musgos.
Aqueles homens esqueléticos de mandíbulas expostas, bloqueavam uma passagem, uma que julguei ser a saída, um deles, a cor da pele rosa, estava na minha frente, o mesmo que me acordou com chicotadas.
— mexa-se! Trabalhe seu inútil. — assim, apenas senti aquela bota suja acertar meu rosto, o garoto se encolheu mais uma vez.
—Se aqui eu voltar, e você não estiver trabalhando, acabarei com essa sua vidinha insignificante.
Assim, ele saiu, a voz grave ecoando no local, virei o rosto para o menino, que finalmente falou algo em voz alta.
— É melhor você obedecer…eles são cruéis. — ele falou, a voz falhando ligeiramente, parecia esconder o rosto.
— Por que…por que está escondendo seu rosto? Mostre-me — não consegui conter a curiosidade, o garoto se encolheu de novo.
— Você fala igual a eles.
Senti meus olhos se arregalaram, mas me mantive calmo, caminhei até o garoto, fazendo certo esforço para carregar aquele peso no meu tornozelo.
— Olha, me desculpe, eu só…quero saber o que está acontecendo. — espiei o rosto do garoto, e me vi horrorizado, aquela pele antes lisa, agora estava completamente queimada, um dos olhos, cegos. — o que…
— Trabalhe. É o melhor que você pode fazer.
Assim, o vi enfiar a mão em todo aquele mato.
— Comece pelas mais pequenas, somos inexperientes, vamos devagar.
— você parece saber mais do que eu, por que ainda é inexperiente?
— só sei coisas básicas, que você deveria saber.
Fiquei em silêncio, e deixei ele me guiar, o vi abrir uma planta, uma verde, parecia ter vários dentes.
O segui, e abri uma das plantas, imitei o garoto e enfiei os meus dedos dentro, um grunhido saiu da minha garganta, joguei a planta longe, olhando meus dedos, que foram queimados pelo musgo que havia dentro da planta, lágrimas brotaram aos meus olhos, olhei para o garoto que também chorava, mas os dedos permaneciam ali, logo os retirou com cuidado, trazendo consigo uma bolinha verde clara, parecida com uma pedra preciosa, o dedo dele sangrava, mas parecia não se importar, ele enfiou a pedrinha em um saquinho ao lado, um que percebi estar quase cheio.

𓆩✦✧✦✧𓆪

Quando vi, minhas mãos estavam apenas carne, meu próprio saquinho, cheio.
Estava em uma fila, aquele garoto na minha frente, todos com correntes nos tornozelos, cada um entregava o que tinha conseguido no dia de cabeça baixa, eu fiz o mesmo.
Me levaram para uma cela, o garoto atrás, ainda de cabeça baixa, trancaram a cela, e um prato de comida, que parecia mais uma gororoba, estava em cima de cada coxão, me sentei em silêncio, e comecei a comer, as mãos trêmulas e a dor presente.

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-Nathan}

ᴏ ᴀssᴀssɪɴᴏ ᴅᴀ ᴘʀɪɴᴄᴇsᴀ✧ (em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora