3. Bebedeira

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14/03/1996, 16:00

Guarulhos

DINHO

Finalmente a minha casa. Eu e os meninos estamos extremamente cansados. Nessa turnê fizemos loucuras, explodimos a Música Brasileira, havia dias que fazíamos 3 shows. Com certeza todos nós estamos exaustos. Entretanto, ando muito preocupado com o Bento, ele tá passando por um momento complicado... fez merda o bichinho, mas ele é muito sentimental também.

Olhei no relógio, marca por volta das 16:00. Já estava na sala onde fica o telefone mesmo, não custa nada perguntar como tá o cara. Tiro o telefone do gancho e disco seu número

-Alô? - Uma voz masculina atendeu, acho que é um de seus irmãos.

- Maoê, quem tá falando? - disse imitando a voz do Silvio Santos, pra quebrar o gelo.

- É o Dinho?- escutei uma risada - Aqui é o Maurício cara, vou passar pro Bento tá bom?

-Beleza cara! - afirmei esperando o Bento no telefone

- Alô, Dinho? - escutei sua voz, parecia estar cansado

-Fala o japa, como você tá? - perguntei

- Ah cara... eu to meio desanimado sabe? Eu e a Aninha terminamos, não sei se vou ser tão presente assim na vida do meu filho também. - Sua voz estava um pouco triste

-Poxa cara, não fica assim não. Bora sair hoje pra gente descontrair, e se quiser conversar sobre isso to aqui viu?

- Pode ser mano... quer ir aonde? - ele perguntou

- Pô, passa aqui que a gente decide, o que acha?

- Está bem, meia hora tô ai então, ok?

- Fechou cara, tô te esperando.

Assim que escuto o som da ligação desligar, vou ao meu quarto trocar de roupa para receber o Bento, e enquanto ele não chega dou uma arrumada geral na casa.

-O GRACE KELLEN VEM AQUI- gritei a fim de que a minha irmã me escutasse.

-Que foi cabeção? - minha irmã apareceu no corredor, com uma feição confusa no rosto.

- Cara, tá ligada o Bentinho? - perguntei me sentando no sofá

- Sim, o que tem? - respondeu se sentando ao meu lado

- Mano, o cara tá mal sabe? Terminou o namoro, tá com uns rolos complicados aí - disse encostando a cabeça no encosto do sofá - Cê tem alguma dica pra eu ajudar ele? O que falar, sei lá.

- Ai Dinho, você é tão descolado e tá pedindo a minha ajuda? Sei lá, fica do lado dele pra ajudar nesse momento difícil, leva ele pra beber... não sei- respondeu com uma expressão confusa

- Ele tá vindo aqui em casa daqui a pouco - falei deixando um silêncio no ar - cê acha que eu tô fazendo certo?

- Uai Alecsander, o cara é seu amigo não é? Leva ele pra dar uma volta, vai viver um pouco, aproveita que não tem show pra fazer esses dias e vão curtir- ela se levantou encerrando o assunto, e caminhou para dentro de seu quarto.

Escuto o som da campainha de casa tocar, e fui de encontro com a porta receber o meu amigo.

-Fala Japa - falo ao abrir a porta - entra aí cara, tá em casa

-Oi Dinho - Bento disse com um semblante triste - com licença - entrou em casa, retirou os sapatos deixando do lado da porta

- Senta ai, vou pegar umas coisas pra gente - me dirigi até a cozinha abrindo a geladeira e pegando duas cervejas. O dia estava quente, então acredito que Alberto vai gostar de relaxar um pouco

Meu Japa do AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora