Às três horas da manhã acordei assustada por um pesadelo, corri até a cozinha em busca de agua, enquanto descia as escadas pude escutar meu pai e a empregada conversando:
- E o que faremos com aquela garota?
- Como eu deveria saber?
-Ora, você é o pai dela! Mas se quiser eu tenho uma ideia!
- Qual?
- Você poderia manda-la para um colégio interno, assim nos livramos dela!
- É uma ótima ideia!
- Podemos manda-la amanhã!
- Infelizmente terá que ser ano que vem, afinal, nenhum lugar vai aceita-la no meio do ano!
Fiquei furiosa, o que aquela mulher tinha comigo? Não aguentei e entrei na conversa:
- Qual é o problema de vocês?
- Oque faz aqui sua peste, seja uma boa filha e vá dormir!
- Estamos falando sobre assuntos de adultos que você não deve se meter!
- Sério? Você é que não deve se meter na minha vida! Pai, por que quer me colocar num colégio interno?
- Por que me quero ver livre de você, ou você é muito burra para entender isso? Mas a culpa não é inteiramente sua, disse mais de mil vezes para sua mãe abortar, mas ela queria meu dinheiro...
- O que?
- Você esta surda pirralha? Seu pai queria sua mãe te matasse, você não passa de um projeto de aborto mal feito!
Eu estava chocada e irritada, não consegui me controlar e acabei dando um tapa na empregada deixando a marca de minha mão em seu rosto, meu pai segurou meu braço fortemente e me arrastou até o porão da casa:
- VOCÊ FICARÁ AI ATE MORRER!
Comecei a gritar e chorar desesperadamente, o porão era escuro, frio e nojento, era feito só de cimento, e os moveis antigos de madeira que foram jogados lá já haviam apodrecido, no fim, eu era apenas mais uma coisa posta lá para apodrecer!
Já havia algumas semanas que eu estava no porão, era difícil dormir, pois os ratos rondavam o local e faziam barulhos irritantes e ao mesmo tempo assustadores, não recebia nenhuma refeição e não tinha pausas para usar o banheiro, eu ia até alguns moveis e me aliviava, mas não eram tantas vezes que precisava faze-lo, já que não comia, daria tudo para sentir o gosto de algo em minha boca e lembrar da sensação de algum líquido descendo pela garganta, eu estava tão magra e fraca que mal podia me mexer, e mesmo quase sem voz eu passava os dias gritando! Não sabia quando era dia ou noite, havia totalmente perdido a noção do tempo, mas se ficasse ali morreria, de uma certa forma, eu havia desistido.
Havia uma faca por debaixo de todas as coisas velhas do porão, ela estava enferrujada, eu teria que fazer muito esforço, mas era o suficiente para tirar minha vida. Peguei a faca e a encarei, fiz cortes em meu corpo, eram fundos e destroçavam a pouca carne que eu tinha, quando o sangue caiu eu fiquei hipnotizada, o vermelho que logo parecia ser preto, a cor mais bonita! Ri sem parar, estava louca, comecei a escrever palavras como "mate" e "morra" pelas paredes de concreto e a pintava com meu sangue, por fim, foi como se eu soubesse exatamente o que deveria fazer!
Gritei desesperadamente e fiz barulhos com a faca, uma atuação barata, mas convincente! Sabia que logo alguém iria checar se eu havia finalmente morrido, então, pelos quatro dias seguintes eu fiquei em absoluto silêncio, apenas me movi quando escutei os saltos da empregada descendo a escada. Assim que abriu a porta eu pulei em cima dela e comecei a fazer cortes em seu corpo, eu estava com uma força sobre humana, era movimeda pelo meu ódio acumulado, ela não conseguia se soltar, comecei a dar facadas eu sua cabeça, as vezes a faca ficava presa, mas quando se soltava fazia um barulho divertido! Meu pai escutou os gritos e correu ate nós:
- Que porra é essa?
- Você não gostou?
- Você é um monstro!
- Hahahaha, é de família!
Corri até ele, enfiei a faca em seu estômago e continuei fazendo-a subir até onde foi possível, ele caiu morto no chão, seu sangue jorrou em meu rosto e eu lambi os lábios, o gosto de ferro não poderia ser comparado com o sabor de qualquer refeição requintada, pois era mais raro e mais delicioso... Para terminar meu ato, eu joguei a arma do crime na lareira, e como um robô que termina seus afazeres e desliga, eu desmaiei.
Acordei no hospital sem me lembrar de nada, os policiais e as enfermeiras me fizeram várias perguntas, quando me disseram que meu pai morreu eu chorei, e por fim a polícia concluiu que foi um assassinato e que eu era a única sobrevivente.
Fui liberada e cheguei naquela casa enorme e agora vazia, foi quando tudo voltou a minha mente, eu me senti feliz e em paz, eu não teria mais que temer chegar em casa e apanhar, eu seria livre, porém, matar era tão fácil que eu desejava mais!
A campainha tocou, era Lucas:
- Eu precisava saber se você esta bem...
- Sinceramente, me sinto culpada!
- Por que culpada? Você não é a assassina deles!
- Estou me sentindo tão sozinha, e estou com medo!
- Eu estou aqui com você!
Ele se aproximou de mim devagar e me encarou, ele me olhava com ternura e carinho, mas também preocupado, logo percebi que ele estava se aproximando, fiquei parada tentando identificar oque ele ia fazer, quando ele ficou realmente muito perto e depositou um selinho em minha boca, me surpreendi e o encarei com uma cara de " Que isso?", ele se afastou:
- Jane, desculpe, eu não sei oque deu em mim, enfim...Já estou indo!
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele foi embora, estava confusa sobre meus sentimentos, mas de fato ele me fazia bem, era a única pessoa que realmente se importava comigo. Eu queria ter uma alma pura como a dele, mas a minha estava preenchida com escuridão, minhas mãos estavam manchadas de sangue e meu psicológico estava lotado de uma felicidade insana.
Certa vez eu escutei que não há volta após um homicídio, me perguntava se era verdade...
A madrugada chegou apenas para me lembrar de que meu pai não voltaria para casa essa noite e em nenhuma outra. Era a mesma hora em que tudo ocorreu e eu estava trocando meus curativos até que cheguei em meu ponto fraco, minhas mãos doíam e meus olhos ardiam ao visualizar meus pulsos mal cicatrizados, eu sentia uma dor interna, uma raiva, então dei um jeito de descontar tudo, naquele momento eu poderia aliviar minha raiva e ter um motivo visível para sentir dor!
Assim que abri o primeiro corte um barulho ensurdecedor tomou conta do espaço, tapei os ouvidos, mas era inútil, minha cabeça doía como se estivesse recebendo repetidas machadadas. Corri para o exterior da casa, talvez eu apenas precisasse respirar ar puro e tomar um sorvete, com isso em mente eu caminhei até a conveniência mais próxima (Que não era longe). Assim que cheguei percebi que havia alguém assaltando a caixa, me virei e corri "Tenho que ficar longe de confusão!" O ladrão me seguiu até que eu ficasse encurralada em um beco, ele apontou a arma para mim e gritou palavras que me foram incompreensíveis devido ao meu desespero, insatisfeito com meus atos ele se preparou para atirar, algo me atingiu quase como um raio, o encarei e sorri, assim que ele disparou eu pulei para cima dele, prendi suas pernas com meus joelhos e seus braços com meus cotovelos, assim que ele soltou a arma eu o soltei e me apossei do objeto perigoso, o homem tentou recupera-lo e eu o chutei até o mesmo lado que ele havia me encurralado, assustado ele gritou e pediu por misericórdia, eu sorri:
- O que? Não estou ouvindo, grite mais alto!
Atirei antes que ele pudesse reagir. Imediatamente eu joguei seu corpo em uma lixeira e ateei fogo, levei a arma comigo, portar algo como aquilo poderia ser útil. Minha cabeça já não doía mais, ao que parecia, minha dor cessara com a morte...
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Oque eu sou quando estou sozinha?
HorrorUma garota sofre de dupla personalidade, quando ela está na escola ela é amável e gentil com todos, mas quando está em casa sozinha ela tem desejos suicidas. até o dia que suar personalidades começam a brigar, ela acaba sem saber quem ela realmente...