The Oryd [CONCLUIDO]

4

Abaixo a cabeça, tentando entender tudo, até escutar novamente passos em minha direção, dessa vez de outra pessoa.

A luz do sol reluzia em seus cabelos loiros e olhos negros, outro homem alto e forte entrou na sala em que estava e logo veio em minha direção e se ajoelhou.

            — Elizabeth, você está segura aqui!

Ele diz isso fazendo um carinho em minha cabeça, e escuto o outro homem na sala bufar.

             — Segura de que? Quem são vocês? – falo rápido –

             — Perdoe a indelicadeza, eu sou Finn e aquele na janela é o Etiel.

Se um anjo falasse comigo, teria a voz de Finn, extremamente delicada e doce.

              — Finn? Etiel? Vocês só podem estar brincando comigo! Sam tá aí também?

Falo em tom de deboche ate perceber outro homem de braços cruzados, encostado na porta. Esse tinha os cabelos castanhos e tinha o físico um pouco mais comum.

               — Eu devo estar enlouquecendo! O que eu estou fazendo aqui?

               — Você precisa saber de muitas coisas, Elizabeth. Temos muito a conversar.

Enquanto Finn ainda falava, Etiel se movimenta rapidamente e me levanta do chão como se eu não fosse nada.

Consego evitar falar algo mas não pude esconder a minha cara enojada. Tentei disfarçar quando ele olhou de relance mas sabia que minhas tentativas seriam em vão!

              — Algum problema, Loyer? – fala com desdém –

              — Sendo bem sincera? Estou um pouco frustrada em saber a real pessoa que está por trás da nossa realeza. A pessoa que todos adoram não é nem metade do que nos contaram.

              — O que contaram a você? – ele pergunta dando ênfase –

              — Etiel, o rei? Com sua coragem e bravura enfrentou os Macrovs e lutou por todos nós! Se você for mesmo Etiel, entendo por que não se apresenta aos seus fiéis, ficariam decepcionados com sua apatia!

               — Apatia? Eu salvei você! – responde alterado –

Seu tom de voz me assusta, mas não tanto quanto o momento em que ele manda todos saírem da sala.

               — Senhor, não acho bom que fique sozinho com ela! Ela ainda é a Loyer..

               — E você ainda é o Finn, está desobedecendo uma ordem direta?

               — Não senhor!

Todos se retiraram da sala e agora é apenas eu e ele! Não sei o que está por vir, não pensei no que poderia acontecer caso insultasse um rei.

               — Então você me acha apático?

               — Você não é? – pergunto tentando terminar o que comecei –

               — Eu sou o Rei! Por que ainda está falando desta maneira comigo?

               — Por que o que foi dito não pode ser revertido!

Ele se aproxima da cama lentamente, por um segundo achei que ele iria tentar compreender o motivo dessa visão. Então ele agarra o meu pé ferido com uma força que nunca imaginei ser possível! Uma dor eletrizante se instala em todo o meu corpo e qualquer movimento parece ser fatal.

              — O que você está fazendo? – falo com a voz arrastada –

              — Você não é a minha Lizzy!

              — Você está certo... Eu não sou sua! E eu quero voltar pra Catedral!

Num piscar de olhos eu estava em uma outra sala totalmente diferente da que eu estava a instantes atrás.

              — Liz, finalmente você acordou!

              — O que? Onde eu estou Noan? — pergunto assustada—

              — Calma Lizzy você está na Catedral, onde mais você estaria?

              — Não, não, isso não é possível! Eu estava em Ord..

              — Liz, está tudo bem. Foi apenas um sonho. – fala tentando me acalmar –

Como um sonho pode ser tão real? Ainda sinto a dor em meus pés, e ouço as vozes deles. Por que eu estava lá? O que eu preciso saber?

Me foi entregue uma muleta pois ainda não consegui apoiar o pé no chão, acredito que ficarei fora dos treinos por algum tempo até me recuperar. Nossas roupas de passagem também são fornecidas, na Catedral de Son Trev não podemos usar nossas roupas comuns pois todas as roupas aqui são feitas da mais pura seda!

No horário do jantar, as damas vieram me arrumar e trouxeram um vestido longo verde menta, com uma grande fenda na perna.
A minha cor é verde e pelo que notei, será somente essa cor que usarei durante minha longa estadia por aqui, até chegar no nível branco!

              — Você pode seguir para a ala principal, Jaiden já está a sua espera.

              — Certo, obrigada!

Nós nunca tínhamos acesso a ala principal a não ser que nos dessem permissão pra isso. Durante o caminho pude notar os grandes quadros que ficam expostos, não haviam quadros nas alas que frequentamos casualmente.

Comecei a caminhar na direção que fui instruída a seguir, estava tudo bem até encontrar o diário de classe do ano da batalha dos três marcos, lutei com todas as minhas forças para não ir até lá e folhear a procura de três nomes conhecidos mas a curiosidade foi maior.

O primeiro que encontrei foi Finn, ele parece o mesmo ainda, mesmo que centenas de anos houvesse se passado.
Etiel, antigamente ele parecia mais simpático e alegre. Os anos o tornaram carrancudo demais.
Sam, por outro lado, era totalmente diferente do que é hoje. Seu físico era monstruoso, e ele passava muito ar de autoridade.

Continuo seguindo lentamente o caminho até a ala principal, e ao chegar me deparo com uma sala que sequer imaginei existir.
Todas as paredes eram feitas de ouro e haviam lindas pinturas, no centro, a mesa de jantar dava o dobro do tamanho da minha casa, e interagia com os últimos raios de sol como se estivessem em uma grande dança de luzes.

E no fim dela, Jaiden estava ao meu aguardo, com seus trajes finos e luxuosos. Assim que entrei na sala, ele logo se apressou e veio ao meu encontro.

              — Srta.Loyer, você está.. – ele pausa –

              — Sr.Diner, você também está esplêndido!

Logo um clima se instalou e a dúvida dos passos seguintes se tornavam cada vez mais abstratas.

               — Vamos nos sentar!

Ao sentar na mesa, havia um pequeno sino. É comum em casas de grandes senhores, é usado para chamar os garçons para pôr a mesa.
Ao contrário do comum, Jaiden se sentou ao meu lado na mesa, o ético seria cada um sentar-se em uma ponta da mesa, já que não nos conhecemos bem.