WILL CACCINI - agora
Ruby havia me deixado sozinho em sua varanda, ela tinha me deixado ali digerindo tudo o que ela havia dito e me feito questionar. Eu nunca tinha visto ela daquele jeito.
Ela parecia fria e tinha um olhar distante quando me questionou sobre o passado. Independente de tudo o que ela passou, ainda assim não mudaria nada? Mesmo que isso afetasse seu jeito de ser, ainda seria melhor do que ter algum trauma?
Eu faria de tudo para minha irmã estar aqui comigo. Se eu soubesse que tudo aquilo aconteceria, eu teria vindo para Los Angeles antes.
Cometi pequenos crimes, vinte e cinco anos de pena? Tudo isso se resolve com dinheiro enquanto eu sonhava com a Cidade dos Anjos. Fiz muitas pessoas cairem em minhas mentiras e às vezes sinto que vou quebrar e que não há mais ninguém para me salvar, porque sei que vai doer para que eu possa me curar.
Porque doeu pra caralho quando meu pai me trancou naquele quartinho para se aproveitar da minha irmã.
Doeu pra caralho quando minha irmã começou a tomar inúmeros remédios.
Mas principalmente, doeu pra caralho quando ela morreu.
E depois que ela se foi, era como se eu não existisse mais para minha mãe. A velha simplesmente arrumou um namorado e me abandonou, desde então tem sido eu por eu mesmo .
Me matei para entrar em uma boa universidade e não depender de nada dela. Porém enquanto toda essa merda acontecia, o ensino médio foi uma válvula de escape para mim, ainda mais quando meus olhos bateram na garota que é dona do apartamento em que estou agora.
Ela me chamou a atenção quando a vi dando um tapa no rosto de uma garota por pegar algo seu e ficar usando contra ela, nesse dia soube que ela seria minha, independente se ela gostasse ou não.
Aquela ruiva que só sorria com o mesmo garoto de sempre, mas um dia aquilo mudou. Ele havia sumido da escola, ela não sorria mais, seus olhos não brilhavam e foi quando descobri que ele havia morrido, com isso, os garotos do time começaram a mexer com ela todo dia.
As provocações se tranformou em bullying, não só deles como de outras pessoas - especificadamente garotas. E quando eu interferi, eles pararam. Ruby parecia frágil a cada dia que se passava, as olheiras mostravam que a dias ela tinha uma boa noite de sono completando sua aparência de cansada.
Ela mudou de escola como uma forma de escapar do bullying e eu a segui. Nos corredores eu a via fumando vez ou outra.
Ela não tinha esse hábito
Conforme andava pelo campus, cheguei no bloco de artes assim que ouvi uma melodia calma vinda de lá. A curiosidade me pegou e tive que ver quem era, me surpreendi quando vi ela lá, tocando piando enquanto cantava quando uma lágrima desce em seu rosto.
A filha da puta estava namorando. O cara era um merda, agia se achando ser o melhor dali e tratava Ruby como um lixo, ele ameaçou a bater quando ela estava fumando quando havia terminado a aula, se eu não tivesse aparecido, ele teria dado um tapa nela.
Mas agora ela está livre e comigo. Pude não ajudar minha irmã em tudo que ela passou, então farei tudo para que minha Ruby não passe pelas mesmas coisas que ela e muito menos de quando estava com seu ex.
Sou tirado de meus pensamentos quando noto uma movimentação na cozinha.
- Achei que estivesse dormindo - me aproximo
- Eu estava - comenta, pegando um copo d'água
- O que te assustou?
- Tive um pesadelo. Nada que não estaja acostumada
O toque do seu celular interrompe minha fala. Ela encara a tela, demorando alguns segundos para atender.
- Não vai atender?
- Estou com uma sensação ruim, não costumo receber ligações essa hora - ela atende - Michael?
- Michael? - questiono e ela faz um sinal para eu ficar quieto
- O que aconteceu?
Também estou querendo saber
- Eles não me falaram nada....o quê?? Como?? Que hospital é?.... Chego em cinco minutos - a ligação é encerrada
- Quem caralhos é Michael? - um sorriso aparece em seu rosto
- Com ciúmes, Will?
- De você? Sempre - ela suspira
- Ele é assistente do meu pai, parece que ele e minha mãe sofreram um acidente de carro e já estão no hospital
- E você vai pra lá?
- Sim
- Eu levo você
- Não, eu vou sozinha
- Você bebeu tudo aquilo de vinho, acha mesmo que vou deixar você dirigir? Me dê as chaves, eu fico esperando no carro se preferir
- Ok - diz derrotada - Vou só trocar de roupa
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Como prometido, eu ficaria esperando no carro. Então aproveito para por em prática o que tenho deixado de lado por um tempo, bastava um ligação para me ajudar
- Quem é vivo sempre aparece
- Estava com saudade, Patrick?
- Nem fodendo
- Preciso de um favor
- Faço o que estiver ao meu alcance
- Você é o melhor nisso
- Pare de me bajular e fale logo o que quer
- Preciso que de um jeito de achar um número de uma pessoa pra mim
- Quem seria?
- O cara frequenta a melhor balada daqui, ele vende algumas drogas la. Mas eu preciso de umas informações dele
- Vai matar o cara
- Se ele não tiver feito nada grave, então não.. ainda não
- Com quem ele mexeu?
- Com alguém que me pertence
- Virou pau mandado de quem?
- Eu vou na sua casa para você dizer isso na minha cara
- Oh, por favor venha. Estou entediado
- Você tem trabalho a fazer - escuto ele suspirar - Acha que consegue?
- Claro, acha que está falando com quem? Um amador
- Mais uma coisa. Não sei como ele vai reagir, então quero que vá comigo
- Como nos velhos tempos?
- Como nos velhos tempo - sorrio
- Até hoje te mando o número
Finalizo a ligação. Se tem alguém que pode me dar algumas respostas é aquele traficante. Ele e a Ruby são bem próximos, tão próximos que já os vi trocando beijos naquela balada e se ele não colaborar com nós, será pior.
Ruby retorna para o carro e em seus olhos vejo um misto de emoções.
- Está tudo bem?
- Claro, por que não estaria - seu sorriso diz o contrário
- Seus pais sofreram um acidente. Normalmente o sentimento é de preocupação - ela me olha desconfiada
- Ta me dizendo como devo me sentir?
- Longe disso, amor. Só estou perguntando como se sente
- Vamos embora
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O Patrick sabe das coisas
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𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐀 𝐆𝐎𝐃
Fanfiction>DARK ROMANCE< Uma vez me disseram que a dor nos faz cometer coisas que prometemos não fazer, mas as vezes tudo o que precisamos é apenas esquecer por um segundo essa sensação. Ruby não soube lidar com sua dor até encontrar alguém que ajudasse com...