O sol fraco adentrava pela cortina mal fechada, os primeiros raios do dia iluminaram de maneira tímida o pequeno quarto do Kim, fazendo-o resmungar se culpando por não ter tampado corretamente a janela. Se espreguiçou e olhou as horas: cinco e cinquenta. Ótimo, pensou, apenas três horas de sono.
Saiu das cobertas ainda sonolento para arrumar as cortinas e sorriu brevemente com o breu que o quarto tinha ficado, era melhor assim. Voltou para sua cama e se cobriu por inteiro, aproveitando que não tinha mais compromissos para dormir ㅡ ou tentar ㅡ mais um pouco.
Já haviam se passado três dias desde o enterro de Yugyeom, e de lá pra cá dormia mal e passava a maior parte do dia trancado no quarto escuro. Mesmo que estivesse puto com o rapaz, não tinha superado em nada seus sentimentos românticos pelo Kim. Se sentia extremamente mal por ter ignorado tantas mensagens e ligações, queria poder ter tido um último encontro e uma última lembrança de bons momentos. Taehyung se achava um completo estúpido por ter sido enganado durante tanto tempo e mais estúpido ainda por continuar se importando tanto. Parecia que faltava alguma coisa, um próximo capítulo, um próximo parágrafo, uma próxima cena. Mas aquele seria o fim, uma história inacabada longe de um final feliz.
Rolou na cama por mais algumas horas e sem sucesso ao pregar os olhos. Sentiu o celular vibrar em algum lugar entre o amontoado de coberta e tateou preguiçosamente procurando o aparelho, quando enfim encontrou, desbloqueou clicando na notificação e se arrependeu imediatamente. Sua mãe anunciou que faria uma visita na próxima semana.
Taehyung e seus pais tinham uma relação complicada, desde que se entendia por gente eles eram extremamente controladores. Desde a vestimenta à profissão dos sonhos. Nunca se sentiu confortável com toda aquela pressão e sonhava com o dia que poderia sair de casa, achando que seus problemas iam ter fim.
O Senhor e a Senhora Kim faziam questão de fiscalizar o apartamento mensalmente. E sempre é uma chuva de olhares descontentes e reclamações, normalmente por coisas tão mínimas e bobas e Taehyung ficava se perguntando como eles notavam aquilo. Dividir aquele espaço com Park Jimin também não agradava em nada seus progenitores, se cansou de ouvir que o rapaz era o problema em forma de gente e que, pessoas de classe como ele não podiam se misturar, então as visitas "para matar a saudade" também eram uma desculpa para verificar se o Park não estava envolvido em nada que pudesse manchar a reputação de seu filho, e consequentemente da família Kim por inteiro.
Kim Jaehoo era um cirurgião plástico muito conhecido entre as celebridades do país e sua mãe Kim Miyeon, uma jornalista de grande sucesso. Apesar da grande fama e exposição, seus filhos viviam uma vida tranquila, sem holofotes, mas claro que os sites de fofoca iriam amar uma polêmica com o sobrenome importante de Taehyung.
Obviamente tendo profissões tão importantes, planejavam um caminho parecido para seus filhos. Taehyung desde menino foi induzido a seguir na área da medicina e sua irmã mais nova, Kim Yeri, a advocacia.
Um dos seus maiores atos de rebeldia ㅡ e muito provavelmente o único ㅡ fôra se matricular no curso de fotografia escondido dos seus pais. A mentira, obviamente, não durou muito tempo, resultou em um belo sermão e alguns meses sem mesada, mas seus pais perceberam que aquilo não faria o Kim mais velho mudar de ideia.
Taehyung já tinha idade o suficiente para cuidar do próprio nariz, porém nada impedia seus pais de simplesmente o arrastarem de volta para a mansão onde moravam caso descobrissem que atualmente estava desempregado, e consequentemente, sem dinheiro para o aluguel do apartamento.
Pensar nesse problema era uma das muitas coisas que não estava afim de fazer naquele dia, então enviou um simples 'ok' a sua mãe, bloqueando o aparelho e se encolhendo nas cobertas novamente, rezando para que todos seus dilemas sumissem magicamente depois de algumas horas de sono.
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Agora eu sei porque ele te amava | taekook
FanfictionJeongguk tinha uma vida tranquila se não fosse sua ansiedade batendo na porta de vez em sempre. Mesmo tendo tanto dinheiro, vivendo daquilo que sempre sonhou, nunca experimentou a felicidade plena. Tinha alguns poucos amigos e seu fiel companheiro...