Capítulo 05

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Ross...

É ele!

Era aquilo...

Correndo em minha direção.

Seus passos animalescos, brutais ao serem pisoteados nas folhas secas, quase como lobos em suas épocas de caças, ninguém ouve barulho e muito menos vejam o animal brutal. Na penumbra da floresta, sua presença se confundia com a escuridão, uma figura imponente e sinistra, respirando ofegante, como se compartilhasse do mesmo terror que me consumia.... ou talvez seja ele o motivo do meu medo. A minha agonia, a minha perseguição.

A incerteza do que se aproximava, oculto nas sombras, alimentava meu pavor, um abismo se abrindo em meu estômago, a sensação de que a morte pairava no ar. A sombra se moveu veloz, desaparecendo atrás de uma árvore, seu propósito sinistro velado pela escuridão. E então, rompendo o silêncio da noite, uma voz humana ecoou.

- Ross... - uma voz sussurrou da escuridão, provocando um arrepio pela minha espinha. Desviei o olhar, alerta a cada ruído na floresta, minhas pernas ansiando por correr, mas uma força invisível me prendendo no lugar. - Ross...

Uma figura emergiu das sombras, um homem alto e imponente, com cabelos negros que roçavam o nariz, pele pálida e olhos vazios, fixos em mim com uma expressão perturbadora de reconhecimento. Abri os olhos devagar, tentando clarear minha visão turva, mas o choque ainda ecoava em minha mente, um pânico sufocante que me impedia até de respirar. Inspirei profundamente, tentando acalmar meu tumulto interno, mas a voz persistente continuava a ecoar, sussurrando meu nome de forma desconhecida.
A proximidade da sombra me fez estremecer, seus dedos agarrando meus braços com firmeza, desfocando minha visão e fazendo-me fraquejar. E então, num momento de desespero, deixei-me cair, apenas para ser amparada pelos braços do desconhecido.

- Ross! - o grito cortante ecoou, sua mão apertando meu braço com uma intensidade assustadora. - Inspire profundamente, segure por dois segundos, e solte. Repita. - A voz, embora familiar em algum recôndito da minha mente confusa, comandava meu corpo, ditando um padrão de respiração que eu seguia cegamente. - Relaxe. Estou aqui. Fique calma! - A preocupação em suas palavras, o aperto firme de sua mão transmitindo segurança, apesar do véu de incerteza que encobria minha mente. 

Quem seria ele?

Aos poucos, a consciência se insinuava, o ato de respirar e fechar os olhos me trazendo um alívio momentâneo, mas era a voz que me guiava, que me ancorava à realidade. Não podia acreditar que aquele homem tivesse más intenções.

- Está se sentindo melhor? - a pergunta veio, e ao encará-lo de perto, o reconhecimento finalmente se fez presente em minha mente tumultuada.

Era ele...

O mesmo cara que vi na loja.

O garoto simpático.

Era ele..

Ethan.

Sem os óculos que o deixa nerd demais.

- Sim... estou melhor agora. - Respondi, reunindo minhas forças para recuperar a compostura.

 - O que aconteceu? - Ethan me ergueu, conduzindo-me até a raiz espessa de uma árvore onde me sentei, recostando minhas costas nela. Ele estendeu uma garrafa d'água, aceitei, tomando um gole. 

 - Eu, eu... eu estava correndo e decidi explorar uma rua diferente, algo me intrigou. Encontrei uma casa decadente, me aproximei, e então uma senhora surgiu, proferindo palavras insensatas, alertando sobre a presença do diabo... Ugh. - Seu semblante não denotava surpresa; parecia que Ethan estava ciente do que eu descrevia. Como? - Ela pegou uma pá e avançou na minha direção, exigindo que eu partisse, mas não acredito que sua intenção fosse me ferir. Fugi para a floresta, contudo, uma sensação de perigo persistia, até avistei corvos. – virei a cabeça de lado, um sorriso irônico escapando ao recordar a sinistra simbologia dessas aves em filmes. 

Um Romance Para Uma AutoraOnde histórias criam vida. Descubra agora