Por Soraya Thronicke
Estou na incrível missão de cobrir a marca do tapa que Heitor deu em mim, maldito seja. Entrei em choque quando vi o sangue pisado em meu rosto; já não bastava o roxo que Deborah deixou em meu pulso pela força que usou na escada. Dois inúteis descontrolados, mas eu não ligo, já passei por coisas piores.
Depois que entrei em meu quarto, fui direto para o banheiro preparar minhas coisas, e para comemorar, usei os sais que comprei com o cartão de Heitor. Inclusive, fiz questão de quebrá-lo em vários pedacinhos. Após tudo isso, fui fazer meu cabelo e minha maquiagem, o que confesso não ter sido uma tarefa fácil, pois estou a horas tentando cobrir a marca. Mas já deu uma baita melhorada. Então, com cabelo e maquiagem finalizados, parto para a roupa, que é a minha preferida. Decidi vestir algo simples, porém que chamasse atenção.
Já devidamente pronta, decido não descer. Há pouco tempo, Ava veio avisar que Tebet havia chegado e estava exigindo minha presença. Confesso que isso só aumentou meu ego. Por isso, estou fazendo questão de demorar o máximo que consigo. Quero só ver a cara de tacho do Heitor.
No entanto, estou receosa, porque Simone quer tanto minha presença. Minha garganta seca, e eu engulo seco. Espero que seja apenas por formalidade.Eu não me imagino casada, e o problema não é nem casar, é dar dinheiro para Heitor assim de mão beijada. É lógico que qualquer pessoa cairia aos pés de Simone, até porque ela é a empresária mais cobiçada do México e de outros lugares também. Até eu estou um pouco encantada com ela, até porque já a conheci mais a fundo e tive até uma surpresa, mas isso é história para outro dia.
Eu não quero me casar para ser esposa troféu; quero me casar por amor e quero que seja algo especial, já que não tive minha festa de 15 anos. Meu sonho é ter um casamento de princesa e com a pessoa que eu amo, para formar minha própria família, não ser comprada e viver uma história totalmente diferente do que planejei para mim. Simone Tebet não é de uma pessoa só, e tenho pena de sua futura esposa.
Por Simone Tebet
- Que palhaçada é essa, Heitor? - Estou fora de si; não posso acreditar nisso. - Desde o começo, eu sempre deixei claro que, em todos os encontros, as três deveriam estar juntas, e agora você vem com essa desculpa esfarrapada de "enxaqueca". Tenha mais criatividade, Heitor. - Ando de um lado para o outro no escritório. - Saiba você que, se Soraya não estiver presente, não haverá casamento, nem dinheiro, nem nada do combinado.
- Por que está tão nervosa, Simone? - O homem sentado na cadeira de couro me olha semi-cerrado. - Por acaso, você quer ela? Quer a Soraya? - Me pergunta com um tom de voz ameaçador.
- Eu não te devo explicações, Heitor; você assinou um contrato e terá que cumpri-lo. E não aja como se importasse com suas filhas, porque você não se importa; você as colocou à venda, não esqueça disso.
- Não me diga que está pensando em casar-se com Soraya. - Ele solta uma risada ridícula, e eu o olho. - Está assim por alguém tão insignificante e sem graça como Soraya? Por Deus, Tebet, você já viu Deborah e Laura? qualquer pessoa mataria por uma delas.
- Você tem 10 minutos para trazer Soraya e começarmos logo este jantar, caso contrário, ele não ocorrerá. - Saio e bato a porta.
Eu só queria entender por que Heitor é assim com sua filha. É palpável a diferença de tratamento, mas eu juro que não vou descansar até descobrir. Ao chegar na sala de estar, vejo Deborah e Laura sentadas uma ao lado da outra, e do lado de Laura está o assento de Soraya. As três me olham apreensivas, e eu as ignoro totalmente. Me acomodo em meu lugar e volto meus pensamentos para Verônica, minha irmã, que tinha chegado pouco antes de eu sair, e mal nos falamos direito. Mas estou pedindo a Deus que ela aceite bem esse casamento, porque não vou suportar viver igual gato e rato dentro da minha própria casa.
Vejo o patriarca da família com uma cara não muito boa.
- E então, já decidiu? - Pergunto enquanto bebo uma bebida qualquer.
- Mandarei chamá-la.
Dou um sorriso vitorioso e vejo as duas irmãs se entreolharem sem entender nada. Mal sabem elas o que está por vir.
Algum tempo se passou, e até agora nada da loirinha descer. Já estou sem um pingo de paciência, estou prestes a levantar e ir embora quando ouço passos descendo as escadas. Me viro na mesma hora e quase tenho um infarto quando vejo.
Soraya estava magnífica. Me pergunto como alguém pode ser tão bela assim. Realmente, Soraya não tem nada a ver com suas irmãs; sua beleza é angelical, e sua face exala delicadeza. Seus olhos parecem livros gritando para serem lidos. Acordo dos meus pensamentos e vou até a escada, estendendo minha mão em sua direção, auxiliando-a enquanto desce. Nos encaramos, e ali, naquele momento, tenho certeza de que ela também se arrepiou com o toque de nossas mãos.
- Boa noite, Tebet - ela fala com a cara fechada. Parece que alguém não teve um dia muito bom hoje.
- Boa noite, Soraya. Como está? - Olho para seus lábios tão convidativos.
- Estou bem, obrigada. Mas eu estaria muito melhor se você soltasse minha mão. - Então ela é brava, hum. Isso parece interessante. Só para testá-la, aperto com mais força e a vejo fechar a expressão.
- Não pedirei novamente. - Ela iria falar outra coisa, mas o babaca do Heitor nos interrompe.
- Estamos atrapalhando algo? - Heitor lança um olhar tão severo para Soraya que isso aumentou mais ainda minha vontade de saber o que há entre eles. Soraya puxa sua mão sem que eu perceba.
- Claro que não, pai. - Ela passa por ele, quase desfilando naquele vestido preto que lhe caiu tão bem. A fenda gigantesca que ele carrega destacando sua pele bronzeada só ajudou mais ainda a formar o look perfeito. Ela senta ao lado de Laura, e agora sim, estão as três uma ao lado da outra, de frente para mim.
- Bom, já que o jantar ainda não foi servido, podemos conversar até lá - ele fala, tentando dissipar o clima que ficou.
Havia se passado alguns minutos de conversa, e agora todos estávamos com uma taça em mãos. A governanta tinha deixado na mesinha de centro antes de Soraya chegar. Por falar nela, não tirei os olhos da mesma um minuto sequer. Ela tem um jeito tão peculiar; a forma que segura a taça quando a leva aos lábios e depois observa o vinho contido dentro é tão chamativo. Tudo o que ela faz é chamativo. Por Deus, essa mulher não tem um defeito. A olho por mais um tempo, enquanto Heitor só fala baboseiras. Quando percebo, chega na sala a mesma mulher que me recebeu alguns dias atrás, avisando que o jantar está servido. Então, Heitor, Deborah e Laura levantam-se e se retiram da sala. Repito o gesto, indo até a porta de correr que dá acesso à sala de jantar.
Ouço o barulho de seus saltos batendo no chão. Me viro, e ela passa por mim, deixando seu perfume que eu poderia sentir por uma vida inteira.NDA
Perdoem-me pela demora. Prometo não deixar vocês na mão novamente. Espero que gostem do capítulo e não esqueçam de votar bastante e deixar seus comentários. 🥀
*Vestido da Soraya:
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Beijinhos! 💋
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Máfia Mexicana - Simone e Soraya
RomanceDuas personalidades fortes, mentes diferentes e ambas psicologicamente traumatizadas. O que de bom pode sair disso? Apenas o futuro poderá dizer.