Capítulo Final: Morango e Baunilha

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Um mês, duas semana e seis dias.

Esse é o tempo contado em que pude chamar Kim Seokjin de meu namorado. Nos primeiros dias ainda parecia irreal estar com ele, e todas as vezes que eu lhe roubava alguns beijos atrás do balcão pela manhã ou que nossos olhares se encontravam permanecendo hipnotizados por mais que cinco segundos, nós riamos timidamente um do outro e, sim, pareciamos um casal de adolescentes bobos no primeiro relacionamento. Mas 'pra mim de certa forma era isso.

Acho que já está na hora de falar um pouco mais sobre o que aconteceu a três anos atrás.

Em quatro de dezembro de dois mil e vinte e um. Sim, no aniversário dele. Depois de descobrir sua data de aniversário, consegui criar na minha mente um perfeito cenário das coisas que aconteceriam, junto com os que de fato aconteceram.

Naquela noite, segundo os médicos, cheguei ao hospital com fraturas graves na costela e braços, concussão grau três e outros ferimentos em grau mais leve. Entrada às nove e vinte e sete da noite sem acompanhante no veículo. Acordei quatro dias depois com perda quase total de memória e muitos fios ligados em mim. Na minha frente, a primeira pessoa que vi foi minha mãe, esta que eu não lembrava mas de alguma forma sabia.

Minha percepção sensitiva ficou maior após o acidente, então muitas coisas eu apenas seduzia e as vezes acertava. Para o meu azar, só vim dar ouvidos a sensação ruim que tinha ao lado dela quando já era tarde. Mesmo sendo minha mãe, a senhora Kim não tinha amor por ninguém além dela mesma, e sua obsessão com meu pai e eu era quase doentia. Somente depois da morte do meu pai que resolvi me afastar dela de vez, voltei a morar no apartamento que antes do acidente eu já morava e ao fazer isso descobri algumas coisas sobre mim.

Descobri que gosto de quadros complexos e artefatos de fugura desuniforme, de algum modo eles parecem retratar a desigualdade em que nossa vida é moldada e deformada por aqueles que nos tocam, ou se tornam belas de maneira estranha onde poucos vão saber te desvendar. Descobri também que a vida naquela lugar parecia meio solitária, era grande demais para uma pessoa só e me faz constantemente lembrar que ainda estarei sozinho quando coltar 'pra casa.

Meu closet é cheio de roupas caras e finas, principalmente ternos, mas quando cheguei aqui, eles tinham muitos casacos coloridos, roupas largas e bastante confortáveis. Acho que o Namjoon de três anos atrás não era tão vazio quanto o de dois meses atrás. Ele parecia ser feliz, mas me pergunto como. Ele vivia sozinho, não tinha família e nem amigos.

Pelo menos era isso que eu achava. Até descobrir o Morango&Baunilha. Ele não era sozinho. As peças coloridas em seu guarda roupa eram para quando ia ver o Jin. As roupas largas, para ficar com ele em casa. A felicidade, por estar apaixonado por ele. E mesmo sem ele por perto, aquele Namjoon ainda tinha o Yoongi, um pirralho que vivia junto de si, vagando entre a sua casa e a do Jin. Nos tornamos mais próximos desde aquela noite e percebi que ainda existe uma memória muscular em mim especialmente para aquele baixinho. Bagunçar seus cabelos e lhe apertar o nariz quando faz cara de bravo, e sim, isso o deixa mais bravo ainda, mas sempre acaba sorrindo no fim. Jin me disse que isso era algo que mesmo o eu do passado costumava fazer, e admito, fiquei feliz em saber.

Ao que parece, ninguém do trabalho sabia sobre os dois, para todos de lá eu chegava sem palavras e sem elas eu saía, não dizia nada além do necessário e o único com quem trocava conversas mais triviais era Taehyung. Ele não era tão rude, mas era curto e grosso, era sério e centrado, tinha bosn hábitos alimentares, graças ao Jin, e mesmo sendo assim, ainda era admirado por alguns, mas claramente não era feliz com o que fazia. Diferente de mim, que gosto das jóias que produzimos, gosto de ser gentil com todos, de trocar palavras triviais algumas vezes, de ser gentil e ainda assim focado e comprometido com meu trabalho. É cansativo, as vezes quero correr para longe ou simplesmente dormir um pouco mais, as vezes é intediante, mas isso é sobre a parte burocrática. A confecção das jóias, a produção, os modelos e bels peças são coisas que admiro e que gosto de observar.

Morango e Baunilha - NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora