The Oryd [CONCLUIDO]

3

O Sr. Eron nos deu um tempo para analisar os obstáculos e conversarmos com nosso par, como iriamos fazer. Há um circuito no meio do pátio, com cordas para subir e obstáculos para pular.

              — Isso parece impossível, acho bom você descrever tudo de forma precisa. – falo apreensiva com Jaiden –

              — Claro. E eu estou muito afim daquele jantar, a comida do refeitório é horrível! – brinca –

              — É, eu também!  Então, vamos fazer isso dar certo?

O professor voltou e todos já estavam em suas posições, o narrador iria ao nosso lado a uma distância de um metro, e se eles tocassem no atleta por qualquer razão, o par seria eliminado!

Finalmente coloquei a venda e uma tensão se instalou por todo o meu corpo.

              —Tudo bem Liz, não se preocupe!

Isso não me acalmou.
O Sr. Eron deu início a partida e tudo que tento fazer é focar na voz de Jaiden, mas com tantas vozes, é difícil encontrar a que realmente interessa.

              —Liz, levante a perna 37°

O que faz ele pensar que eu sei a quantos ângulos eu preciso levantar a perna? Mas faço o que eu acho e deu certo, já que não cai ou quebrei alguma parte do corpo.

Já estava andando a algum tempo, estimo que a uns 10 minutos, tateando o vento e tentando não bater em nenhum obstáculo.

               — Agora, preciso que confie em mim! –ele grita –

               — Jaiden, a atividade é pra isso. – sorri –

               —Preciso que comece a correr, há uma corda logo em frente e você irá precisar de impulso para poder chegar do outro lado.

               —É sério? Como eu vou saber se vou correr em linha reta?

               — Por isso preciso que confie em mim!

               — Céus!

Eu já estou nessa situação, não sei em qual posição os outros estão ou se temos alguma chance.

               — Ah eu espero que esse jantar seja um dos melhores em todo reino!

Começo a correr, não dá pra parar agora ou ter ideia se estou na direção certa. Jaiden não falou nada, não sei se por pena ou pra não me assustar ainda mais.

              — Pula Liz!

Havia um desespero na voz dele no qual não consegui identificar a razão, mas isso é um teste de confiança. Eu devo confiar!

Pulo logo em seguida, tentando achar a tal corda ou algo que se parecesse com uma, não tenho ideia se pulei alto demais ou se foi tão baixo que nem tive chance de tocá-la.

Mas quando achei que iria cair em o que quer que seja que estivesse abaixo, sinto uma ponta e agarro nela com todas as minhas forças restantes.

Sinto o balanço de um lado para o outro por conta da velocidade em que corri, e sou tomada por um alívio que não durou muito até meus pés baterem em algo que parece ser uma parede.

Uma dor absurda se localizou na minha canela e calcanhar, e pareceu penetrar todas as minhas entranhas, talvez se não houvesse tanto barulho, eu teria escutado o som dos meus ossos sendo totalmente amassados.

              — Você está indo bem Liz, quando eu falar, apenas se solte da corda.

Ele tá brincando, quão alto pode ser o salto. Não importa, a menor das alturas já iria acabar com o que  começou a segundos atrás. Mas também ficar pendurada aqui não é uma opção!

              — Agora!

No momento em que escuto a voz de Jaiden, me solto da corda rapidamente. Pronta pra o que estiver lá em baixo, mas não conto com a dor que senti no instante em que meu pé tocou no chão.

Céus, eu estava brincando quando disse sobre quebrar alguma parte do corpo.
Sinto minhas forças quase indo embora, ajoelhada no chão por não consegui ficar em pé.

             — Ótimo! Pode levantar, falta pouco, continua.. – fala apressado –

Jaiden gritava de algum lado que eu não soube distinguir qual, eu não precisava tirar a venda pra saber que tudo está rodando.

Sua voz parece cada vez mais longe, e a dor latejante  insiste em fazer - se presente.
Será que ele não viu que não dá?
Minha teimosia ainda vai me levar a maus bocados.

Me lembro dele dizendo que faltava pouco então me levanto do chão, lentamente e começo a andar de forma totalmente desengonçada na direção em que ouvi sua voz.
Nesse momento eu não sinto mais meus pés, estou totalmente absorta entre as várias quantidades de adrenalina que me foram expostas..

E apos uns 2 minutos caminhando..

             — Isso! Conseguimos Liz!!

Pude sentir a animação de Jaiden, mas durou poucos segundos antes de cair no chão e ser finalmente acoberta por toda a dor que lutei não sentir antes.
Alguém tira a minha venda, mas esta tudo embaçado.

Vejo de relance alguém olhando para os meus pés e não posso negar, essa reação me preocupou. Se eu não estivesse tão anestesiada de dor, já teria levantado pra analisar a situação.

Escuto uma grande movimentação ao meu redor até ficar totalmente desacordada.

              — Onde eu estou? Olá? – grito –

Ao acordar, percebo estar em um lugar que parece uma enfermaria ou hospital chique, mas só havia minha cama e não estou na Catedral de Son Trev.
Olho para o meu pé totalmente enfaixado, e parece que fui bem cuidada!

             — Jaiden! Tem alguém aqui? Sr. Eron?

Grito, na esperança de uma resposta. Mas posso ouvir até o eco da minha própria voz.
Tem algo errado! Começo a me arrumar para levantar e achar alguém até que escuto passos vindos em minha direção.
Então me apresso, mas a pessoa foi mais rápida que eu.

Aqueles olhos, como eu poderia esquecer?

             — O que? Você de novo? – pergunto intrigada –

Começo a procurar desesperadamente a minha espada mas não a encontro, nem nada que pudesse perfurar alguém.

Então me agarro a haste de metal ao meu lado, antes habitat de alguma medicação que estava tomando, mas agora minha principal arma letal.

Seu caminhar era lento e leve, como se não houvesse absolutamente nada a temer. Então me sento na cama, para encontrar uma posição tática mais favorável, e em um segundo ele já está na beira da cama.

Ao tomar um susto, precipitadamente levanto mas meus pés perdem estabilidade logo após encostar o pé no chão, antes que pudesse cair, o homem que antes estava a beira da minha cama, agora está a minha frente me impedindo de cair!

             — Você não deveria levantar dessa forma, Lizzy!

Sua voz era hipnotizante e por alguma razão, meus olhos mantiveram contato com os dele por um tempo até eu perceber a situação.

            — Me solta!

Então ele me soltou, e soltei um grunhido quando senti a dor do impacto.

             — Você que mandou! – fala em deboche –

             — Onde eu estou?

             — Ord Real!

             — O que??? Por que?? Isso não faz sentido!

             — Muitas perguntas, Lizzy! Logo tudo fará sentido para você.

             — Quem é você?

             — Você quer mesmo saber?