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Não foi inesperado quando Draco isolou-se na cela após o almoço, onde passou toda tarde chorando em sua própria companhia.

Potter, o seu colega de cela e homem com quem trocou algumas palavras no refeitório, voltou a sumir após deixar o local das refeições.

Draco se sentia no fundo do poço. Segundo seu advogado, eles estavam buscando combater as poucas “provas” para que fosse absolvido do caso e solto.

Minutos sozinho na cela úmida o fizeram despencar em lágrimas. Aquele não era seu lugar, não havia cometido crime algum.

Encolhido na cama debaixo da beliche, ele estava sobre o colchão que parecia-se mais velho que ele e fino como se fosse um papelão.

À medida em que a ficha caía, tudo se tornava mais sombrio em sua mente. Seus pais e amigos viraram as costas para ele, não teria ajuda, apoio ou sequer uma visita reconfortante.

Ele estava sendo tratado como o assassino que não era.

Seu testemunho perante o tribunal não significou nada. Mas ele sabia que a verdade estava sendo dita: ele foi apenas um garoto burro tentando ajudar um homem morto.

Ao parecer, realmente boas pessoas se davam mal e seus bons atos nunca eram o suficiente.

No fim da tarde, quando precisou voltar à cela, Potter encontrou o colega dormindo na cama de baixo. Ele olhou um momento para a cena.

O rosto inchado de Draco deixava claro que havia chorado bastante, seus fios médios estavam espalhados em seu rosto, de modo que fazia entender que adormeceu de um jeito desleixado.

Potter andou até ele, acertando dois tapas fracos em seu ombro, fazendo o outro acordar apressadamente, de modo assustado.

— Você está na minha cama.

— Desculpe — resmungou baixo, apressando-se em sair de cima do colchão velho. Até mesmo seu cobertor era melhor do que aquele colchão.

Draco segurou as bordas da escada enferrujada que levava para a cama de cima e subiu. Não ousou dizer nada, seria capaz de arrumar confusão sem saber defender-se.

No momento em que deitou-se no colchão superior, o ouviu ranger e uma camada de poeira subiu, lhe fazendo espirrar. Deveria estar sem uso a meses.

— Hm...com licença — falou em voz alta, imóvel sobre seu colchão sujo, esperando que não irritasse o outro homem — este colchão aqui está muito sujo e eu tenho alergia, será que poderia dormir no seu?

— Não.

Foi uma resposta educada para o que ele esperava.

Draco voltou a sentar-se na cama, engatinhando até a escada novamente, para descer o mesmo trajeto feito na subida.

Potter o olhava puxar o cobertor da cama de cima, para estender no chão frio. Em seguida, ele colocou travesseiros sobre o pano e deitou-se.

É claro que dormir naquele chão não era uma opção boa, no entanto era melhor do que passar a noite em pura crise de espirros e acordar com uma séria alergia.

As correntes de vento frio percorriam a cela pequena, vindo pela janelinha acima. Ele se encolheu debaixo da coberta, se pudesse escolher entre a crise alérgica ou congelar de frio: escolheria morrer.

Potter já estava com os olhos fechados, o que levou Draco a insegurança de que estava ”sozinho” com aquela escuridão que rondava a cela. O corredor do lado de fora estava vazio, ele conseguia, vez ou outra, ver a sombra de algum guarda.

Ele saiu das cobertas e engatinhou sobre os joelhos até a borda da cama de Potter, o olhando bem de perto:

— Posso dormir aí?

Cela 028 - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora