| Capítulo 22. A Fuga |

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Valerie, é conduzida e adentra sozinha no quarto de Kevin. E lá, a moça o encontra, quer dizer. Encontra uma de suas identidades voltadas de frente para a parede.

- Kevin? - Chamou a mesma

- Ora, ora, ora... - Sorriu - Então, ela voltou. - Pontou num sorriso

- Patrícia?

- Acertou mais uma vez querida. O que veio fazer aqui dessa vez? Ahh não... Permita-me que eu adivinhe dessa vez. Veio nos convencer á deixar que o Kevin fique na luz não? Sinto muito, mas isso não será possível. Nem agora, nem nunca ou depois disso. Pode ir... E procure não voltar mais

- E por que não?

- Isso está ficando tão cansativo... - Suspira pesadamente - Mas me esforçarei por uma vez, na tentativa de afirmar com todas as palavras que a sua inutilidade não nos afeta em nada

- É o que você acha?

- Eu não acho. Tenho certeza - Sussurra

- Só que "A Fera" não pensa assim.

- E quem você pensa que é, minha jovem, para ousar supor o que um ser tão extraordinário como "A Fera" pensa ou deixa de pensar?

- A Fera não pôde me matar. - Afirma - Ela podia, e teve a chance de dar fim a minha "Inutilidade" como disse, mas ela não fez. Quer que eu descreva a cena? Estava eu, dentro de uma cela cercada por barras de ferro, segurando uma espingarda nas mãos enquanto era coagida pelo semblante voraz da criatura que me convencia de que eu não escaparia viva de suas garras. Mas aí, ela parou de retorcer aquelas barras que em suas mãos pareciam serem feitas de papel alumínio, e começou a olhar pra mim, e a reparar na dor que eu sentia por saber o que deveria fazer e não tinha coragem, eu não sei o que se passou na mente dela, mas eu só sei que por alguns instantes, aquele olhar negro de pulpilas dilatadas, azulou-se por alguns segundos enquanto ela parecia lutar consigo mesmo. E daí. Ela fugiu, e me deixou pra trás, com uma cicatriz apenas - Mostra para Patrícia uma cicatriz em sua panturrilha, outrora rasgada pela Fera - Uma cicatriz feia eu sei, mas que pode comprovar a minha história.

Patrícia olha-na conflita.

- Não, não...

- É a verdade. Sua "Fera" podia ter me matado, mas tal como na história de Andrômeda, não conseguiu. E no fundo você sabe por que, eu sou a única coisa que faz com que Kevin se lembre que é apenas um homem comúm, com lembranças, sentimentos, e um passado. Por mais doloroso que seja, em sua forma humana, ele é apenas um homem, e se contenta em ser assim, mas você... Que julga se preocupar tanto com ele, é a única que não enxerga como ele verdadeiramente é. Ele é perfeito. A sua maneira, e você. Têm o coagido, fazendo o mesmo papel que outrora pertenceu a mãe dele

- Eu não sou nada parecida com ela! - Exclama - Eu o amo! - Deixava rolar uma lágrima de um de seus olhos

- Então deixe ele ser quem é. Amado e não Odiado. Um homem e não um animal.

A mesma suspira, num ato de desarmar-se.

- Olhe pra mim Patrícia... - Se aproxima dessa - Acha mesmo, que eu seria capaz de machucar o Kevin? Agora olhe para si. Qual de nós duas ama quem ele realmente é e não o que julga que ele deveria ser? Admita que quem o colocou aqui, nesse lugar e nessa situação, foi você.

Monitorada pelo sensor da câmera de seu quarto, Patrícia acaba dando um passo maior e ultrapassa a linha ativando o painel que trazia outra identidade á luz.

- Ahhh! - Ofegava a identidade, como se acabasse de ser trazido á tona de um mar aberto - O que aconteceu?!

Essa o olha na tentativa de decifrar quem poderia ser.

SPLIT: AndrômedaOnde histórias criam vida. Descubra agora