Bônus: Aliança

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Depois de ter de volta a lembrança de alguns momentos, decidi pensar melhor sobre o assunto e como seguiria dali em diante com toda aquela informação.
No fim, Seokjin não era uma paixão não correspondida, ele era meu namorado. O momento do acidente não se devia ao fato de uma possível declaração comum, era um pedido de casamento.

___ Taehyung eu preciso que você confeccione esse anel 'pra mim ___ lhe entreguei o papel impresso com todas as medidas e o modelo exato da peça junto a escrita que eu precisava que fosse gravada. Eu mesmo havia feito o designer daquele anel, e estava ansioso para entregar ao dono.

___ Que lindo. É uma peça que você quer adicionar a colação? ___ exclamou observando o designer com olhos brilhantes.

___ Não. Esse é um pedido espacial e único. Não estará em nem uma coleção ___ respondi um tanto afobado enquanto ajeitava o terno que não precisava realmente de ajuste, apenas queria aliviar o nervosismo.

___ Foi você mesmo quem fez? Ficou incrível, Namjoon ___ limpei a garganta e ainda que tímido lhe respondi que, "sim", e o mesmo sorriu largo ___ Deveria investir mais nesse talento, se me permite dizer, você é muito bom nisso ___ senti as bochechas queimarem de vergonha e apenas lhe pedi que fizesse com urgência saindo da sua sala em seguida.

No mês seguinte eu me preparei e planejei para que tudo fosse perfeito, marquei com ele em um restaurante de renome com uma bela vista da cidade na cobertura do prédio. Mas devido a uma reunião importante, acabei lavando tempo demais na empresa, tomei banho lá mesmo e me troquei, o que me tomou mais tempo. Quando peguei a rodovia, recebi sua ligação, ele já estava lá a minha espera. Após o seu pedido inocente para me adiantar pois se sentia estranho em meio a tantas pessoas da alta classe, junto a minha ansiedade, me apressei. Eu já andava a toda velocidade permitida, apenas para chegar o mais rápido possível e lhe fazer o tão famigerado pedido de casamento, após aquilo, acabei ultrapassando os limites sem nem perceber.
E infelizmente, eu nunca pude chegar até ele naquela noite.
Ao lembrar e perceber isso, não soube muito bem o que pensar. Jin me escondeu que estávamos juntos, e isso me deixava inseguro, um tanto decepcionado por sua mentira, mas também pensava no quão difícil isso deve ter sido para ele. De mente mais clara e pensamentos coerentes, tirei aquele dia para refletir com lucidez sobre o assunto.

Mandei mensagem para ele dizendo que precisava pensar sobre algo importante e que iria até sua casa na noite do dia seguinte, mesmo preocupado ele concordou. Após isso, tornei a repassar e unir todas as informações que eu tinha.

Quando achei que éramos apenas amigos, perguntei ao Jin o porquê de ter se afastado, e o mesmo confessou que se sentia culpado pelo seu pedido a mim naquela noite, ele foi honesto em dizer isso, e eu sabia que a senhora Kim era a maior culpada, que o fez de fato acreditar que a culpa era sua, mas não achei que essa ferida fosse tão profunda. Borha já conhecia Jin e não como meu amigo mas como meu namorado, o culpava por tudo e nada, o desprezava, e não duvido que sempre que o via lhe lançasse palavras de ódio. Com a culpa que já sentia o esmagando, ouvir tais palavras da Kim devem tê-lo matado por dentro, e no seu momento mais frágil, ele acreditou que aquilo era verdade.
Apesar de tudo e do tempo, ele nunca deixou de me amar, eu sei disso, sinto isso.

Ele não deixou a casa que compramos, não moveu ou retirou de lá nada que era meu, dexou extamente onde estava. Suspeito que até mesmo a cafeteria tenha sido aberta em um local estratégico, apenas para me ver passar todas as manhãs, na esperança que um dia entrasse ali. Imagino a dor e satisfação que ele sentia em poder apenas me observar, sem que eu nunca o notasse. Junto a isso, na sua vitrine, apenas bolos de baunilha e morango residiam, o único bolo que um hater de doces consegue comer e adorar, o bolo que ele fazia especialmente para mim em cada aniversário que comemoramos juntos.
E então, em um belo dia, sem nada na dispensa, o engravatado que sequer lembrava de si, finalmente entra em sua cafeteria, e o confeiteiro, sabendo que o bolo que ele observava na vitrine era seu favorito, ainda que o mesmo não recordasse, apenas lhe entregou uma generosa fatia junto ao seu melhor sorriso.
E mais uma vez, sem saber, aquele engravatado se apaixonou, pelo mesmo homem que um dia amou.

Morango e Baunilha - NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora