Shadow Garden - Ato 1

O começo do fim

Após a aula fui para a casa do Lucas com ele, como já estava acostumada a sair sempre com ele, eu já deixava algumas roupas no guarda-roupas dele, assim eu não precisava ir até a minha casa só para ser julgada pelo meu pai por estar saindo com um homossexual.

Fui direto para o banheiro para tomar um banho, eu tenho um grande problema com relação ao suor, seja no frio ou calor eu sempre acabava suada, e em situações de nervosismo isso só piorava, não importava o quanto eu tentasse, aquele maldito não saia da minha cabeça em nenhum momento, eu simplesmente não sei nada sobre ele, enquanto que ele parece saber muito sobre mim, isso me deixa com um misto de sentimentos estranho que deixa meu estômago revirado.

Sai do banheiro e logo fui para o quarto de Lucas me trocar, após isso me sentei na cadeira em frente a escrivaninha, comecei a arrumar meu cabelo, não sou uma pessoa muito vaidosa, talvez seja o principal motivo para eu estar solteira, dizem que quanto mais arrumada é uma mulher, mais pretendentes ela vai ter, se bem que eu nunca me importei em ter pretendentes, relacionamentos são complicados e dão dor de cabeça:

- Tá pronta Jullie? Bora logo - Disse Lucas entrando no quarto já arrumado, sim, ele saiu do banheiro praticamente arrumado, se bem que ele é um cara bonito naturalmente, não precisa de muita coisa pra conseguir chamar atenção das pessoas.

Saímos logo em seguida, e como sempre ele me arrastou para um lugar extremamente duvidoso.
Era um galpão antigo próximo da floresta, o local tinham alguns sofás velhos e feeezers levados pelas pessoas que usavam o lugar para festas, parecia ser algo bem reservado já que na entrada fomos abordados por um segurança que só deixou a gente entrar porque o Lucas apresentou um convite.
Eu nunca estive lá antes, estava lotado de pessoas, a maioria estavam se pegando, aquilo estava parecendo mais uma orgia do que uma festa convencional, chegava a dar repulsa, era como se toda a luxúria do mundo estive acumulada naquele local, apesar da música alta ainda era possível escutar os gemidos das mulheres que vinham dos cantos mais escuros, aquilo estava realmente me incomodando, eu queria sair dali, mas eu não queria deixar o Lucas chateado, ele não me levaria pra um lugar desses sabendo como eu sou, ele provavelmente tinha algo ali que poderia acabar sendo divertido pra alguém como eu, então eu apenas me mantive próxima dele segurando sua camisa e o seguindo enquanto ele passava pelas pessoas:

- Sei que o lugar pode parecer estranho no começo, mas te garanto que você vai gostar logo logo, não é tão ruim se você souber aproveitar da maneira correta - Disse Lucas tentando me acalmar com um sorriso no rosto, apesar se confiar nele eu fiquei me perguntando, qual seria essa maneira correta? Tipo, como eu conseguiria aproveitar aquele lugar que mais parecia um puteiro? Para piorar, meu estômago começou a embrulhar, e eu comecei a sentir alguns arrepios na espinha, olhei para todos os lados e felizmente não tinha nem sinal do Kian, mas mesmo assim, algo parecia muito errado.

Lucas então parou no que parecia ser o balcão de um bar improvisado em um dos cantos do galpão, logo ele pediu uma vodka com energético, não sei como ele ainda não teve um ataque cardíaco misturando essas coisas, e para piorar ele bebe como se fosse água e simplesmente não fica porre, as poucas vezes que eu vi ele louco do cu dele foram as vezes que ele dava algum show pra tentar impressionar algum cara, e normalmente funcionava, na realidade, até os caras que se diziam heteros eram atraídos pelo Lucas, aa vezes bate até uma invejinha, tipo, eu bem que queria ser desejada assim as vezes, mas quando penso no assédio enorme que eu sofreria eu prefiro continuar como estou.

Me sentei em um banquinho que parecia que a qualquer momento iria quebrar, e fiquei ali tentando curtir um pouco, porém é meio difícil curtir uma festa quando você não bebe, tipo, todo mundo tá enchendo o cu de cerveja e tudo que é tipo de bebida, e eu apenas olhando e curtindo a vibe do meu copinho de água da torneira.

Lucas logo se soltou e foi para a pista dançar, eu fiquei ali parada apenas olhando, foi quando senti uma mão tocar a minha coxa:

- Oi, você é nova por aqui? Eu não lembro de ter ver antes - Um rapaz se aproximou casualmente e sentou-se ao meu lado como se fôssemos amigos, além de já chegar pondo a mão na minha perna, dei um leve tapinha na mão dele, o suficiente para tirá-la da minha perna e me afastei ficando um banco de distância dele:

- Cara, não tô afim não - Eu já sabia onde essa conversa chegaria, então pulei logo para a parte onde eu dava um fora seco nele pra ver se ele se ligava, o rapaz apenas deu uma leve risada e olhou meu corpo de cima a baixo, logo senti meu estômago embrulhar e um arrepio na espinha, aquele cara parecia transtornado com algo, como se estivesse sob o efeito de alguma droga pesada:

- Qual é gata, vai me destratar na frente de geral mesmo? - Falou levantando-se e vindo em minha direção, eu me levantei e logo comecei a ir em direção ao Lucas, talvez se ele me visse acompanhada por um homem, ele desistisse, porém senti a mão pesada e grande daquele cara segurar meu cabelo e me puxar para trás me jogando com violência contra o balcão:

- Eu não gosto de pessoas mal-educadas... Mulheres deveriam ser mais amáveis sabia?! - Falou o homem claramente alterado enquanto coçava sua cabeça e a apertava como se estivesse com dor, pensei em gritar pedindo ajuda mas o medo simplesmente fez minha voz sumir, eu apenas comecei a chorar enquanto tremia de medo, minhas pernas estavam tão fracas que eu sequer conseguia me levantar:

- Você tá com medo de mim!? Eu não fiz nada! Eu só estava... - Ele falava, cada vez mais alterado e tremendo como se algo estivesse prestes a explodir dentro de seu corpo, foi quando aconteceu...

De sua cabeça, seus olhos começaram a ser esmagados em suas órbitas, sua boca foi completamente esmagada como se algo o estivesse abrindo e dentro para fora, o sangue dele se espalhava enquanto os ossos do seu corpo eram quebrados ficando com aspectos de animais, era como se toda a estrutura corporal dele estivesse sendo refeita naquele instante.

Eu tremia de medo sem conseguir me mover, apenas via aquela cena enquanto o sangue dele escorria manchando minhas roupas, de repente algo bateu na minha cabeça com muita força, e acabei desmaiando.

Ao acordar comecei a gritar e vomitar, meu corpo estava coberto por entranhas, e o chão era uma mistura de sangue e partes de corpos que um dia foram pessoas.
Ao olhar para a frente eu vi, Lucas estraçalhava o outro ser com seus dentes, porém aquele não parecia ser o Lucas que eu conhecia.

Afinal... Quem era o Lucas?

.
.
.
.

Arte conceitual do Lucas (demon)