O lago

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Voltei ao local onde meu irmão e seus amigos estavam, meu coração parecia que ia sair pela minha boca, me sentei rapidamente no mesmo toco próximo da fogueira

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Voltei ao local onde meu irmão e seus amigos estavam, meu coração parecia que ia sair pela minha boca, me sentei rapidamente no mesmo toco próximo da fogueira.
Olhava nervosa para os lados, era como se os olhos daquele cara estivessem me seguindo, um único encontro de poucos segundos com ele foi o suficiente para me deixar apavorada, porém, logo voltei minha atenção para o cara levemente bêbado que vinha em minha direção:

- Não acha que está na hora de parar? Você tá quase caindo - Disse com um tom irônico porém com um leve fundo de preocupação:

- Relaxa Ju, eu tô ótimo! - Sentou-se ao meu lado o rapaz não muito maior que eu, cabelos pretos, pele clara e olhos azuis, era um típico padrãozinho que faria qualquer outra garota começar a suar, e eu nem disse por onde.

- Sei... Você só me chama de Ju quando está bêbado Lucas, quantas cervejas você bebeu? - Lucas é um colega de classe, é o cara mais popular da sala, porém dá fruta que eu gosto esse cara come até o caroço. É um gay assumido que inclusive tem um lance com um cara mais velho da faculdade, ele nunca me deu detalhes sobre e eu também nunca vi o tal garoto pela cidade, não sei se ele inventou a história ou se o outro garoto ainda não saiu do armário, só sei que o Lucas é um dos poucos garotos em quem eu confio, eu diria até que ele é meu melhor amigo:

- 10 ou 20 talvez... Eu parei de contar tem um tempo, mas enfim. Seu irmão continua um tesão né?

- Sai pra lá seu tarado! - Disse dando um leve empurrão em seu braço, ele sempre teve uma quedinha pelo Joshua, chegou até a se declarar uma vez porém levou um fora, meu irmão não é do tipo hetero top e tal então ele sempre tratou o Lucas de forma amigável, as vezes até usando essa paixonite dele para o provocar um pouco:

- Será que ele é bom de cama? Ele tem cara de ser do tipo malvado - Disse Lucas com um tom de voz sexy enquanto olhava fixamente pro Josh, todo mundo sabia desse amor platônico, porém, meio que chegaram num acordo silencioso sobre não tocar no assunto, para não abalar o coraçãozinho do Lucas.

Ignorei aquela fala super nojenta dele e voltei a observar meus arredores, aquela interação boba com o Lucas conseguiu me deixar um pouco tranquila, então eu decidi tentar curtir o resto da noite e esquecer daquele desencontro maldito.

Vi as pessoas se juntando ao redor da fogueira, de repente um deles puxou um baralho de UNO:

- Vamos jogar gente, o vencedor de cada rodada pode dar uma ordem para uma das pessoas do grupo - Um dos garotos deu a ideia e praticamente todo mundo concordou, eu prefiro não participar desse tipo de jogo, principalmente se tratando dessa turma, é quase 100% de certeza que a ordem vai envolver algo sexual ou extremamente idiota, então eu prefiro me abster do que participar.

Joshua, Lucas, Ben e Carol, os 4 participaram da brincadeira, então eu apenas fiquei sentada no meu canto do lado do meu irmão observando aquilo. A primeira rodada chegou ao fim e o vencedor foi um garoto que estuda na mesma escola que eu:

- Benjamim, eu te desafio a beijar a Jullie! - Todos voltaram sua atenção para o meu irmão, normalmente eles apenas me ignoram e não me colocam no meio dessas brincadeiras devido a natureza protetora do Joshua, eu também pensei por um segundo que meu irmão ia esganar aquele garoto porém a reação dele foi bem tranquila:

- Se a Jullie quiser eu não vejo qual o problema, só cuidado com essa sua mão boba Ben - Meu irmão sabia que o Benjamim tem uma queda por mim, ele claramente estava tentando ajudar seu amigo ao mesmo tempo que tentava me juntar com um cara que ele considerava legal:

- Você sabe que não vai rolar Ben - Antes que ele pudesse tentar uma investida eu logo cortei suas esperanças, normalmente um beijinho de nada não seria um problema, mas com o Ben claramente chapado eu tenho certeza que ele não ia querer só um beijinho:

- Vocês ouviram ela, então, sem beijo rapaziada - Disse Ben claramente chateado por perder sua oportunidade, porém ele apenas aceitou, sentado ele esteva e sentado permaneceu.
Uma nova rodada começou, dessa vez a Carol não quis participar, acho que ela bebeu um pouco além da conta, então ela foi até o carro, pegar um remédio ou algo do tipo.

O jogo continuou e como eu suspeitava a maioria dos desafios envolvia algo sexual, quase todos da rodo já haviam beijado ou quase iniciado uma preliminar um com o outro, percebi que a Carol estava demorando então fui atrás dela.

O buraco azul tem uma espécie de porto onde as pessoas costumam ir em passeios com a família, ou pra transar e usar drogas, Carol sempre estacionava seu Camaro azul claro próximo ao porto, ela gostava de ir lá para tomar um ar, normalmente ela é a primeira a dar PT nessas festas e eu acabo tendo que cuidar dela nessas horas, as vezes me pergunto quem de nois duas é a adulta de fato.

Ao me aproximar mais do porto pude enxergar de relance a lanterna do celular dela iluminar seu rosto, ela estava virada de costas para mim sentada em uma cadeira próxima do carro, pensei em assusta-la, então fui me aproximando com passos lentos evitando o máximo possível de barulho, até chegar próxima o suficiente, então dei um pulo na frente dela:

- EU TE PE... - Antes que eu pudesse completar a frase minha boca simplesmente travou, cai no chão incrédula e senti um nó na garganta com a cena que eu vi.

Caroline, estava morta, mas não morta de bêbada, ou morta de sono, ela estava literalmente com uma porra de uma faca cravada em seu peito, sua mão esquerda segurava o cabo da faca e sangue escorria de sua boca, seus olhos pareciam ter sido furados por algo e o sangue escorria pelo seu rosto que era tão belo, seu celular estava deitado em seu colo com a lanterna apontada para cima, foi essa a luz que eu vi.

Eu tentei gritar porém a única coisa que consegui fazer foi por a mão a frente da boca em uma tentativa de engolir o vômito, cada pelo do meu corpo estava arrepiado, eu desabei em lágrimas, comecei a chorar, porém o choque era tão grande que eu não conseguia soltar um som sequer, pela primeira vez na minha vida eu estava chorando em silêncio, caída de joelhos diante daquela cena, a mesma Carol com quem eu tinha conversado há poucos minutos estava ali, com uma faca cravada em seu peito, e o pior de tudo, seus olhos pareciam ter sido furados por algo.

Não demorou muito para Joshua vir me procurar, ao se deparar com a cena meu irmão rapidamente me abraçou e tentou me consolar enquanto ligava para a emergência, em poucos minutos o local estava cheio de policiais, os pais de Carol chegaram uns 20 minutos depois, só para encontrar a filha brutalmente morta.

Meu irmão me colocou dentro do carro, as pessoas da ambulância que vieram remover o corpo me deram alguns calmantes então eu estava quase dormindo, porém, antes de fechar os olhos eu pude ver... Olhando pela janela do carro, em direção a floresta próximo ao jardim do coreto, aquele mesmo garoto estava parado, me encarando fixamente como se soubesse de algo.

Eu não sabia... Mas naquele momento tudo já havia começado.

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Imagem conceitual do porto com o lago:

Imagem conceitual do porto com o lago:

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