O VIZINHO Setembro de 2024

Vou contar como tudo começou, como descobri uma das galáxias perdida em seus olhos.

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Havia apenas um grupo de jovens animadamente em frente à casa, aproveitando a tarde ensolarada. O sol brilhando intensamente no céu azul, e a luz quente iluminando o cenário, criando uma atmosfera vibrante e cheia de vida. Os jovens estão concentrados em sua partida de futebol, correndo de um lado para o outro, rindo e gritando de alegria a cada jogada. A bola rola pelo asfalto quente, enquanto eles demonstram suas habilidades com dribles e passes. O som das risadas e das vozes empolgadas se misturam com o canto dos pássaros, formando uma trilha sonora despreocupada e alegre. É um momento de pura diversão e camaradagem, onde a simplicidade.

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Me chamo Liam Miller, tenho dezessete anos e moro em Kitsilano, um agradável bairro localizado em Vancouver, Canadá. É um lugar muito bom para viver. Costumo jogar futebol com meus amigos e meu irmão na rua. E este dia não foi diferente. Curioso, parei a jogada quando percebi a chegada de dois caminhões de mudança. Eles estacionaram ao lado da minha casa, na casa vizinha.

Nós corremos em direção à calçada em frente à minha casa e ficamos observando. Logo após os caminhões, um Outlander Sport cinza chegou do outro lado da rua e estacionou. Eu tinha certeza de que era esse modelo de carro, porque adoro gravar nomes e meu pai tem um igual.

Do carro saíram dois adultos e três jovens, sendo duas garotas e um garoto. Fiquei observando enquanto eles atravessavam a rua e pararam em frente à casa vizinha. Todos nos olharam e nos cumprimentaram, as meninas sorridentes e meigas acenaram. Minha atenção foi direcionada para o rapaz de cabelos curtos e pretos, que usava piercing na sobrancelha. Seus olhos eram grandes e sua boca estava levemente pressionada para o lado, um gesto que percebi ser de nervosismo. Espere... ele tem um piercing no lábio inferior.

Ele olhou na minha direção e sorriu de forma meiga, mostrando seus dentes um pouco avantajados, parecidos com os de um coelhinho. Sorri de volta e acenei, sentindo meu rosto esquentar. Vi meu irmão, mais velho do que eu, correr até eles e os outros o seguirem e eu fui logo atrás.

— Olá! Devem ser os novos vizinhos, sejam bem-vindos — disse ele, sem parar e nem dar chance para os vizinhos responderem — Me chamo Luan, Luan Kim. Esses são meus amigos; Rafael, Lalisa e Rosé, e este é meu irmão Liam Miller. Ele apontou para cada um enquanto os apresentava. Sorri assim que ele terminou as apresentações.

O fato é que sim! Alguns de nós somos descendentes de coreanos, meu pai é americano, canadense para ser mais exato. Então eu nasci no Canadá e sim! Luan é filho de outro pai, então somos meio-irmãos, uma situação que deixo de lado, pois ele é tudo para mim.

Nossos amigos também são coreanos e suas famílias se mudaram para cá após uma reviravolta entre o futuro de seus próprios pais.

— Perdoa o Luan, ele é a borboleta sociável do grupo — Rafael fala rindo do meu irmão. Rafael é o segundo mais velho do nosso grupo.

Levei meus olhos em direção ao garoto novamente e meu tempo parou. Eu enxerguei neles o preto da escuridão, mas era algo bonito. Ele tem pintinhas brancas nos olhos. Senti meu estômago se revirar e admirei ainda mais, parecia o céu à noite de tão estrelado.

Eu sorri e ele percebeu a minha total atenção em seus olhos e, de repente, virou-se para Luan constrangido. Eu abaixei a minha cabeça, senti-me estranho, mas gostei da sensação, era uma novidade para mim.

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