Envolta na suavidade da luz dourada que se derrama pela janela, pintando o quarto com tons quentes de nostalgia. Os raios de sol, como pinceladas de um quadro celestial, destacam a fotografia envelhecida de minha mãe, tornando-a uma presença ainda mais notável na atmosfera serena.
Os traços maternos na imagem, capturados em tempos passados, ganham vida nas linhas do rosto e nos olhos que refletem uma história interrompida. Cada detalhe da fotografia é como um elo com o passado, uma janela para uma conexão que foi interrompida antes mesmo de se concretizar.
Enquanto meus dedos delicadamente percorrem a borda amarelada da fotografia, posso quase sentir a textura do tempo que se desdobrou desde então. Uma melancolia suave preenche o espaço, acompanhada pelo suspiro das lembranças que nunca vivi, mas que habitam meu coração de maneira tão palpável.
Na penumbra do entardecer, o pôr do sol empresta sua magia, transformando a atmosfera em um cenário etéreo. Neste momento, sinto-me imersa não apenas na contemplação da fotografia, mas em uma conversa silenciosa com a história não vivida, com os sonhos não realizados, e com a mãe que, mesmo ausente, permanece presente nos vestígios de suas memórias.
Visualizo momentos de cumplicidade, risos compartilhados e a sensação reconfortante de ser amada incondicionalmente. As lágrimas que teimam em rolar são a expressão tangível de um anseio profundo, de uma falta que ecoa no vazio de uma conexão que nunca foi vivida.
Cada detalhe na fotografia parece sussurrar histórias não contadas, e me perco na contemplação de um passado que nunca foi meu. A brisa morna que entra pela janela parece carregar consigo ecos de uma presença ausente, intensificando a melancolia que se instaura neste momento de reflexão.
Nesse crepúsculo silencioso, questiono o que seria sentir o calor do abraço materno, experimentar a orientação carinhosa e a força reconfortante que uma mãe proporciona. A tristeza e a imaginação se entrelaçam, criando um emaranhado de emoções complexas enquanto me pergunto sobre os incontáveis momentos perdidos de uma vida que poderia ter sido compartilhada.
Três batidas suaves ecoam pela porta, interrompendo meus pensamentos. Num suspiro, deixo escapar um "pode entrar". A porta se abre, revelando Teresa, cuja presença preenche o quarto com uma calma reconfortante. No entanto, um sutil nervosismo me envolve, e rapidamente tento esconder a fotografia de minha mãe que segurava nas mãos.
Teresa percebe a ação, seus olhos capturando o movimento fugaz.
— O que é isso? - perguntou-me Teresa, curiosa. Aproximou-se e sentou-se na beira da cama. No entanto, minhas palavras hesitam ao tentar encontrar uma explicação, e minha respiração traiçoeira denuncia o desconforto que sinto.
— Bem é que... - Gaguejo - Ora, não é nada, Nana, apenas algo insignificante. - Sorrio tentando convencê-la e coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Percebendo minha inquietação, Teresa sorri acolhedoramente.
— Minha menina, comigo não precisa ter medo ou receio de compartilhar algo. Somos confidentes, mas vou entender se você não se sentir confortável em me contar o que tanto te atormenta. - Sua voz era calma, transmitindo conforto e compreensão.
O dilema se revelava na minha hesitação em compartilhar minha descoberta com ela. Cada pensamento estava sendo meticulosamente processado, e a angústia que me envolvia era a preocupação de como ela reagiria ao saber que finalmente descobri quem é minha mãe. Teresa, uma figura constante desde os primórdios da minha memória, sempre assumira o papel maternal com dedicação.
Envolver-me em momentos tão preciosos ao lado de Teresa sempre se revelava uma fonte de serenidade; sua presença agia como um bálsamo para acalmar as tormentas internas. Durante nossas conversas, abrimos os corações para temas diversos, inclusive para a surreal constatação de que, no dia seguinte, estaria me tornando esposa. Juntas, compartilhamos lágrimas, e naquele íntimo momento, prometi a ela que minha presença seria constante, um retorno frequente para dividir esses instantes, com Ava sempre incluída em nossa sintonia.
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Máfia Mexicana - Simone e Soraya
RomanceDuas personalidades fortes, mentes diferentes e ambas psicologicamente traumatizadas. O que de bom pode sair disso? Apenas o futuro poderá dizer.