Capítulo 11

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Capítulo 11 | Lembranças


Nós nos olhamos por um tempo antes de eu soltar nossas mãos e ele passar a sua mão na nuca. Ele estava envergonhado. 

Por que minha mãe não disse que eles viriam mesmo sabendo o que aconteceu entre nós? Não era possível que ela estivesse simplesmente querendo fingir que nada aconteceu e agir como se ainda fossemos uma família feliz e unida. Isso era bem a cara dela, fingir que os problemas familiares não existiam, achando que vai fazê-los sumir de verdade. 

— Nossa… não achei que o clima fosse ficar assim — comentou Lavínia, tentando evitar o sorriso constrangido — Podemos voltar outro dia. 

— Não tem problema — disse meu pai, começando a mexer em seus cabelos 

Lavínia sorriu, sendo acompanhada por Karen e Helena, que conduziram a família Barros Mwangi para a sala de estar. 

Eu me sentei no sofá ao lado do meu pai e tentei processar o que estava acontecendo. A família do meu ex-namorado estava fazendo uma visita em nossa casa. Isso soava um pouco estranho, eu não estava mais acostumada com a presença deles como antes de terminarmos, mas o que eles vieram fazer aqui? 

— … e foi assim, desde que eles terminaram… 

— Mãe! Podemos não falar disso? — Nikolas disse 

— Mas por quê? — Lavínia olhou para mim — Você se sente assim também, querida? 

— Como? Desculpe, eu não estava ouvindo. 

Lavínia soltou uma risada divertida, como se tivesse se lembrado de coisas boas que aconteceram no passado. Enquanto isso, eu observava Nikolas. 

Apesar de ele continuar com sua aparência impecável e, aparentemente, sua personalidade tranquila e divertida, agora eu já havia me lembrado bem do porquê de nós termos terminado. Eu já não estava mais surpresa nem nervosa, eu havia voltado ao meu estado são e racional, embora eu ainda tivesse um pouco da vontade de puxar os cabelos dele e de Helena. 

— Ah, querida — Lavínia disse, ainda sem tirar o sorriso do rosto — Você não mudou tanto quanto parece, continua um pouco distraída. — ela se levantou de onde estava sentada, afastou meu pai do lugar onde ele estava e sentou-se ao meu lado, começando a passar seus dedos pardos pelo meu rosto e cabelo — Mas você está tão pálida, não me lembro de você ser assim, seus olhos também perderam o brilho que tinham. 

— Acho que passei a não gostar tanto que toquem em mim também — afastei a mão dela delicadamente de mim e me afastei um pouco — Mas, diferente do que parece, eu estou muito bem. 

— Tem certeza que…? 

Uma tosse forçada foi ouvida do outro lado da sala. 

— Querida… — chamou Amir — você está sendo um tanto… invasiva. 

— Exatamente! — Jane veio até nós, levou sua mãe para o lugar onde estava e se sentou ao meu lado — Não viemos aqui para jogar conversa fora. Não vocês adultos, pelo menos. 

Lavínia fez uma careta, mas logo começou a falar com minha mãe sobre a parceria que elas estavam fazendo entre suas empresas, iniciando uma longa e chata conversa sobre lucros, gastos e clientes querendo mais do que o mundo pode dar. Jane me olhou de canto e deu um pequeno sorriso, o qual retribui. 

Ela havia mudado um pouco, não me lembrava de ela tomar esse tipo de atitude, principalmente quando estava na presença de outras pessoas que não fossem da sua família. Ela também estava mais bonita que antes, os cabelos pretos pareciam mais hidratados e mais lisos, os olhos estavam castanhos, estavam mais “vivos” e a pele já não era tão pálida. 

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