7. O plano

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16/03/1996 - Sábado

11:00 - Guarulhos

THIAGO

Desde que Marina atingiu a maioridade e começou a tomar rédea das suas próprias escolhas, nossos pais têm a tratado como se ela fosse ninguém. São superprotetores e não deixam ela sair com quem eles não aprovam, dentre outros abusos. Comigo, a história sempre foi diferente. Deixei o catolicismo aos 17, e hoje com 25 anos eles ainda me tratam normalmente,e se eu souber pedir com jeitinho eles fazem tudo o que eu quiser, parece que sou o filho preferido.

Aproveitei que meus pais estavam assistindo televisão no quarto, desci as escadas segurando a agenda da minha irmã e fui até o telefone. Disquei o número do Sérgio, já que eles já haviam vindo aqui e pelo menos sabem da minha existência.


- Alô? - Sérgio atende o telefone

- Cara... aqui é o Thiago, irmão da Mari - respondi falando baixo. - O negócio é o seguinte, meus pais são meio superprotetores e abusivos com a Marina, e acabou dando merda quando ela foi falar do churrasco de vocês hoje.

- Ih, cara, sério? Não queríamos que causasse problemas - ele respondeu - Qualquer coisa fazemos outra coisa outro dia, sei lá

- Não, eu vou dar um jeitinho de ela ir aí hoje. Mas eu preciso bolar um plano. Vocês tem como encontrar com ela em algum lugar?

- Estávamos combinando de todos nos encontrarmos no cecap umas 15:00, mais ou menos

- Beleza. Eu vou pedir pra ela encontrar vocês lá por esse horário então e distrair meus pais pra que eles não percebam que ela saiu de casa. Por favor, estejam lá no horário, e assim que a virem já bota ela no carro.

- Beleza cara! Qualquer coisa liga - Sérgio respondeu

- Até mais! Vou desligar, tchau tchau - Coloquei o telefone no gancho e me levantei, em direção ao quarto dos meus pais.


Chegando lá, bati na porta e fui respondido com um "quem é?", após responder eles me deixaram entrar.


-E ai mãe? - sentei-me na cama junto de meus pais, fingindo naturalidade,

- Oi meu filho - falou como se nada tivesse acontecido minutos antes

- Tava pensando, eu queria fazer algo diferente depois do almoço hoje... o que você acha de irmos ao cinema? - perguntei

- Pode ser filho! Vou adorar esse momento com você! - respondeu

- Eu vou no mercado comprar algumas coisas para o almoço, ok?

- Tudo bem, filhote! Cuidado viu? - é incrível como é diferente a forma que ela me trata, em comparação com a minha irmã.


Saí de casa com as minhas chaves e a primeira coisa que eu fiz antes de ir ao mercado foi passar no primeiro chaveiro que eu vi. Mandei fazer a cópia da chave da porta de entrada da casa, que segundo o profissional, ficaria pronta em cerca de 20 minutos. Enquanto isso, fui ao mercadinho na mesma rua e comprei alguns legumes e macarrão pra fazer um almoço legal para a minha irmã, porque ela merece. Retornando para casa, já com as compras e a cópia da chave, deixei as sacolas na mesa da cozinha e fui em direção ao quarto de Marina.

A garota se encontrava adormecida, com o rosto enfiado no travesseiro. Nos últimos meses ela parece ter emagrecido bem, provavelmente por conta da relação com meus pais e sua rotina cheia.


- Ei, Mari - cutuquei seu ombro de leve, ela tem sono leve então não preciso fazer muitos malabarismos pra acordá-la

- Oi? - respondeu com sua voz sonolenta

- Olha só o que eu te trouxe! - Estendi a cópia da chave, e ela a pegou com uma feição confusa - é o seguinte, depois do almoço eu, a mãe e o pai vamos ao cinema. E essa vai ser a sua deixa para dar uma escapadinha e ir nesse churrasco. Os meninos vão estar te esperando a partir das 15:00 no cecap

- Não acredito que fez isso por mim - a garota sorriu e me abraçou - e quando eu voltar? como que eu faço pra mamãe não me matar?

- Eu te dou cobertura, não vou deixar que ela faça nada com você. Você vai voltar hoje ainda? Ou amanhã? - questionei

- Não faço ideia - respondeu - eu te mantenho informada pelos meninos, se eu precisar te ligar eu peço pra um deles ligar pra cá e fingir que é um amigo seu, aí vocês conversam.

- Ta bom! Eu vou fazer o almoço ta? Macarrão com ratatouille e carne moída do jeitinho que você gosta! E ah! Trouxe uma sobremesa pra você também - deixei uma barra de chocolate na sua cama e fui em direção a cozinha.


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Notas da autora:

Capítulo super curtinho narrado pelo kingo do irmão da protagonista, que se mostrou um belo de um melhor amigo e cumplice dela. Como cada capítulo é narrado por um personagem, esse precisou ser mais curtinho, porque o próximo vai ser narrado pela Marina, no mesmo dia da história.

Ainda hoje tento lançar mais um!

Abraços da Lulu

Meu Japa do AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora