Capítulo II: O Estranho

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20 de fevereiro de 2019 — Lockhart, Texas;

19h00min da noite.

Assim que adentro o café, vejo Peny acenando para mim, sentada em uma das mesas lá no fundo.

Ela está sorrindo. Acho o sorriso dela lindo e contagiante, principalmente por causa dos olhos escuros, alegres e brilhantes, que combinam muito com sua personalidade. Na verdade, ela é toda linda. É negra, com um corpo cheinho e cabelo do tipo crespo cacheado. Os cachos são bem bonitos, mas ela tinha dado de alisar de novo.

Me aproximo e a cumprimento com um beijo na bochecha.

— Perry! Que bom que veio. — Ela diz enquanto me sento. — Como você tá?

— Bem... Tô bem.

— Mesmo? — Seus olhos me encaram com um ar questionador. E Peny, como sempre, sabe quando estou mentindo. — Tem certeza?

— Sim. E você?

— Estou ótima. Tenho novidades dessa vez.

— Sério? Eu também. — Falo baixo e sorrio maliciosamente. Vejo a curiosidade se instaurando em todo o rosto de Peny.

— Jura? Quem conta primeiro?

— Vamos no par ou ímpar?

— Vamos. Quero par.

— Sou ímpar.

Deu 8. Perdi.

— Eba! — Ela comemora, rindo fraco. — Só por compensação, eu pago seu café.

Ela chama a garçonete e pede dois expressos. Assim que somos servidas e ficamos em paz, ela solta a bomba:

— Então, sabe aquele Simon, o enfermeiro que trabalha comigo?

— Sei.

Eu e Peny trabalhamos no mesmo hospital. Eu como pneumologista, ela como cardiologista e o Simon é um enfermeiro gatão. Ele sempre anda com uma expressão de quem ia meter o murro na cara de alguém. E ainda por cima era enorme, alto e corpulento. Mas a personalidade não tinha nada de semelhante com a aparência, ele é descontraído e muito gentil. E eu sei que Peny tem uma queda por caras grandes e fofos. Sorrio divertidamente. Ela continua:

— Ele me chamou pra sair.

— Sério? Uau. E você aceitou?

— Claro! O Simon é engraçado, gentil, bonitão... Não é sempre que aparece uma oportunidade dessas.

— É, tem razão. Fico feliz por você, também o acho um cara legal.

— Obrigada! Mas agora é a sua vez. Qual sua novidade?

Por uns segundos, vejo os olhos de Peny desviarem para algo atrás de mim. Entretanto, nada muda em sua expressão, então deduzo que deve ser algum cara grandão com trejeitos de motoqueiro.

— Bom, recebi uma carta hoje. Parecia obra de um adolescente chapado.

— Que...? O que tinha nela?

— Ela estava me recrutando para uma missão secreta ultra importante para toda a humanidade. Estou com ela aqui, quer ver?

— Perry... — Ela de repente parece preocupada. Ela desvia o olhar outra vez antes de voltar a focar em mim. — Você tem certeza que isso é uma brincadeira, né? Não tinha assinatura nem nada?

— Não. Completamente anônima. Não tem remetente, só meu nome assinado. Não tinha endereço nenhum, nem o meu. Nada. 

— Isso significa que a carta não veio pelo correio.

Caso EX9-19B - O UltimatoOnde histórias criam vida. Descubra agora