Máfia Mexicana - Simone e Soraya

Chapter 11 - Ego.

Por Soraya Thronicke

Sim, isso estava realmente preocupante. Simone passou todo o jantar me fazendo perguntas um tanto duvidosas e me olhando. Eu já estava desconfortável, e olha que isso não é fácil de acontecer. Deborah e Laura me fuzilavam com os olhares, e as expressões faciais não eram disfarçadas. Eu tentava descontroladamente segurar o riso quando olhava para Deborah; ela estava com um topete horrível e uma maquiagem ridícula. Me pergunto o que a levou a fazer isso consigo mesma. Nem se eu me odiasse usaria isso.

Agora estamos novamente na sala de estar, e Heitor não cala a boca. Ele já inventou tantas histórias para impressionar Simone que até eu tive vontade de rir. Porém, é em mim que seu foco está, segurando uma taça de vinho. Ela me olha tão intensamente que parece ver todos os meus pecados, e ela não imagina o quanto está inflando meu ego.
Eu daria tudo para que Simone me escolhesse, apenas para poder ver a cara de ódio de minhas irmãs.

Pensei na situação e está nítido que Simone quer a mim como sua esposa. O jeito como ela me olha é extraordinário, verdade seja dita. Simone Tebet é uma mulher linda; qualquer pessoa se ajoelharia aos seus pés.

Outra coisa que percebi é que ela também é uma mulher arrogante, fria e manipuladora, o que me chama atenção. Continuo a pensar em hipóteses até que Simone levanta-se, alinha seu terninho feminino preto, e meu coração acelera. Pera, por que meu coração está acelerado? Ah droga, era só o que me faltava.

- Bom, acho que vocês três estão cientes do que eu estou fazendo aqui, certo?

Sim, nós três falamos ao mesmo tempo, mas minha voz mal é ouvida.

- Eu já tenho uma escolha, e como não gosto de rodeios, quero acabar com isso de uma vez - Ela vem em nossa direção, onde está Deborah, Laura e eu, as três sentadas em um sofá. Olho de canto e vejo Laura apertar os braços para os seios ficarem mais à mostra, porém nem é necessário; seu decote já faz isso por si só. E Deborah, está com cara de deboche.
Volto minha atenção para Simone, que já estava com uma caixinha em mãos, suponho ser o anel de noivado. Foco minha atenção em Heitor, que está com um sorriso maior que os dentes; homem ridículo. Porém, minha visão é coberta, e não consigo mais vê-lo. O que? Espera, não, não pode ser.

Olho para cima, e sim, Simone está parada em minha frente, segurando um anel que, com certeza, compra esta casa e mais três dela.

Por um momento, esqueço como respirar, e tenho certeza que se eu levantar agora, posso cair no chão. O que eu faço? Estou desesperada.

- Aceita ser minha esposa, Soraya? - Perguntou-me, e pasmem, eu não tenho forças nem para pronunciar uma palavra, estou sem reação. - Aceita ser esposa de Simone Tebet? - Seu olhar queima em minha pele; ele grita para que eu diga sim.
Num choque de realidade, eu acordo do meu transe, olho para Heitor, que, diferente de alguns minutos atrás, está carrancudo e bebendo igual velho nos botecos de esquina. Olho para minhas irmãs, e não consigo descrever a cena; vocês podem imaginar, certo?

Me surpreendo com minha resposta.

- Aceito - Aceitei. Eu não tinha nada a perder. Mas a cara de Deborah foi impagável. Eu mataria para vê-la novamente. Olho para Simone, e ela se inclina um pouco e segura minha mão, encaixando perfeitamente o anel em meu dedo, como ela sabia minha numeração?
Deixo isso para lá e foco meu olhar no anel; ele é tão lindo. Foi exatamente assim que imaginei, porém, não nestas circunstâncias. Olho para cima novamente, e ela estava lá, me olhando como se quisesse me comer. Ela se vira e olha para Heitor.

- Eu gostaria de um momento a sós com minha noiva, Heitor.

A vontade de rir é enorme; a cara deles é hilária. Meu pai travou a mandíbula e apertou o copo, a tempos de estourá-lo, e olhou para mim. Ergo uma sobrancelha para ele.