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A mente de Jungkook estava um caos total

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A mente de Jungkook estava um caos total.

Seus olhos jabuticaba baixos e vazios seguiram o corpo alto e forte no movimento de se erguer do chão, com facilidade, o peitoral esbelto sendo manchado por hematomas – borrões vermelhos na altura do peito esquerdo, assim como outros na base de seu estômago, em seu rosto, cortes encima da sobrancelha e embaixo dos lábios o dava um reflexo irritado e inchado – mas seus olhos escuros estavam intensos, afiados, mal demonstrando dor.

Menos quando ele fitou Jungkook de volta.

Assim que seus olhos esmeralda pousaram no corpo pequeno e repousado sob o edredom em sua cama, olheiras nos olhos, deixando-os ainda mais inchados, lábios rubros e pele pálida, sua clavícula estava saltada e seu peito subia e descia – ele não conseguiu conter o torcer de seu rosto, a dor estampada na expressão do menor sendo demais para ele próprio suportar de forma neutra.

Cada vez que via a dor e o sofrimento escorrendo dos olhos de Jungkook, Taehyung sentia como se estivesse com Ryan novamente, desta vez, sendo torturado com Jungkook, a dor do menor era a sua, o simples fato de Jungkook estar no inferno o fazia se sentir o próprio Diabo – como se ele fosse responsável por aquilo. Não por causar aquilo. Mas por não conseguir aliviar aquilo.

Aquela dor que agora é, e sempre será, compartilhada pelos dois.

Por isso, retirando o edredom e expondo o corpo pequeno e frágil deitado na cama, Taehyung estendeu a mão para Jungkook, convidando-o a se levantar – o que foi feito após um olhar intenso, ignorando o gesto do maior enquanto sofria para se equilibrar nos pés, e Jungkook parecia tentar esconder sua dor, seus olhos, de todas as formas possíveis, tentavam mascarar sua história, mas Taehyung não seria enganado por aquele show.

Ele gemeu baixinho e entredentes, tentando ao máximo desfocar a atenção de todos na sala para si, mas Taehyung sentia sua dor em seus próprios ossos. Jungkook podia tentar o quanto quisesse, Taehyung sabia de tudo – ele lia seu corpo machucado como se fosse uma obra de arte, um próprio Picasso em carne e osso.

Conforme ia sendo guiado para o banheiro, as mãos de Taehyung firmes em si, em sua cintura, Jungkook conteu um grito – ele queria esgoelar sua angústia para fora. Seus ossos doíam e sua cabeça implorava por rendição, a dor estampada em cada face naquele quarto era demais para ele próprio suportar e a mesma voz de sempre gritava em sua cabeça. A culpa é sua. E ele não podia evitar em pensar que era verdade. Ele queria livrá-los daquilo.

Estava indo tudo bem, sim?

Ele e seus amigos. Ele e Taehyung. Yoongi voltara para seu quarto ao mesmo tempo em que Ryan sumira. E Jungkook estava grato por aquilo – somente para perceber que ele era a causa do sofrimento de todos ali.

E uma onda de arrependimento inundou seu estômago.

Ele não devia ter conhecido Ryan, não devia tê-lo deixado entrar em sua vida, não devia tê-lo deixado domar seu coração, não devia ter deixado a si mesmo a ficar tão dependente de alguém tão ruim, tão egoísta, não deveria ter duvidado de Taehyung, não deveria ter sido aquela pessoa pessimista e rude, não devia ter sido aquela pessoa insensível, não devia ter sido aquela pessoa que duvidara de uma vítima, não devia ter feito seu amigo deixar seu próprio quarto, não devia ter deixado Taehyung o perdoar, não devia ter deixado Taehyung conhecer seus segredos e inseguranças, não devia ter deixado Taehyung o ajudar, não devia ter deixado Taehyung o encantar, não devia ter se permitido gostar de alguém quando na verdade ele não merecia nada, não devia ter se permitido pensar, apenas por alguns dias, que ele poderia vir a ser feliz de novo.

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