Talk With Bee - Terceiro Bloco

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O apresentador não perdeu tempo ao retomarem as gravações.

— Hinata, conta para nós um pouco de como foi sua trajetória até aqui. Você tem duas formações pela Utokio, em Artes Cênicas e em Fotografia. De onde veio a ideia de trabalhar com brinquedos infantis?

— Acho que isso sempre fez parte da minha vida, de uma maneira ou outra — a morena levou a mão esquerda ao rosto e ajeitou o cabelo atrás da orelha. — Desde bem pequena, sempre adorei atividades que de alguma forma criassem alguma coisa, fosse um desenho, um origami ou um vaso feito de argila. Comecei a participar das oficinas de artes durante o ensino fundamental, mas gostava tanto que logo passei a produzir várias peças em casa também, e a presentear as pessoas próximas com o que fazia. Depois de um tempo, comecei a tentar fazer alguns brinquedos. No início eles não eram muito interessantes, até que comecei a costurar bonequinhos de tecido.

— Os bonequinhos eram tão incríveis, B! Acho Tínhamos uns doze ou treze anos quando a 'Nata fez os primeiros. Eles tinham uns vinte centímetros de altura, e ela fazia cada um deles à mão, e depois customizava com características das pessoas que iam ganhar eles de presente. Virou uma febre entre nossos colegas, tinha fila de espera. Depois de umas semanas, até alguns professores estavam fazendo encomendas.

Hinata balançou a cabeça para os lados, e seu sorriso chegou aos olhos.

— Por um pouco menos de dois anos, acho que não teve uma única semana em que eu não fizesse pelo menos um bonequinho. Nós tínhamos um quarto da bagunça em casa que acabou transformado em um mini-ateliê de costura. Por todos os lados havia retalhos de tecido, botões coloridos, miçangas, novelos de lã e linha... Eu fazia tudo, desde as roupinhas até os cabelos e detalhes do rosto, sempre o mais próximo possível às fotografias que usava como referência.

— E quando essa fase terminou?

O sorriso da morena se alargou ainda mais.

— Quando comecei a fazer bichinhos de pelúcia.

A plateia irrompeu em um "ownnn" coletivo. Bichinhos de pelúcia definitivamente combinavam com a doce entrevistada, que prosseguiu assim que o barulho diminuiu.

— Levei para eles a ideia da customização, mas como davam muito mais trabalho que os bonequinhos, fazia somente para as pessoas próximas. Eu me apaixonava por cada um deles, mas o que realmente me deixava feliz era a expressão no rosto das pessoas que recebiam um — Hinata olhou para Naruto e gargalhou. — Tínhamos um colega que era o estereótipo de bad boy, além de ser meio emo e estar sempre emburrado. Fiz para o aniversário dele um gatinho preto, rosto branco e cara de tédio, usando roupinhas de couro e cheio de correntes.

— Ele ficou em choque quando abriu o pacote de presente, franzindo as sobrancelhas, e eu poderia jurar que ele queria esganar a 'Nata. Até que, de repente, ele começou a rir. O cara mais mal-humorado da escola de repente gargalhava de um jeito que ninguém jamais havia visto, e aquilo foi tão engraçado e assustador ao mesmo tempo. Ele passou a noite inteira andando com o bicho embaixo do braço, de um lado para outro, apresentando para todos como sua versão mirim.

— Na época eu já pensava muito em me aprimorar no artesanato e trabalhar com brinquedos. Mas nesse dia, depois daquela reação, cheguei à conclusão de que o meu destino era feito de pelúcias.

— Mas, para minha sorte, você acabou se graduando em outras duas áreas — acrescentou o mais velho com um sorriso.

— Nem sempre os caminhos que escolhemos nos levam diretamente aonde esperamos chegar... — Hinata suspirou, mas manteve a expressão leve. — Quando concluí a universidade e retornei à Konoha, tinha planos de trabalhar com cenografia e fotografia, já que são duas áreas complementares. Consegui uma vaga para trabalhar como cenógrafa adjunta no Teatro Minamiza e montei um estúdio de fotografia, mas descobri rápido que jamais seria bem sucedida como fotógrafa.

When We Were Young (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora