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[N/A: E a última história que faltava eu atualizar em 2024! Bora que agora o circo começou a pegar fogo!]

Em um instante, o instinto de sobrevivência e o treinamento militar entraram em ação. Ambos sacaram as armas dos coldres, já se encaminhando para a saída.

A cena que se desdobrou em seguida foi idêntica à de um filme de terror. Das portas destrancadas começaram a surgir hordas de infectados. Pessoas em aparente sofrimento, algumas já avançadas na decomposição, outras ainda não.

O primeiro tiro veio da arma de Steve, Natasha disparou em seguida. Não é como se nunca tivesse atirado em ninguém antes, mas definitivamente não em tantas pessoas ao mesmo tempo. Os infectados caíam um após o outro em um dominó sinistro enquanto ela e Steve tomavam o rumo da porta em direção ao carro.

"Corra. Não deixe eles te tocarem, proteja-se com a mochila."

Sem perder tempo, Natasha entrou no banco do motorista, dando partida no carro e observando em transe enquanto Steve se livrava dos que estavam no caminho. Uma vez que o colega sentou no banco do passageiro, ela deu ré bruscamente, sentindo o carro passar sobre alguns dos que os ameaçavam. Uma vez na mão certa, acelerou para longe.

Não demorou nem vinte minutos para que não houvesse mais nenhum infectado à vista. Aquilo não passou despercebido a ela, mas continuou acelerando para longe, o ronco suave da SUV dando um tom quase irônico de normalidade em meio ao caos.

"Sabe aonde está indo?" Steve perguntou após meia hora de trajeto. Ela não respondeu imediatamente. Sabia, mas ao mesmo tempo não tinha ideia de como chegar.

"Romanoff?"

"Hm? Eu te escutei."

"Para onde estamos indo?" Ele pressionou.

Ela engoliu em seco.

"Para o Texas."

"O que?" O tom indignado e surpreso dele ao mesmo tempo a trouxe de volta ao estado de alerta.

"Vamos encontrar Clint!"

Era óbvio na cabeça dela. Já havia infectados no Texas, mas ela não tinha mais meios de se comunicar com o marido. Sabia que provavelmente ele estava se movendo para encontrá-la, também. A melhor opção que tinham era sair dali e rezar para que se encontrassem no caminho.

"Ok, eu não me oponho a isso, mas é óbvio que não vamos chegar em Dallas hoje! Estou perguntando o que vamos fazer agora! Não podemos simplesmente dirigir sem parada alguma! Vamos ter que trocar de carro, conseguir armas, comida!"

O cenário apocalíptico que ele estava desenhando diante dela não fazia o menor sentido. Poucos dias antes, tudo era apenas uma ameaça.

"Como eles souberam onde estávamos? Por que vieram nos atacar?" Ela perguntou, tentando entender alguma coisa sem sucesso algum. Pela primeira vez, sentiu hesitação na voz do colega.

"Somente a SHIELD sabia onde estávamos. As portas foram destrancadas remotamente. Foi alguém de dentro. Iam nos deixar de quarentena no hospital e sabe Deus o que ia acontecer, mas como fugimos, armaram para a gente. Estávamos sendo vigiados. Por via das dúvidas, temos que nos livrar desse carro logo."

As perguntas eram muitas. Quem diabos poderia ter feito aquilo? Com qual motivo? Estaria a SHIELD inteira comprometida?

"Para onde vou?" Ela perguntou. Steve tinha um mapa na mão, tentava enxergá-lo com a luz precária do carro.

"Markleeville. Estamos a pouco mais de duzentos quilômetros."

"Mostre o caminho."

A noite ia ficando cada vez mais escura conforme avançavam. A estrada para o Condado de Alpine estava quase que completamente vazia. Não tinham tido nenhuma notícia de infectados ali, o que fez a adrenalina finalmente baixar.

O estômago de Natasha roncou alto. O cansaço começou a se fazer presente. Quase três horas depois, chegaram ao Departamento de Polícia. Era uma região montanhosa, consideravelmente mais fria do que Sacramento. Combinado ao vento da madrugada, ela sentiu arrepios.

Não foi preciso grande esforço para abrir a porta da pequena delegacia - não era um condado acostumado a grandes ocorrências - tanto que em plena madrugada, a delegacia estava fechada.

Sendo silenciosos e rápidos, pegaram as poucas armas que havia à disposição. Até mesmo as únicas três câmeras do ambiente foram fáceis de desligar. A SHIELD faria as contas muito rápido quando aquele incidente chegasse a eles, mas tanto Natasha quanto Steve esperavam que demorasse ao menos umas vinte e quatro horas para que isso acontecesse; altura à qual estariam longe.

Antes de sair, ela se abasteceu de salgadinhos e refrigerantes roubados da máquina de snacks. Não era comida de verdade, mas na fome, seria melhor que nada.

~

O próximo passo foi se livrarem do carro. Trocaram por uma caminhonete estacionada em um posto de gasolina - aproveitaram para encher o tanque e seguir viagem.

"Quer trocar?" Steve sugeriu. "Temos que achar algum lugar para dormir."

Ela apenas fez que não com a cabeça. Estava cansada - aquela noite parecia estar durando semanas. A ideia de parar em um hotel qualquer na beira da estrada era sedutora, mas não poderiam simplesmente fazer isso. Aproveitando a região em que estavam, resolveu pegar qualquer estrada para encontrar algum pequeno chalé de caça. Com sorte encontrariam alguma coisa vazia.

Uma vez no pequeno chalé, o qual parecia ter sido há muito abandonado - talvez posse de uma família que já não vinha visitar com frequência - a primeira providência de Steve foi trancar as portas e bloqueá-las com obstáculos. A segunda foi acender os lampiões na casa - a lareira chamaria demasiada atenção se alguém visse de fora.

"Para onde vamos amanhã?" Ela perguntou.

Steve demorou para falar. Passou uma mão cansada pelo rosto. Tinha sido um dia longo para cacete, estava exausto.

"Acho que deveríamos cruzar a fronteira."

Um silêncio mortal se fez. Aquilo era impensável - Natasha não iria a lugar algum sem Clint.

"Não." Ela respondeu prontamente. "Se você quiser ir, pode ir. Eu não vou. Estou indo até o Texas."

Ele rolou os olhos.

"Não vou te deixar. Temos uma chance melhor juntos!"

"Eu não vou deixar meu marido para trás! Você faria o mesmo!"

Um silêncio sobreveio. Em situações normais, Natasha pediria desculpas pelo que tinha dito - afinal, Steve não ia até a Peggy porque naquele momento era geograficamente impossível.

"Vamos até o Texas. Mas de lá, vamos direto para a fronteira, entendeu? Independente de qualquer coisa."

Ela entendeu muito bem o que qualquer coisa significava. Se achassem Clint ou não; se ele estivesse vivo ou não. Engolindo em seco, ela apenas fez que sim com a cabeça, se jogando no sofá. Apesar de tudo, estava bem conservado.

Rogers se deitou no tapete ao lado dela, de espingarda armada em punho. A luz fraca do lampião fazia sombras esquisitas pela casa, e pela primeira vez, ela sentiu muito medo. Há anos não tinha aquela sensação estranha, como quando era uma criança assustada.

Não queria fechar os olhos, pois se lembrava de Maria, dos cadáveres, dos infectados. Quis chorar, mas mordeu os lábios. Se tinha uma coisa que não estava nos planos era viver o fim do mundo.

"Rogers?" A voz dela saiu rouca.

"Hm?" Ele respondeu imediatamente, provando que não estava dormindo.

"Qual o plano?"

Um longo silêncio sobreveio novamente. A voz rouca dele finalmente disse,

"Tentar sobreviver."

[N/A: E foi dada a largada dos dois queridos andando juntos para tentar sobreviver! Comentem! Até breve!]






HELL AND BACK [ROMANOGERS]Onde histórias criam vida. Descubra agora