Capítulo V: A Viagem

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2 de março de 2019 — Lockhart, Texas;

5h20min da manhã.

— Mas que merda é essa, Kevin?!

Olho para ele sem acreditar no que vejo. Eu o pego no flagra socando em uma única mala todos os produtos de beleza existentes na casa, inclusive os fechados. Perfumes, desodorantes, loções pós-barba, cremes para barbear, todo o tipo de produto que você encontraria na estante de um metrossexual. Ele me responde indignado:

— Se ficaremos fora por cinco anos, vou levar todo o meu estoque de produtos para os próximos cinco anos! Isso é lógica!

— Kevin, eu acho que você conseguiria sobreviver sem perfumes por algum tempo. Leva só um ou dois, não precisa de tudo isso.

— Um ou dois? Eu acabo com um perfume inteiro em 4 meses!

— O fedor é tão grande assim? — Peny provoca, olhando para ele com irritação.

Kevin devolve o olhar.

— Peny… Se quiser ir largada e de qualquer jeito, o problema é seu! Mas eu e minha mulher gostamos de preservar nossa autoestima!

— Já chega dessa merda, Kevin! Pegue a porcaria que você precisa levar e coloque na sua mala de roupas, antes que eu jogue essa mala pela janela com você dentro! — Rosno, me esforçando ao máximo para não esganar esse infeliz.

Kevin suspira e faz um bico.

— Tá... Mas em qual delas eu coloco?

— O que quer dizer com em qual delas?

— Fiz quatro malas de roupa. Uma com roupas de inverno, outra com roupas de verão, outras de meia-estação e a quarta tem apenas meus conjuntos específicos. Para dar uma variada, sabe?

— Santo Deus... — Respiro fundo. — Quer saber? Faz o que quiser. Eu desisto de você.

Kevin sorri com uma felicidade genuína. Ele vai levar a droga da mala lotada de cosméticos como se fosse um vendedor da Jequiti. E não estou nem aí.

Decido apenas descer as malas do quarto para a sala, o que exige um pouco de esforço para nós três. Parece que no lugar de roupas, as malas carregam chumbo. Mas pelo menos foi engraçado ver o Kevin tentando arrastar a mala dos perfumes. Ele até conseguia levantar, mas precisava parar algumas vezes para descer as escadas sem estourar as alças. Mais engraçado ainda foi a sociedade de malas de Kevin comparada às minhas humildes três malas. Eu me pergunto por um instante quem é a verdadeira figura masculina da casa.

Respiro fundo e tento focar na lista de coisas na minha cabeça que precisavam estar na mala. Digo, pensando em voz alta:

— Ok, nós pegamos tudo, certo? Não esquecemos de nada?

— Acredito que sim. — Peny tenta me ajudar a pensar. — Agora é só esperar mesmo. Podíamos só sentar e relaxar.

— Se o Kevin deixar... — Provoco e sorrio fraco quando vejo sua cara amarrada.

Naquele dia, acordamos às quatro da manhã para tomar um café rápido. Então terminamos de fazer as malas e levamos toda a bagagem para o hall. Pouco depois das cinco, estávamos na sala, apenas encarando o além em um total silêncio. Não havia muito o que dizer, afinal todos sabiam o que cada um estava pensando.

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⏰ Última atualização: Jun 27 ⏰

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