Capítulo 19

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Já fazia mais de uma semana que eu havia me demitido, e posso dizer, com toda certeza, que essa foi umas das piores semanas da minha vida

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Já fazia mais de uma semana que eu havia me demitido, e posso dizer, com toda certeza, que essa foi umas das piores semanas da minha vida.

Quando lembro de Luna, meus olhos se enchem de lágrimas, lembrar que ela implorou para eu não abandona-la e mesmo assim eu fui, só me faz pensar o quão covarde e insensível eu sou. Deixei para trás uma das poucas pessoas que eu realmente amo de verdade.

Lembrar que eu poderia ter ficado, me faz sentir mais tristeza que nunca mas sei bem que se isso acontecesse, eu facilmente poderia ser preso por assassinar uma certa pessoa.

Me perco nesses e em outros pensamentos por várias horas da minha noite e do meu dia, mesmo sabendo que não poderia afogar meus pensamentos mais tristes e intrusivos em apenas sorvete, filmes depressivos e comidas nada saudáveis, eu fazia exatamente isso. De repente, a porta de meu quarto se abre e vejo Any acender a luz, completamente sem paciência.

- Que droga Any, apaga isso! - cubro meus olhos com a mãos.

- Calado, Urrea. - ela diz seca e eu suspiro fundo, já sabendo o que vinha pela frente. - Você vai levantar essa sua bunda redondinha e gostosa dessa cama agora mesmo!

- Me deixa, garota! - murmuro, me cobrindo novamente com minha coberta do ben 10. - Me deixa apodrecer nesse quarto até os últimos dias da minha vida!

- Pelo amor de Deus, Urrea! - a de cachos revira os olhos.

- Pili mi di Dius, Irria!

- Eu vou contar até três Noah e você vai sair dessa cama. Um. Dois. Três.

Ao fim da contagem eu nem havia me mexido, nem estava me importando. Era obvio que eu poderia ter dado ouvidos e respeitado a ordem, mas não quis.

Já me disseram que sou teimoso igual um idoso, então talvez eu possa me comportar igual um. Mas esse plano foi embora no segundo em que me assustei com algo gelado na coberta, me fazendo correr para fora da cama.

- Porra, que gelado! - falo em um tom alto, esfregando as mãos, assim que olho para a cama enxarcada de água, me viro para Any puto da vida. - Sério isso, Gabrielly?!

- Eu te avisei, não me escutou por que não quis. - disse dando de ombros, com um sorriso presunçoso entre os lábios.

- Você poderia ao menos ter esquentado a água! - exclamo cruzando os braços.

- Assim você nunca sairia desse quarto, queridinho. - ela pisca e manda um beijo para mim.

- Vai ter volta, ouviu?! - murmuro encarando o colchão completamente encharcado.

- Mal posso esperar! - ouço sua risada debochada e reviro os olhos. - Agora vem, estou fazendo lasanha, e já está quase pronta.

- Eu já vou, preciso limpar sua bagunça, antes. - murmuro debochado, me virando para ela que me encara entediada e apenas assente saindo do quarto em seguida.

- E não esquece de tomar banho, você ficou tanto tempo nesse quarto que criou até as sujeirinhas na bochecha igual o Cascão! - diz do lado de fora do quarto e eu encaro a porta confuso.

- Cas o que?!

- Esquece, anda logo com isso, garoto. Eu to com fome!

Quando digo que estou prestes a ser assassinado pela minha melhor amiga, ninguém acredita.

Encaro aquela grande bagunça com certa preguiça de tentar arrumar,  não tenho ideia de como vou secar esse colchão antes do sol se pôr. Vou dormir no quarto de Any só para provocá-la e fazê-la aprender a nunca mais querer jogar nada em minha cama e principalmente comigo estando nela.

Caminho até o banheiro e tomo um banho demorado, a água quente caindo nos meus ombros dava uma sensação deliciosa, fazia um tempo que eu não sentia isso, já que nessa última semana eu só tomava banho na força do ódio e do calor, sem vontade nenhuma.

Saio do banheiro depois de um longo tempo e volto para o quarto. Visto uma cueca box, um calção qualquer preto, juntamente com uma camisa de mesma cor. Seco meu cabelo com a secadora e deixo ele no estilo bagunçado mesmo, por fim, vou em direção a cozinha, sentindo o cheiro maravilhoso de comida.

- Nossa, que delicia! - murmuro encarando as panelas, a cacheada se assusta com minha chegada mas logo sorri.

- Eu sei que sou, não precisa dizer. - pisca pra mim descaradamente enquanto a encaro, completamente vermelho.

- Eu tava falando da...

- Eu sei seu bobo, só tava flertando com você na cara dura. - sorri mais uma vez me deixando aliviado.

- Idiota. Vamos comer ou não?! - pergunto indo em direção as prateleiras e tirando dois pratos e quatro talheres.

- É pra já, chefia. - ela diz trazendo as panelas para a mesa, faço o mesmo com os pratos e os talheres.

- Pronto para mais uma experiência gustativa incrível?

- Vindo da melhor chefe na cozinha do mundo, é claro que sim.

- Não é pra tanto. - revira os olhos mas sorri sabendo que era verdade. Any cozinha como uma deusa brasileira da culinária.

- É sério, se quiser se demitir daquela empresa eu vou apoiar você abrir um restaurante. Contando é claro, que eu coma de graça quando eu for.

- Nem fodendo, Urrea. Você iria me ajudar com os pratos. - ela me encara séria enquanto sentamos na mesa e começamos a comer.

- Talvez. - murmuro sorrindo. - Em falar na empresa, como estão as coisas lá?

- Você sabe, o de sempre. - da de ombros, levando um pedaço da lasanha para a boca. - O estranho é que não vejo o senhor Beauchamp com tanta frequência.

Beauchamp. Porque esse simples sobrenome me causa tantos arrepios pelo corpo todo, mesmo depois do que aconteceu?!

- Entendi. - murmuro tomando um pouco do suco, Any nota meu comportamento estranho e repentino mas não diz nada por algum tempo.

Ao longo do almoço, o pequeno clima estranho foi logo embora quando começamos a fofocar e falar mal de homem.

Quando já havíamos terminado de comer e estávamos esparramados no sofá, vendo um filme qualquer na TV a cabo, ouvimos a campanhia tocar. Nos encaramos confusos e antes que eu pudesse me levantar para atender, Any o faz primeiro.

Dou de ombros com o ato e volto a minha atenção para o filme. Cerca de trinta segundos depois ela volta com uma expressão estranha no rosto, parecia assustada com algo que viu.

- É pra você, Nô. - murmura em um tom baixo, a encaro confuso e me levanto rapidamente, indo até a porta e me assustando com quem eu vejo parado lá e me encarando tenso.

- O que está fazendo aqui? - pergunto com o coração acelerado e a respiração engatada. O loiro apenas dá um meio sorriso, não deixando de me fitar intensamente por um segundo sequer.

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