Ela nao esperava chegar tão tarde em casa. Sarter Insistiu que ela precisava ser atualizada sobre as fofocas da capital, principalmente agora que era casada e precisaria comparecer a cerimônias com frequência.
Roeu as unhas, nervosa. Já estava escurecendo, ele poderia ficar furioso, ela supôs. Havia feito uma gentileza e ela abusou deste ato, uma dama recém casada chegar a noite, ainda mais desacompanhada do marido, era um escândalo, especialmente uma mulher da fama que ela possuía.
. Notou que Sullivan apenas encarava seu pequeno surto em silêncio. Normalmente pararia de roer no mesmo instante, mas estava tão nervosa que mal conseguia.
Assim que o cocheiro abriu a porta, nem esperou que Sullivan descesse para dar apoio, Saiu em um salto, recebendo olhares surpresos e confusos dos empregados. Estava com tanta pressa que tropeçou nas escadarias ao subir e só notou que doía quando já estava abrindo a porta, antes o mordomo tivesse a chance.
A primeira coisa que fez foi perguntar ao homem onde estava seu marido, quando recebeu a resposta, correu para o escritório, sentindo a tensão em seu corpo. Havia conseguido estragar tudo com dois dias de casamento, qualquer confiança que houvesse.—ou ainda pudesse ser construída eventualmente.—Havia sido quebrada.
Sabia que era difícil mudar uma primeira impressão que ele tivesse tido sobre si, mas possivelmente era ainda pior quando ela conseguia fazer com que todas as seguintes fossem igualmente ruins.
Quando chegou em frente ao local, bateu na porta, escutando a voz grave dizer "Entre". Sentia o corpo tremer de ansiedade. Abriu lentamente, vendo-o sentado em frente a uma mesa cheia de papeladas, nunca havia estado no local, era repleto de livros. Mas estranhamente o ambiente lhe dava medo.
Ou talvez fossem os olhos dele.
Caminhou até o meio da sala com a cabeça baixa, esperou que algo fosse dito, mas o silêncio permaneceu, sentia que a encarava, mas não ousava a subir o olhar. Uma parte de si preferia que ele explodisse consigo do que ficasse naquele silêncio ensurdecedor. Ela suspirou, sem coragem para abrir a boca.—duvidava que houvesse alguma voz.
—Você demorou, esposa.— aquelas únicas três palavras fizeram com que ela quisesse chorar, mas se lembrou da fala de sua mãe. Homens odeiam mulheres barulhentas.
Sabia que uma dama.—especialmente recém-casada, chegar em casa após sair sem o marido, no escuro era algo terrível. O tipo de situação que vinha com um castigo severo, considerado algo extremamente ofensivo, repulsivo e desrespeitoso.
—Eu sinto muito.—disse, olhando os próprios pés, sua mão foi até a boca sem que sequer notasse, suas unhas eram tão curtas que não havia onde seus dentes prenderem, fazendo com que mordesse a pele, no passado, sempre que sua mãe via, mandava uma empregada trazer um copo com limão e sal e a forçava a colocar os dedos, como castigo.
Ele se levantou, caminhando pela sala, Lienevra fechou os olhos, apreensiva por um possível tapa ou algo do gênero—não seria incomum em um casamento.— Uma lágrima escorreu sozinha por sua bochecha. Sua vontade era sair correndo, ele era alto e forte.
Soltou um grunhido assustado quando a mão enorme dele agarrou seu pulso, por instinto tentou se afastar, mas a mão dele pareceu nem sentir seu esforço.
— Seus dedos estão sangrando. —disse, com as sobrancelhas retas.—peça para que alguma empregada cuide disso. —soltou sua mão, fazendo com que caísse e caminhou até a porta.— E evite chegar tarde, diante do cenário atual, seria trágico se algo lhe acontecesse.— notou que ele se referia ao assassino misterioso a solta, ele tinha razão, a noite era perigosa.
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Contraste Em Relevo.
RomanceQuando Lie é retirada do convento devido a um casamento arranjado por seus pais para evitar a falência, ela não poderia imaginar que seu marido seria o enigmático Athan Lémieux, um novo rico cuja ascensão inexplicável intriga a todos. Os problemas s...