Capítulo oito

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A chuva caia torrencialmente do lado de fora do apartamento e Taehyung estava na sacada tentando se esquivar das gotículas que o vento trazia em sua direção enquanto apreciava a vista nublada da cidade para fumar seu cigarro mentolado.

Sabia que não era um bom hábito, mas não conseguia evitar. Quando se sentia estressado ou ansioso sempre recorria a isso, e bem, ele estava ansioso.

As visitas mensais dos pais eram um saco, achava que sair de casa seria o suficiente para se manter longe das críticas mas estava enganado. Óbvio que a casa sendo sua, podia simplesmente não abrir as portas, mas apesar de tudo, ainda eram seus pais, sua família. Sabia que tinham feito muita coisa por si, e que no fundo todos os problemas eram fruto de uma preocupação em excesso, mas não anulava o desconforto.

Não estava dormindo direito então levantou cedo da cama e aproveitou para fazer o almoço e organizar a casa. Kim não gostava de ambientes bagunçados, às vezes algumas coisas passavam devido ao cansaço, mas para seus pais não.

Ainda estava na sacada quando ouviu a campainha e xingou mentalmente o porteiro por, mais uma vez, mandá-los subir sem interfonar antes. Apagou o cigarro e foi ao banheiro conferir a aparência bagunçando os fios e aproveitando pra jogar o cigarro fora.

Respirou fundo antes de forçar um enorme sorriso ao abrir a porta e ser imediatamente puxado para dentro do abraço de sua mãe.

"Quanto tempo, meu filho!" disse Miyeon.

"Que drama, mamãe, tem menos de um mês que a gente se viu" Taehyung disse resmungando fugindo do abraço da mãe e cumprimentando o pai.

"Eu vivia com você todos os dias! Quase um mês é muito tempo. E que cheiro é esse, Taehyung? Ainda anda fumando?"

"Às vezes, a senhora não precisa se preocupar com isso"

"Eu sempre falei que você precisava escolher bem suas amizades. Foi só morar com essezinho e começou com isso" a senhora Kim falava em tom de desgosto enquanto olhava para o porta retrato com uma foto de seu filho com Jimin e Taehyung revirou os olhos.

"Essezinho tem nome e é Park Jimin. Será que dá pra gente deixar ele de fora das nossas conversas?" Taehyung entrou na frente dos dois.

"Não dá mesmo! Você não imagina o desgosto que eu sinto toda vez que venho te visitar e vejo que ainda mora com esse homem" foi a vez de seu pai reclamar, elevando o tom da conversa.

"Então não venha! É simples! Eu já tenho 25 anos porra, não preciso receber aprovação de vocês pra nada e muito menos ouvir reclamações sobre como eu estou vivendo dentro da minha própria casa" Taehyung rebateu o pai e imediatamente sentiu a mão pesada de seu pai sacolejando seu braço.

"Seu moleque! Ainda somos seus pais, você nos deve respeito"

"Jaehoo! Não precisava exagerar, caramba" Miyeon interveio tentando amenizar a situação.

Taehyung estava fervilhando, queria gritar, xingar e expulsar todos eles, mas não conseguia porque eram seus pais. As coisas sempre tinham sido assim e acabou se acostumando com a relação submissa que tinha com seus genitores, sabia que não era saudável, mas não conseguia evitar. Precisava dar um fim nessa situação e sair de casa foi o primeiro passo, mas arrumou mais problema por ser com Jimin.

O grande problema nisso é que ele é gay. Nunca teve problemas em relação a isso e nunca precisou e muito menos quis esconder, mas seus pais não aceitavam e também não faziam questão de disfarçar, e diferente de si, o Park não ouvia calado e sempre rebatia, aumentando ainda mais a antipatia do casal com o jovem. Jimin sempre gostou de ir pra baladas, coisa que seus pais odiavam por dizerem ser 'lugares de gente promíscua fazerem coisas promíscuas', então para eles o Park era uma pessoa terrível e tudo que o filho estivesse fazendo de errado era culpa da má influência. Obviamente nunca se sentiu confortável para falarcom seus pais sobre ser bissexual, mas conseguia disfarçar quando levava algumas garotas quando ainda moravam juntos.

Agora eu sei porque ele te amava | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora