Nat inala o ar frio, saboreando a sensação enquanto ele enche seus pulmões antes de soltá-lo em uma expiração profunda. O cheiro forte de abeto e maresia faz seu nariz coçar enquanto ele se apoia na grade de madeira, pensando em suas ações.Lentamente, ele toma um gole contemplativo do copo rosa cheio ainda em sua mão. Desta vez é só água. O álcool não pode curar o que dói lá dentro, mas pelo menos ele pode tentar apagar o fogo que o queima com a água.
Se alguém perguntasse, ele diria que orquestrou essa pequena pegadinha hoje à noite por pura animosidade contra Max. Essa é a narrativa que ele vendeu aos seus companheiros de equipe e amigos a tempos.
No entanto, Tutor conhece uma versão diferente da história – uma que ele ouviu inúmeras vezes durante as noites nos clubes, seu ponto de encontro habitual, depois de algumas rodadas de bebidas baratas, e churrasco.
Tutor foi o primeiro a ouvir o que Nat realmente quer, se perder no idiota de pele cor de mel e lábios cheios. Mas o jovem atacante ainda guarda ressentimento por coisas que Max provavelmente nem se lembra. Então, agora ele provavelmente diria que fez essa brincadeira estúpida para fazer seu companheiro de equipe se contorcer de vergonha. Para que ele soubessem como era se sentir um lixo. Para apenas...
Bem, a verdade é que Nat não é alguém que gosta de causar dor ou miséria.
–Foda-se – Ele murmura baixinho, as emoções sendo enviadas de volta ao gole de água para se livrar delas, mesmo que por pouco tempo.
Ele vai voltar para casa para afogar a sua tristeza em videogames, longe da pessoa que o machucou dois anos antes. Esse é provavelmente a melhor escolha no seu miserável momento, porque quanto mais ele ficar aqui, maior será a probabilidade de testemunhar um Max feliz e bêbado beijando um dos convidados.
Ou pior.
E é disso que ele mais se ressente, outra pessoa tocando e beijando seus lábios perfeitos quando poderia ter sido ele. Quando ele poderia ter lhe dado um gostinho do paraíso.
——
"Vá embora"Nat implora mentalmente quando a porta da varanda se abre. "Claro", ele pensa, fazendo beicinho internamente. Deve ser James ou Net vindo confortá-lo de sua própria desgraça.
–Aqui está – Diz uma voz que o sacode profundamente.
"Você não. O que você quer? Por que você não pode simplesmente ficar longe de mim?" Nat pensa soltando o ar.
Nat teme que outra repreensão esteja chegando e ele não está com vontade de ouvir. Ele só quer escapar – tanto física quanto emocionalmente.
Ignorando o intruso , ele se vira, pronto para voltar para dentro, apenas para encontrar Max parado mais perto do que o previsto. Sua camisa está úmida onde ele tentou limpar a cerveja, destacando as linhas de seu peito e clavículas.
– O que você está fazendo aqui? Está frio – Max observa.
"Isso é você sendo atencioso e decente?" Nat pensa, mas não vocaliza.
–O gato comeu sua língua, garotinho? – Os olhos de Max, afiados como sempre, fazem Nat engolir involuntariamente. Há algo em sua voz que é incrivelmente suave e forte. Nat não estava acostumado com aquele Max.
–O que você quer?
–Eu? – Max não responde de fato, empregando aquele tom suave que Nat não gosta, ou é isso que ele quer acreditar. – Acabei de te fazer uma pergunta, não está com frio? – Ele acrescenta, olhando para Nat antes de tomar um gole do seu copo.
Os olhos de Nat se arregalaram ao ver o novo copo de Max, roxa brilhante, isso enviou uma onda de emoções através do seu corpo.
-Algo está errado? – Max questiona, exibindo o copo como se fosse uma prova. – Eu não entendi errado de novo, não é?
VOCÊ ESTÁ LENDO
COLOR PLAY
FanfictionNat apreciava a ideia daquela queda. Não em seus braços, claro. Mas no chão. Talvez até danificando aquele nariz perfeito no processo. Se ele tivesse alguma sorte. Seria ideal em poço sem fundo de onde o infame capitão jamais sairia.