Após dizer seu nome eu pude sentir sua mão grande e áspera passar o dedo indicador em meus lábios, eu não sei de onde consegui tirar forças, porém o empurrei novamente escapando de seus braços, tentei me recompor enquanto segurava o choro em minha goela, eu queria gritar mas o medo de irritar aquele maníaco sexual era maior:
- Como você sabe meu nome pra começo de conversa? - Indaguei com um nervosismo quase que palpável em meu tom de voz, eu não lembrava de ter o visto antes da noite passada, e confesso que escutar meu nome saindo daquela boca foi o suficiente para embrulhar meu estômago:
- Você vai saber na hora certa, de todo modo, relaxa, eu não vou fazer nada com você, nada que você não queira é claro - Ele olhava meu corpo de cima a baixo sem pudor algum, era como um caçador analisando sua presa, eu quase podia sentir o seu olhar penetrar a minha pele, era como se não desse para esconder nada dele.
Eu apenas permaneci parada enquanto ele caminhava até o coreto, ao chegar ele limpou um banco de concreto que tinha na parte interna do local e sentou-se, não, o mais correto seria dizer que ele simplesmente se jogou como se fosse o dono do mundo, era como se ele tivesse absolutamente tudo sob seu controle, o nível de autoconfiança daquele cara chegava a ser irritante, e por algum motivo eu sentia que ele tinha motivos para acreditar que absolutamente nada podia ir contra a sua vontade, ou melhor, ninguém podia:
- Vem cá, você não devia estar na escola? Ou queria tanto me ver de novo que veio até aqui só para me procurar? - Disse com um tom extremamente arrogante enquanto fitava cada curva do meu corpo com malícia:
- Seja lá o que você acha que vai rolar, não vai rolar okay? Pode tirar seu cavalinho da chuva, você parece ser do tipo que troca mais de mulher do que de roupa - Consegui me acalmar o suficiente para responder as provocações dele, talvez eu só estivesse sendo paranoica com relação a ele, afinal minha primeira impressão foi péssima:
- Eu nem falei que faria algo com você e já está fantasiando sobre? É como se estivesse implorando para que eu te fizesse sentir o maior prazer da sua vida.
Meu rosto deu uma leve corada, ao mesmo tempo que meu estômago embrulhou com aquela fala que mais parecia ter saído de um livro de dark romance e um dos genéricos ainda por cima, de todo modo tentei me recompor e respondi com um tom sarcástico:
- Eu não acho que 5 minutos seriam o maior prazer da minha vida, esse papo de badboy funciona com todas as garotas? - Péssima escolha de palavras, senti pesar sobre mim seu olhar de desaprovação, era como se seus olhos estivessem atravessando minha pele como agulhas extremamente afiadas, qualquer ponta de tranquilidade que eu havia sentido antes se transformou novamente em medo quando vi aquele titã vir em minha direção e me segurar pelo pescoço, porém não com força suficiente para me machucar, apenas me imobilizando e aproximando seu rosto do meu:
- Você ainda vai implorar para que eu transe com você, vai querer tanto isso que não vai conseguir se conter - Disse enquanto passava sua outra mão pela minha coxa abaixo da saia da escola, após isso me soltou e voltou a sentar-se no mesmo local, naquele momento eu poderia simplesmente ter corrido e voltado para minha casa, mas por algum motivo eu não consegui o fazer, eu ainda tinha muitas dúvidas e sabia que aquele sujeito sabia exatamente o quê havia acontecido com a Carol:
- Você quer que eu diga por que a sua amiga morreu? - Era como se ele pudesse ler os meus pensamentos, como eu já disse, não poderia esconder nada dele:
- Você sabe não sabe, o que aconteceu com ela, não era como se a Carol fosse depressiva ou algo assim, então por que ela tiraria a própria vida?
- Porque pessoas morrem? Sinceramente, o motivo dela podia ser qualquer um, dívidas, arrependimentos, culpa - Ele parecia estar tentando esconder algo, era como se não quisesse me contar a verdade como um todo, e eu estava assustada demais para tentar tirar alguma informação forçada dele:
- Se eu fosse você eu pararia de me meter onde eu não fui chamado, as vezes ser ignorante é uma benção sabia? - Falou com um tom pretensioso, sinceramente aquilo me irritou, eu odeio quando as pessoas tentam me afastar de algo por pensarem que eu não dou conta de encarar a realidade, "você é nova demais para isso", "não é algo que você precise saber", e muitas outras frases do tipo sempre são ditas pelo meu pai, o fato de Kian ter falado aquilo meio que quebrou uma parte do medo que eu estava sentindo, o transformando em raiva:
- Eu nem sei porque eu perdi meu tempo com você, sinceramente... - Dei as costas e comecei a andar para fora da floresta:
- Nos veremos de novo, e da próxima vez espero aproveitar melhor o nosso encontro - Disse mantendo-se no mesmo local, pensei que ele tentaria me impedir ou algo do tipo, mas ele apenas me deixou ir, como se ele tivesse conseguido algo que queria.
Chegando novamente na rua me apressei para a escola, olhei meu celular e eu estava umas 2 horas atrasada, então apertei o passo tentando chegar a tempo pelo menos para a terceira aula do dia.
A academia Hills é a única escola de ensino médio da cidade e fica ao lado da faculdade onde meu irmão estuda, a faculdade Willians é uma escola de renome que sempre formou grandes profissionais nas mais diversas áreas, meu pai inclusive estudou medicina lá.
Passando pela frente me assustei quando vi que estava funcionando normalmente, lembrei que meu irmão havia dito que declararam 3 dias de luto em homenagem a Carol, será que decidiram de última hora funcionar normalmente?De toda forma apressei meu passo, entrei na academia e fui correndo em direção a minha turma, por sorte a velha professora de sociologia é quase cega então ela nem notou que eu havia chegado agora na sala, estou cursando o terceiro ano do ensino médio, por pura burrice já que eu reprovei uma vez, ou seja, já era para eu estar na faculdade, as vezes eu dou um pouco de razão para o meu pai, meu único trabalho é estudar e nem isso eu tenho feito direito nos últimos anos.
A aula passou voando e assim que o sinal tocou peguei minhas coisas e fui correndo para a saída, depois do que havia acontecido mais eu só queria chegar em casa, tomar um banho e me trancar no meu quarto pra tentar esquecer daquele canalha.
Ao sair me deparei com Joshua que estava com Ben encostados na saveiro conversando e rindo de alguma coisa, meu irmão estava arrasado mais cedo pela morte da Carol, então por que ele parecia tão alegre? De toda forma me aproximei deles e logo fui cumprimentando:
- Joshua, você tá melhor? - Falei claramente preocupada com meu irmão, parei ao lado de Ben a quem eu apenas cumprimentei com a cabeça:
- O Josh passou mal ou algo do tipo depois da festa? - Meu pescoço se arrepiou ao escutar aquela voz que era familiar, pensei que era apenas coisa da minha imaginação, porém, ao me virar eu a vi, ela estava em pé na minha frente, Caroline estava lá, viva sem nenhum arranhão em seu corpo.
O que caralhos estava acontecendo?!
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.Lembrando que tudo, inclusive as escolas citadas são fictícias, qualquer semelhança com instituições reais é mera coincidência.
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Shadow Garden - Ato 1
RomanceAs pessoas sentem raiva umas das outras e eu nunca entendi ao certo o motivo para isso, simplesmente por desconhecer algo, sentem medo e repulsa. Eu sou um pouco diferente, acabo sendo atraída pelo desconhecido, e as vezes até me metendo em algumas...