CAPÍTULO 2

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Rhysand

Na varanda da sala da Casa do Vento, eu refletia sobre tudo e, ao mesmo tempo, nada. Os quase cinquenta anos em Sob a Montanha. A vinda de Feyre para Velaris. A iminente guerra contra Hybern. O estúpido livro que nos resultara em um promessa de sangue. Os olhos cor de ébano que eu há tanto via em minha mente.

– Amren está irritada. De novo - Feyre disse vindo em minha direção. - Está tudo bem?

Fiquei em silêncio. Estava tudo bem? Considerando que há alguns meses eu quase não tinha mais esperanças de sair daquela montanha, estava tudo ótimo. Mas o vazio em meu peito…

– Cassian pegou muito pesado com você hoje? - Disse, desviando sua atenção.

– Não mude de assunto, Rhys. - Fey disse revirando os olhos. - Sabe que pode conversar comigo, não sabe? Somos amigos!

– É claro que somos, Feyre, querida. - Eu disse sorrindo. Seus olhos azuis acinzentados viraram em minha direção. Era quase fácil demais confundir o que tínhamos. Se não fosse por aqueles olhos cor de ébano…

Ela suspirou. Olhando o céu, murmurou que estava cansada e Azriel disse que iria levá-la de volta à casa da cidade. Eu rebati dizendo que poderia levá-la, mas Feyre sorriu e me dispensou.

– Você magoa meu ego quando diz que não sou insubstituível, sabia disso? – Eu ri.

– Você irá superar, Grão-Senhor. - Feyre debochou e me deixou sozinho com as estrelas.

Algum tempo depois, ouço Amren gritar na sala. Vou até ela, preocupado com o que poderia ser.

– Amren, encontrou algo?

– Há um poema nesta página aqui. - minha imediata disse empurrando o livro em minha direção. Franzi a testa para ela e Amren revirou os olhos. Murmurando algo sobre eu não saber línguas antigas, a feérica recitou:

“Nascida na noite dos mortos, 

Carrega consigo a derrota do rei.

O laço que une mundos separados,

A criança da deusa tríplice há de buscar”

O silêncio reinou na sala por um breve momento. Eu repassava as breves quatro linhas ditas por Amren quando ela fez algo que nunca achei que seria possível: deu um gritinho de animação.

– “Carrega consigo a derrota do rei”, tem que ser isso, eu sei! E olha, nesta parte aqui, tem uma espécie de feitiço…na verdade, parece mais uma invocação.

– Agora teremos que invocar algo?

– Quer derrotar Hybern ou não quer? - Disse ácida.

– O laço que une mundos separados…uma parceria? - Refleti. Busquei em minha mente uma pessoa que poderia se encaixar nesta frase. Não obtive resultados. – E algo sobre uma deusa…Amren, amanhã eu e você iremos visitar a Biblioteca.

No dia seguinte, eu me encontrava com Amren na Biblioteca de Velaris. Com o auxílio de uma das sacerdotisas que cuidavam do lugar, fomos até um corredor no segundo nível, fora da vista de olhos alheios.

– Aqui estão todos os escritos e passagens que temos sobre os deuses, Grão-Senhor. Caso precisem de algo mais, basta me chamar. - Disse ela.

– Muito obrigado, Isys. - Percorri meus olhos ao longo das fileiras de livros catalogados. Alguns pareciam ser mais velhos do que a própria Amren.

Pegamos alguns exemplares aleatoriamente e começamos a pesquisar. Eu revirava página por página, algumas passagens escritas em um dialeto antigo, hoje, pouquíssimo utilizado na Corte Noturna.

⭐️ Violet Eyes ⭐️- RhysandOnde histórias criam vida. Descubra agora