CAPÍTULO 4

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🎵 New Perspective - Panic! At The Disco🎵


Lucy

Ele me encarou. Suas íris, tão violetas quanto as ametistas que adornavam meus pugios, me lembraram do céu estrelado de Niagara Falls - eu havia me esquecido das vezes em que Nick, meu pai e eu acamparamos nas cataratas canadenses. Seu olhar era penetrante, carregado de poder e sedução. E sua atenção estava totalmente voltada para mim.

Era alto, poderia ter dois metros facilmente. Usava um impecável terno preto bem ajustado ao seu corpo, musculoso e com a consciência corporal de um guerreiro. Seus cabelos eram da cor da obsidiana e uma pequena mecha caía elegantemente sobre sua testa.

Minha cabeça zumbia, mas não desviei os olhos dos seus. Se travávamos uma batalha particular, eu estava mais do que disposta a vencer. Seus olhos violetas que tanto me perturbaram a mente não iriam me abalar - não agora, não aqui, na frente de todos. Continuei com minha máscara de impassibilidade e, por fim, ele desviou o olhar.

Fechei a porta da sala de reunião com um surdo baque e lentamente me encaminhei à cadeira da extremidade esquerda, meu lugar de costume. Eu sentia a atenção que era dirigida a mim, mas não transpareci meu abalo emocional. Muitos dos meus amigos e conhecidos que estavam ali reunidos não me viam há algum tempo - eu era a primeira a levantar para o café da manhã do refeitório, constantemente pulava os treinamentos coletivos e a fogueira e era a última que jantava. Negava convites e dispensava campistas que cruzavam meu caminho. O único momento em que realmente me viam era na Caça à Bandeira, quando eu permitia extravasar toda a angústia guardada em meu peito.

Sentei na cadeira à direita de Annabeth e Quíron pigarreou para chamar a atenção de todos ali reunidos. Meus olhos estavam focados no centauro, mas minha mente vagava longe. Quem era ele? O que era ele? E, a pergunta que mais me angustiava: por quê eu sonhava com ele?

- ...E então eles vieram parar aqui no acampamento ontem à noite. - O centauro disse. Franzi a testa em confusão e olhei para Annabeth.
- Viagem interdimensional. Guerra. Feéricos. - minha amiga murmurou baixinho para mim.

Isso não podia ser possível, poderia? Haviam lendas entre os filhos da magia, histórias que as criaturas da noite nos contavam e segredos que os grimórios guardavam. Mas nunca haviam sido levados à sério...

Nick as levava.

"-- ...Ela criou um artefato mágico e dele nasceu essa terra escondida na dimensão separada pelos bolsões mágicos. Não é incrível, Lucy in the sky? - Nick havia ganhado de presente de Hécate uma espécie de enciclopédia mitológica encantada. Ele, que era fissurado por histórias em quadrinhos da Marvel e contos de fadas, se sentia nas nuvens por ter sido reclamado filho da deusa da magia e das encruzilhadas.

Claro que para ele não importava que nós não tínhamos nosso próprio chalé no acampamento, nem que ele quase morrera tentando chegar na barreira mágica. Ele simplesmente era assim, via o lado bom de todas as situações. O beliche espremido na parede? Que nada, ele preferia porque se virava muito à noite. A quimera que quase arrancou sua cabeça? Se os deuses estavam o testando era porque sabiam que poderia lidar com o monstro.

Revirei os olhos discretamente. Eu tentava não me amargurar, mas era muito difícil. Hécate nunca havia sido de grande serventia para mim, mas colocar meu irmão em perigo e ainda por cima alimentar as fantasias na cabeça dele ao invés de não ser uma covarde que corria atrás do rabo de Cronos? Nossa mãe iria ouvir umas poucas e boas de mim.

- Muito legal, Nick, mas realmente precisamos arrumar o chalé. Silena não vai ficar feliz de ver sua cueca embolada na coberta. - direcionei um olhar a ele. Meu irmão ruborizou. Como todo pré adolescente de doze anos cheio de espinhas naquele acampamento, ele tinha uma enorme queda pela filha de Afrodite.

⭐️ Violet Eyes ⭐️- RhysandOnde histórias criam vida. Descubra agora