–Outono de 1994–
Capitulo IV=Saudade e Loucura Andam de Mãos Dadas
Fecho meus olhos com força, sentindo os mesmos lacrimejarem por ter acabado de bocejar; escorando meu queixo na palma de minha mão enquanto termino de ler as últimas páginas de um dos meus livros prediletos: A Colina das Bruxas!! Do autor Marion Zimmer Bradley!
Estou triste, pois além pelo fato de que estou terminando um dos meus livros prediletos, não consigo parar de pensar em Davis... e seu estado naquele dia... Naquele fatídico dia. Já passou-se uma semana desde o ocorrido... Mas, eu ainda vejo em meus sonhos ele totalmente desmembrando e.. s-sangrando... . Respiro fundo tentando controlar minha falta de ar, buscando em alguma área da biblioteca, um conforto, observando a enorme janela fechada que ilumina o cômodo escuro e repleto de livros. Eu gosto do outono.. as árvores ficam bonitas e alaranjadas assim como um pôr-do-sol, e o chão sempre fica repleto dessas mesmas folhas das copas das árvores... . Prefiro os dias nublados... porém, não gosto da chuva, principalmente quando é com trovões...
Não consigo tirar de minha cabeça também, aquela carta idiota... . Quem é o tal insignificância de merda que a pessoa falou naquele papel? Não entendo... . Vadia oportunista? É sério isso? Eu sei que os filhos da puta dessa escola não gostam de mim, mas pra que esse apelido idiota? Se querem falar mal de mim, e me dar apelidos, queria ver eles terem coragem de falar isso em minha cara... São uns medrosos de merda que só sabem falar pelas costas, por que sabem que se batessem de frente comigo, levariam uma surra. Coço meu cabelo, franzindo meu cenho em ódio, ainda tentando raciocinar cada palavras confusas escritas naquele papel idiota que eu fiz questão de amassar e tacar fogo.
Pensando melhor agora... Será que... será que a pessoa estava se referindo a Davis?
Suspiro fundo, folhando a última folha do livro, piscando meus olhos lentamente em sono e tédio; fechando o livro para me inclinar sobre a mesa, e escorar minha cabeça no livro de capa dura... fechando os olhos, apagando..
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— Vou querer o de sempre! Um sanduíche de atum, com aquele suquinho lá de caixinha, que no futuro te dá de presente um câncer raro!!Sorriu largamente, observando Davis arregalar seus olhos escuros gentis e grandes e gargalhar os fechando, mostrando seus dentes brancos e tortos... . Gosto de fazer Davis rir, ele é como um irmãozinho pra mim, apesar de ser dois anos mais velho que eu. Ele estuda em outro turno, nessa mesma escola no terceiro ano do ensino médio. Ele trabalha aqui no refeitório, para conseguir mais dinheiro, já que sua mãe sofre de uma condição genética rara, e o tratamento é super caro...
Minhas bochechas coram em felicidade só de estar com Davis, que de todos dessa escola, é o que mais me entende, e é o meu amigo mais antigo... . Conheço ele desde que tínhamos cinco anos... Sua mãe e a minha são melhores amigas! Davis logo pega meu sanduíche e suquinho de caixinha e me entrega; entregando ao mesmo em seguida, todo o dinheiro que carrego comigo em minha bolsinha, pegando o troco...
— Vai lá, tampinha...— disse sorrindo, voltando a atender os outros alunos, que nos olham com desprezo e vergonha... .— Mas só tome o suco pela metade! Não quero que você desenvolva um câncer raro, Lilow!
Gargalho acenando para o mesmo, começando a andar em direção a saída, para ir comer na biblioteca, parando de andar, assim que vejo várias libras em minha mão... . Espera.. o troco está errado.. ele praticamente me deu todo o dinheiro que dei para ele... . Davis deve estar muito distraído.. . Olho para trás, prestes a chamar pelo mesmo, que no mesmo instante, como se fosse telepata e entendesse o que se passa em minha mente; levou o dedo indicador até seus lábios rosados e piscou pra mim, rindo em seguida... Me ignorando e voltando a atender os clientes...
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Olhar Mortífero
Mystery / ThrillerO que um simples olhar pode causar? Quando misteriosamente começa a receber cartas afirmando de quem quer que ela olhe, ou toque morrerá, Willow Voss, filha da renomada xerife de uma pacata cidade, decide por conta própria desvendar as cartas...