⚠️ O capítulo a seguir contém cenas sensíveis que podem ser um gatilho para algumas pessoas. Se em algum momento você se sentir desconfortável eu peço para que pare a leitura e aguarde a próxima atualização.
⚠️ A leitura deste ponto fica por sua conta e risco.
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Sophie - Meses antes.
Eu e Charlie estávamos na cozinha de casa finalizando o dever de matemática, embora ele fosse um bom aluno ele não era excelente em todas as matérias, e precisava sempre de uma forcinha para se manter na média e continuar como capitão do time de box. Eu diria que é uma troca de favores, ele me protege – até onde consegue – e o ajudava a não reprovar em nenhuma matéria, já que em modéstia parte tenho muita facilidade com tudo.
Dividíamos o mesmo livro enquanto eu fazia as equações e ele tentava acompanhar a minha explicação, pela décima vez.
— Aqui você precisa encontrar o valor de X. — Eu explicava enquanto seguia fazendo cálculos e mais cálculos.
Charlie repousa a sua cabeça na mesa e respira fundo. — Por quê?
— Por que o que?
— Por que eu quero saber o valor de X? — Ele resmunga. — Eu odeio o X, ele que se vire com o valor dele.
Meus lábios se curvam para um sorriso quase que imperceptível ao ouvir aquele comentário, não era a primeira vez e nem seria a última. — É fácil, você só precisa...
— Para você é fácil. — Ele se levanta abruptamente e vai em direção a geladeira pegando uma garrafa d'água. — Você é um gênio, eu sou só um ser humano com uma força física considerável.
— Ainda bem que você é humilde. — Cerro os olhos de leve.
— Eu falei "considerável", eu acho isso humilde demais. — Ele sorri e toma um pouco de água.
— Para de fugir, falta só mais esse e acabamos. — Falo encarando o caderno repleto de equações coloridas e Charlie se senta ao meu lado novamente.
Voltamos aos estudos e em questão de poucos minutos estava tudo feito, eu me alongava na cadeira esticando os meus braços deixando as minhas mãos acima da minha cabeça e encaro Charlie que na mesma hora me encara.
— O que você está pensando? — Falo guardando as minhas canetas sem manter o contato visual com ele.
— Vamos para o baile de inverno juntos. — Sua fala sai sem nenhuma presunção.
— Não vou em bailes.
— Eu sei. — Ele coloca a mão encima do meu caderno me impossibilitando de guarda-lo. — Mas vamos, só dessa vez. Por favor.
— Sem chances. — As palavras saem junto com uma risada baixa e sarcástica.
— Por favor, Sophi.
— Não e não faz essa cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança. — Puxo o caderno para guarda-lo de uma vez. — As pessoas daquela escola não gostam de mim e eu não gosto delas, qualquer oportunidade de ficar longe delas eu vou ficar.
— Por mim, por favor. — Ele insiste.
— Charlie, você é popular, qualquer garota ficaria feliz e terminaria na hora com o seu par só para poder ir com você.
— Eu quero ir com você, por favor.
— Eu disse não. — Falo mais séria.
— Não o que? — A voz da minha mãe ecoa pela cozinha fazendo jus a sua presença. — Oi Charlie.