Capítulo Único

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Aconselho que escute Hold on do Choldoverstreet e Breath da Lee Hi.

[...]


Kim Hi caminha pelas ruas sombrias em direção ao apartamento do irmão, Jonghyun, com o coração pesado pela briga que abalou os alicerces de sua relação. A noite é fria, mas não tanto quanto a atmosfera carregada de tensão que permeia o ar. As lembranças de inúmeras batalhas e desafios que enfrentaram juntos ecoam em sua mente, como cicatrizes emocionais que marcaram profundamente seus corações.

A discussão recente, uma tempestade de palavras amargas, ainda ecoa em seus ouvidos. O celular vibra, mas ela mal percebe, distraída por um filhote de gato que cruza seu caminho. A ligação não atendida é apenas um prenúncio do caos iminente, mas Kim Hi permanece alheia, acariciando o pequeno felino como se buscasse algum conforto.

Ao atender finalmente a ligação, a voz fraca de Jonghyun do outro lado da linha é como um grito de socorro que a faz tremer. "Eles conseguiram...", suas palavras deixam um vácuo de desespero que corta fundo. Kim Hi sente um aperto no peito, o irmão só ligava tanto assim em momentos críticos, e a angústia toma conta dela.

"Calma, respire bem fundo", ela tenta manter a calma, mas seu próprio coração acelerado trai a apreensão. As lágrimas começam a escorrer enquanto Jonghyun revela ter chegado ao seu limite. As palavras de dor e arrependimento dele atravessam seu peito como facas, e ela se esforça para ser a âncora que ele precisa.

Correndo pelas ruas, o desespero a impulsiona. A casa dele fica a três quadras, mas ela sente o peso de suas próprias limitações. A asma, uma constante batalha, se torna um obstáculo a mais, mas ela persiste, cada passo uma corrida contra o tempo.

"Sei que seu dia foi complicado", suas palavras para tranquilizá-lo mal conseguem escapar entre respirações ofegantes. O medo a consome, pois ela sabe que o tempo é curto. O apartamento do irmão se aproxima, e ela sente a ansiedade intensificar.

Ao entrar, a tristeza se materializa diante da porta trancada do banheiro. Os socos ressoam como uma batida desesperada para romper com a escuridão que envolve Jonghyun. Ela se esforça para abri-la, e a dor física se torna uma metáfora cruel da batalha emocional que enfrenta.

Ao deparar-se com Jonghyun, caído e ensanguentado, sua voz treme ao implorar para que ele permaneça. Cada palavra carrega o peso da dor compartilhada, da história que construíram juntos. O desespero a leva a buscar ajuda, e o som da sirene da ambulância ecoa como um sinal de esperança e desespero simultâneos.

No hospital, a espera se torna uma tortura. A história de suas vidas, marcada por abusos e lutas, se desenrola em flashbacks. Jonghyun, o protetor, o pai substituto, enfrentou a crueldade do mundo para defendê-la. As marcas físicas e emocionais são cicatrizes visíveis de uma batalha constante.

A carta encontrada, escrita com o último fôlego de Jonghyun, revela uma alma cansada de lutar contra demônios internos. As palavras fragmentadas são um eco de sua jornada compartilhada, de como tentaram enfrentar a escuridão juntos.

“Minha Querida Kim Hi,

Escrevo estas palavras com um coração pesaroso e olhos turvos pelas lágrimas que inevitavelmente caem enquanto tento expressar o que vai além das palavras. É difícil, pois cada frase parece uma despedida dolorosa, uma despedida que nunca desejei, mas que agora, de alguma forma, se tornou inevitável.

Não consigo imaginar a dor que estas palavras vão causar a você, minha irmã, minha estrela brilhante. Mas é importante que você saiba, mais do que tudo, que isso não é culpa sua. Nunca foi, nunca será. Você sempre foi minha luz, minha razão para lutar, mas a escuridão dentro de mim se tornou avassaladora.

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